66ª Reunião Anual da SBPC |
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o): SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Morfologia e Taxonomia Vegetal |
GÊNERO Surirella TURPIN (Surirellaceae, Bacillariophyta) NO BAIXO RIO TAPAJÓS (SANTARÉM, AMAZÔNIA, BRASIL): FLORA, DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E HORIZONTAL. |
Raieli Carvalho Rêgo - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA Elcimara Cardoso Pereira - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA Sérgio Melo - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA Andreia Cavalcante Pereira - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA |
INTRODUÇÃO: |
A região amazônica possui uma grande variedade e quantidade de ecossistemas aquáticos que apresentam características bem representativas de rios dessa região, dentre essas características cita-se principalmente a diferença na coloração das águas e também a ocorrência do fenômeno natural denominado pulso de inundação. O rio Tapajós é um dos principais cursos d’água do município de Santarém e está à margem direita do rio Amazonas. É um sistema de águas claras, caracterizado pela transparência elevada, com reduzidos valores de condutividade elétrica, pH variando de 4,5 a 7 assumindo condições intermediárias entre as águas brancas e pretas, tais características favorecem o desenvolvimento de determinados grupos de algas, como as diatomáceas, em especial as do gênero Surirella Turpin. Surirella é uma diatomácea de hábito bentônico, com espécies de ampla distribuição geográfica, possui cerca de 156 táxons infragenéricos aceitos atualmente. Associado a outros fatores este gênero pode ser utilizado como bioindicador de qualidade ambiental. Levando-se em consideração os poucos estudos para este gênero na região, faz-se necessária a realização de trabalhos que visem ampliar o conhecimento sobre este gênero de algas em ambientes como o rio Tapajós. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Este trabalho teve por objetivo realizar o levantamento florístico do gênero Surirella Turpin (Surirellaceae, Bacillariophyta), bem como verificar a distribuição sazonal e horizontal da riqueza e composição em dois períodos do ciclo hidrológico em um rio de inundação de águas claras, rio Tapajós, Santarém, Brasil. |
MÉTODOS: |
As amostras foram obtidas com rede de plâncton de malha de 25µm, através de arrasto vertical e horizontal em quatro estações de coletas situados no baixo rio Tapajós, em dois períodos do ciclo hidrológico abrangendo águas baixas (outubro, novembro e dezembro) e águas altas (março, abril e maio), totalizando 24 amostras. No laboratório, para a análise das espécies, as amostras foram submetidas à oxidação, para eliminação da matéria orgânica e montagem de lâminas permanentes. A análise do material foi efetuada em microscópio óptico e as espécies encontradas foram fotografadas. Foi calculado com base na presença e ausência dos táxons nas amostras, o índice de constância através da equação C = (p x 100)/P, onde; p é o número de coletas contendo a espécie, P é o número total de coletas, e C > 70 representam espécies constantes; 30 < C < 70 representam espécies freqüentes; 10 < C < 30 representam espécies esporádicas; C < 10 representam espécies raras. A identificação das espécies de Surirella foi baseada nas características morfológicas e morfométricas da frústula, utilizando obras básicas e trabalhos publicados em periódicos como Diatom Research, Bibliotheca Diatomologica e Iconographia Diatomologica. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
O levantamento taxonômico do gênero Surirella Turpin no baixo rio Tapajós revelou a presença de 15 espécies, sendo estas: Surirella braunii Hustedt, S. grossestriata Hustedt, S. grunowii A. Schmidt, S. guatimalensis Ehrenberg, S. kittonii A. Schmidt, S. linearis var. constricta Grunow, S. linearis var. elliptica O.F.Müller, S. robusta Ehrenberg, S. sp. 1, S. sp. 2, S. sp. 3, S. sp. 4, S. sp. 5, S. sp. 6 e S. splendidoides Hustedt. O período de águas baixas apresentou maior composição florística estando constituída por 13 espécies, enquanto que o período de águas altas apresentou em sua composição de riqueza 10 espécies, o que corrobora com trabalhos realizados na bacia amazônica que apresentam resultados semelhantes. Analisando os resultados das quatro estações, verificou-se que durante o período de aguas baixas a maior riqueza de Surirella é encontrada nas estações 1 e 2, com constituição de 8 e 11 espécies, respectivamente. Enquanto que as estações 3 e 4 neste período, apresentaram menor riqueza de espécies, sendo 4 e 5 táxons identificados na amostragem. O inverso pôde ser observado quando analisado a composição taxonômica por estação no período de águas altas, as estações 3 e 4 apresentaram maior riqueza. A estação 1 apresentou 6 espécies; Estação 2 apresentou 1 espécie; Estação 3 apresentou 8 espécies; Estação 4 apresentou 7 espécies. Por meio do cálculo do índice de constância verificou-se a maior ocorrência de espécies raras e esporádicas, correspondendo cada uma destas a 40% dos táxons totais. Três espécies apresentaram-se frequentes na amostragem (20%) e não houve a ocorrência de nenhum táxon constante. |
CONCLUSÕES: |
O levantamento florístico do gênero Surirella Turpin na região do baixo rio Tapajós demonstra que as espécies apresentam variações tanto sazonais quanto horizontais ao longo do rio, podendo elas ser influenciadas principalmente pelo pulso de inundação, bem como pelas características das estações amostradas. Poucos são os estudos taxonômicos de diatomáceas para região, dessa forma este trabalho tem grande importância, já que a maioria das espécies nele encontradas podem ser consideradas como primeiras citações para a bacia do rio Tapajós, o que amplia o conhecimento sobre o gênero para a região e dá subsidio para posteriores pesquisas sobre o mesmo. |
Palavras-chave: Diatomáceas, Surirella, Região Amazônica. |