66ª Reunião Anual da SBPC |
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o): SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA |
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 1. Fisiologia |
A SUPLEMENTAÇÃO COM GLUTAMINA INDUZ DANO OXIDATIVO EM CAMUNDONGOS QUE REALIZARAM TREINAMENTO AERÓBIO DE INTENSIDADE MODERADA |
Analú Bender dos Santos - Curso de Educação Fisica / Unijuí – Bolsista PROBIC/FAPERGS - GPeF Eloisa Gabriela de Pelegrin Basso - Curso de Ciências Biológicas / Unijuí – Bolsista PIBIC/UNIJUÍ - GPeF Pauline Brendler Goettems Fiorin - Mestranda do PPG Ciências da Saúde – UFCSPA - GPeF Mirna Stela Ludwig - Co-Orientadora - Depto. Ciências da Vida. UNIJUI, Ijuí, RS - GPeF Thiago Gomes Heck - Orientador - Depto. Ciências da Vida. UNIJUI, Ijuí, RS - GPeF |
INTRODUÇÃO: |
A suplementação com L-glutamina é uma prática comum entre atletas e frequentadores de academias para a melhora do desempenho. Este aminoácido é utilizado por diferentes tecidos para a síntese de glutationa reduzida (GSH) (CRUZAT et al, 2009), principal antioxidante celular não enzimático. No entanto, mesmo o músculo esquelético em atividade liberando glutamina (Gln) para a circulação, algumas situações de estresse ao organismo como exercícios exaustivos são capazes de diminuir seus níveis plasmáticos comprometendo a resposta imune. Neste sentido, a suplementação de glutamina possui potencial na recuperação do estresse metabólico prevenindo o desenvolvimento de um quadro pró-inflamatório. No entanto, a necessidade de suplementação pode ser dependente da intensidade do exercício, onde a suplementação em intensidades moderadas pode trazer prejuízo à saúde. Como não está clara a necessidade de suplementação com glutamina em demandas mais brandas, como o exercício moderado, torna-se pertinente avaliar o efeito da glutamina em marcadores de estresse oxidativo no caso da realização de treinamento aeróbico de intensidade moderada. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Este trabalho visa identificar a implicação da suplementação com glutamina sobre o metabolismo e o perfil oxidativo tecidual em resposta ao exercício físico aeróbio moderado. |
MÉTODOS: |
14 camundongos Swiss (13 sem, peso 36,9+2,8g) foram adaptados por 3 dias com 100µL de PBS (pH 7,4) (v.o.) e 1h depois submetidos a natação por 10min. Os animais não foram manipulados por 72h e então divididos em GRUPOS: C (sedentário PBS, n=3); T (treinado PBS, n=3); G (sedentário Gln, n=4); TG (treinado Gln, n=4). TREINAMENTO: Aeróbico de intensidade moderada com carga inicial de 2% de seu peso corporal na 1° semana e de 4% a partir da semana 2. Iniciando em 20 min, aumentando 10min por semana até alcançar 60min em tanques (13x14x30cm) com água (30+1oC) a 20cm de profundidade. Os grupos C e G foram mantidos em tanque com 2cm de água. SUPLEMENTAÇÃO: Os grupos G e TG receberam L-glutamina (1g/Kg) v.o. (100µL/10g) diariamente, 1 hora antes da sessão de exercício. Os animais dos grupos C e T receberam PBS (pH 7,4). PERFIL GLICÊMICO: Glicemia de jejum e Teste de Tolerância a Glicose (GTT) (glicose 1g/kg, i.p.), na semana 3 e 6 tratamento. ADIPOSIDADE: calculada a relação (%) do peso do tecido/peso corporal. LIPOPEROXIDAÇÃO: Os tecidos adiposo branco, fígado, pâncreas e gastrocnêmio foram avaliados pelo teste de substâncias reagentes ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) a 535nm. ESTATÍSTICA: Os resultados estão expressos em médias+DP. ANOVA, post-hoc de SNK, p<0,05. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Não houve modificações na glicemia (p=0,705) mas na 3a semana houve uma melhora na resposta ao GTT no grupo glutamina exercício (GE), tanto na área sob a curva (AUC, mg.min/dL) (C=24230+2997; E=19735+5339; G=20632+1662; GE=15292+3605, p=0,012) quanto na área incremental sob a curva (IAUC) (C=7850+3038; E=8340+2328; G=6247+760; GE=3127+1798, p=0,005). Na 6a semana, o grupo exercício (E) e o glutamina (G) melhoraram a resposta ao GTT na IAUC (ET0=8465+89; ET30=830+2328; ET60=3835+1778, p= 0,029) e (GT0=6798+760; GT30=6247+1963; GT60=4072+976, p=0,041). O exercício reduziu a adiposidade (C=1,17+0,22; E=0,66+0,13; G=1,2+0,49; GE=0,62+0,16; p=0,047). Não houve alterações na lipoperoxidação dos tecidos (nmol MDA/mg proteína) adiposo branco (p= 0,657) e hepático (p=0,706). Porém, nos animais submetidos ao exercício e suplementados com glutamina houve aumento da lipoperoxidação no músculo gastrocnêmio (C=0,88+0,14; E=1,11+0,18; G=1,02+0,17; GE=1,28+0,17, p<0,05). O exercício pode aumentar a produção e liberação de glutamina pela musculatura, assim a suplementação com glutamina e sua utilização como intermediário metabólico produzindo NH 4+ superior a capacidade de remoção, pode ter gerado desequilíbrio na homeostase muscular, aumentado a lipoperoxidação muscular. |
CONCLUSÕES: |
A suplementação com L-glutamina, o exercício, ou ambos foram capazes de melhorar a resposta ao GTT na terceira e/ou na sexta semana de tratamento. No entanto, a suplementação deste aminoácido concomitantemente ao exercício propiciou um aumentou na lipoperoxidação no tecido muscular. Este estudo pode ser entendido como um indicativo de que em exercícios aeróbicos moderados não há necessidade de suplementação com glutamina, podendo trazer inclusive prejuízos à saúde. Sendo assim são necessários mais estudos para verificar a segurança da suplementação com este aminoácido e para melhor entender sua relação com o metabolismo oxidativo. |
Palavras-chave: Exercício Aeróbio Moderado, Dano Oxidativo, Glutamina. |