66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
ABBM - Associação Brasileira de Biologia Marinha
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca
ANÁLISE DO ESFORÇO DE PESCA E DA CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE) DOS PESCADORES DE CANOAS MOTORIZADA DE PARINTINS, AMAZONAS, BRASIL.
Cristiane da Silva e Silva - IFAM Campus Parintins
Renato Soares Cardoso - Orientador/IFAM Campus Manaus Zona Leste
INTRODUÇÃO:
Pescadores comerciais que utilizam canoas motorizada para a sua atividade tendem a ser mais especializados em suas capturas uma vez que explotam com maior frequência os lagos (CARDOSO e FREITAS, 2008), que são habitats preferenciais das espécies de maior valor comercial no Amazonas como tambaqui Colossoma macropomum, pirarucu Arapaima gigas e tucunaré Cichla spp (SANTOS e SANTOS, 2005).
Embora a pesca efetuada em barcos seja a principal responsável pelo abastecimento dos grandes centros urbanos da Amazônia, em termos de produção (BITTENCOURT e COX-FERNANDES, 1990), a pesca em canoas motorizada tem aumentado sua participação nos desembarques nesses municípios. Na região do rio Madeira a produção das canoas representou 30% dos desembarques do ano de 2002 (CARDOSO e FREITAS, 2008), em Santarém, foi responsável por 40% dos desembarques de 2003 (ISAAC et al., 2008), e na Amazônia Central alcançou valores de até 22% de todo o pescado comercializado em 2002 (GONÇALVES e BATISTA, 2008).
Em decorrência à crescente importância dos pescadores de canoas para o abastecimento de pescado nos municípios, este trabalho teve como objetivo analisar o esforço de pesca e a Captura por Unidade de Esforço dos pescadores em canoas motorizadas na região do Baixo rio Amazonas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar o Esforço de Pesca e a Captura por Unidade de Esforço (CPUE) dos pescadores que utilizam canoas motorizada na região do Baixo rio Amazonas, tendo como área focal o município de Parintins.
MÉTODOS:
Área de Estudo
O município de Parintins, localizado na microrregião do Baixo rio Amazonas, possui uma população estimada em mais de 100 mil habitantes, distribuídos em 5.952,37 km2 de extensão (IBGE, 2012), sendo o principal porto de desembarque desta microrregião, com produção que alcançou 724,3 toneladas em 2004 (PROVÁRZEA, 2007).
Coleta de Dados
Dados foram coletados de março a dezembro de 2011 junto aos pescadores de canoas motorizada, com o auxílio de questionário estruturado, no momento do desembarque e comercialização, na sede do município. O questionário continha informações do número de pescadores, duração da pescaria, espécies e quantidades capturadas, dentre outras.
Análise dos Dados
Os dados foram armazenados em planilha eletrônica, e submetidos à estatística descritiva, para cálculo de frequência de ocorrência, média e desvio padrão (±) (BEIGUELMAN, 2002), com o auxílio do pacote estatístico R (R CORE TEAM, 2011).
Esforço de Pesca (f) e Captura por Unidade de Esforço (CPUE)
O Esforço de Pesca foi obtido multiplicando o número de pescadores que participaram da expedição de pesca pelo número de dias que durou a pescaria (PETRERE JR., 1978). Os valores da CPUE foram obtidos pela divisão da quantidade de pescado capturada (em kg) pelo esforço de pesca.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pesca
Foram acompanhadas 168 expedições de pesca, com um volume desembarcado de 30.235,5 kg de pescado, com média de 178,9 (± 171,0) kg por pescaria, sendo os meses de vazante/seca (julho a novembro) os mais produtivos. Em média, as expedições foram efetuadas por 2,8 (± 1,9) pescadores, que duraram 4,2 (±1,0) dias. O resultado apresentado neste trabalho demonstrou que o número de pescadores por expedição de pesca é similar aos valores encontrados em outras partes da região amazônica (CARDOSO e FREITAS, 2008; GONÇALVES e BATISTA, 2008).
Esforço de Pesca e Captura por Unidade de Esforço
O valor do esforço de pesca variou durante o período, sendo maior nos meses de novembro (18,9 ± 19,1 pescador*dia de pesca) e dezembro (16,3 ± 13,3 pescador*dia de pesca). A CPUE foi maior em outubro (19,1 ± 6,7 kg/pescador*dia de pesca) e dezembro (18,4 ± 7,9 kg/pescador*dia de pesca) na vazante/seca e menor em março (10,2 ± 3,9 kg/pescador*dias de pesca) e abril (10,4 ± 4,8 kg/pescador*dias de pesca), na enchente/cheia. O Esforço e a CPUE apresentaram padrões diferenciados, uma vez que os pescadores aumentaram o esforço produzindo maiores CPUEs (novembro e dezembro), entretanto de agosto a outubro, quando o esforço foi menor, foram produzidos maiores valores de CPUE.
CONCLUSÕES:
Os resultados apresentados no trabalho demonstraram que: (i) os pescadores de canoas motorizada do município de Parintins foram responsáveis por boa parte do pescado desembarcado para o abastecimento humano local; e que (ii) os mesmos são extremamente conhecedores da ecologia da migração das espécies de peixes amazônicas, uma vez que quando o nível do rio Amazonas começa a subir, e as espécies iniciam a dispersão nas áreas alagadas (várzea), os mesmos aumentam o esforço de pesca para que a quantidade de pescado capturada por expedição de pesca seja mantida, e diminuem o esforço de pesca na época da vazante/seca durante a migração, quando as capturas são mais facilitadas devido à concentração dos cardumes na calha principal do rio Amazonas.
Palavras-chave: Pesca interior, Dinâmica da pesca, Amazônia.