66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 1. Zoologia
AÇÃO DO EXTRATO AQUOSO DE Allamanda cathartica L. (APOCYNACEA) SOBRE INDIVÍDUOS DE Subulina octona (BRUGUIERE, 1789) EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO.
Ingrid Santos - Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:
Subulina octona é um gastrópode terrestre conhecido por ser hospedeiro intermediário nos ciclos de vários parasitos e em altas densidades populacionais podem apresentar impactos econômicos consideráveis por serem pragas de horta. A busca de substitutos para moluscicidas sintéticos é grande e a ciência encontra nas plantas uma alternativa de interesse econômico e ecológico bastante promissor. Visando solucionar este problema os pesquisadores atualmente veem desenvolvendo moluscicidas naturais que são feitos através de extrato de plantas. A Allamanda cathartica L., (Apocynacea) é muito citada na literatura como sendo uma planta tóxica e muito utilizada na ornamentação de casas, além de terem alguns trabalhos testando seu potencial moluscicida.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do trabalho foi verificar a ação do extrato aquoso das folhas de Allamanda cathartica em indivíduos adultos de Subulina octona em condições de laboratório sobre o comportamento e a sobrevivência dos animais.
MÉTODOS:
Foram utilizados 120 moluscos oriundos de hortas do município de Tefé-AM, os quais foram levados para o laboratório de Biologia do CEST-UEA e acondicionados em potes contendo terra vegetal, umedecida com água e alimentados com hortaliças em um período de 48 horas para aclimatização no laboratório. Coletou-se 50 gramas de folhas de Allamanda cathartica na região de Tefé as quais foram lavadas e para a obtenção da solução aquosa as folhas foram imersas em 500 ml de água de torneira e mantidas em maceração estática por 48h a temperatura ambiente. Os moluscos, em jejum prévio de 24 horas, foram distribuídos em três grupos tratados e um grupo controle com três repetições cada um (10 animais por grupo experimental). Para a realização do teste, os animais dos grupos tratados ficaram em recipientes de polietileno com 10 cm de diâmetro e 5,5 cm de profundidade e a seguir colocados em contato com 10 ml das diferentes concentrações do extrato vegetal (1:10, 1:100 e 1:1000). O grupo controle foi mantido em contato com água de torneira. A observação do efeito do extrato foi feita no momento após o contato, 24, 48 e 72 horas após.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nos testes com o extrato aquoso de A. cathartica, foi verificado que a mortalidade em animais adultos atingiu 100% para as duas maiores concentrações (1:10, 1:100) nas primeiras 24 horas após o contato. Já na menor concentração (1:1000) foi verificado que apenas 3,3% dos indivíduos morreram nas primeiras 24 horas após o contato. Nas 48 horas seguintes foi registrado que 3,4% dos espécimes morreram e após 72 horas foi verificada a mortalidade de 14,28%. No grupo controle observou-se 11,1% de mortalidade também 24 horas após e se manteve sem alterações até o final das observações. Os animais dos grupos tratados no momento do contato com o extrato apresentaram comportamentos, como por exemplo, deslocamento horizontal, deslocamento vertical, agregação, exteriorização da massa cefalopodal, liberação de muco e defecação indicando que a substância é irritante e repelente. Para o grupo controle apenas dois animais defecaram e não observou-se deslocamento vertical. Para as duas maiores concentrações o extrato aquoso de A. cathartica apresentou grande eficácia moluscicida como Nascimento et al. (2006) já havia verificado. Na menor concentração do extrato aquoso apresentou apenas ação repelente devido ao fato dos animais apresentarem-se ativos em período diurno que, de acordo com JUNQUEIRA et al. (2003), é horário típico de repouso.
CONCLUSÕES:
No presente estudo, o extrato aquoso de A. cathartica exibiu efeito irritante no momento da exposição e efeito letal nas maiores concentrações 24 horas após o contato. Mesmo em diferentes concentrações o extrato se mostrou um moluscicida bastante promissor e se torna uma alternativa de interesse econômico e ecológico. A partir destes resultados satisfatórios em laboratório podem-se fazer novos testes em outras espécies que são consideradas pragas de hortas e hospedeiras intermediárias de helmintos e confirmando os resultados verificar uma metodologia para ser testada em campo.
Palavras-chave: Subulina octona, Moluscicidas, Allamanda cathartica.