66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DE ARACEAE NO FRAGMENTO FLORESTAL SECUNDÁRIO DO PARQUE ZOOBOTÂNICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE EM RIO BRANCO, ACRE.
Denise Freire do Nascimento - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/INPA-ACRE
Sanna de Araújo Ferreira Costa - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/INPA-ACRE
Izailene Monteiro Saar - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
Antonio Ferreira de Lima - INPA-ACRE/Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
Marcial Souza Carvalho - INPA-ACRE/Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
INTRODUÇÃO:
Araceae é constituída por 105 gêneros e cerca de 3.300 espécies, dos quais 35 gêneros e aproximadamente 400 espécies ocorrem no Brasil, especialmente em regiões tropicais úmidas. São plantas herbáceas terrestres, escandentes, epífitas e aquáticas. Suas folhas são morfologicamente muito variáveis e as inflorescências espádices simples protegidos por uma bráctea.
O fragmento florestal do Parque Zoobotânico (PZ), em Rio Branco, é um mosaico de florestas secundárias em diferentes estádios de regeneração, com e sem a presença de bambu (Guadua spp.) dominante no subosque. O bambu promove alterações na estrutura florestal e afeta negativamente a riqueza florística, especialmente a arbórea, alterando a luminosidade e umidade no interior da floresta.
Nessas condições, se supõe que a diversidade e a abundância de Araceae são influenciadas pela maior ou menor presença de bambu. Além disso, o fragmento florestal do PZ é isolado e sujeito a condições externas adversas que, em conjunto com a presença do bambu, causam modificações ambientais físicas e ecológicas. Estudar a diversidade e a abundância de Araceae nessas condições ambientais é, portanto, importante para entender o comportamento da família visando o desenvolvimento de estratégias de conservação adequadas para a mesma.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a diversidade e a abundância da família Araceae em diferentes partes do fragmento florestal secundário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre e tentar relacionar a maior ou menor diversidade e abundância com a presença de bambu (Guadua spp.) dominante no subosque do referido fragmento florestal.
MÉTODOS:
O trabalho foi realizado no PZ, que possui uma cobertura florestal de aproximadamente 100 hectares e está localizado ao lado Campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), no limite do perímetro urbano da cidade de Rio Branco, Acre (10º02'11"S; 67º47'43"W; altitude: 152 m). Para a coleta dos dados foram instalados seis transectos medindo 2 m de largura por 250 m de comprimento, perfazendo uma área amostral total de 3.000 m², sendo dois transectos em área de floresta sem bambu dominante no subosque, dois com presença moderada de bambu e dois com alta densidade de bambu. Em cada transecto foram contados e medidos, com auxílio de trena métrica, todos os indivíduos – incluindo as regenerações – de Araceae. Para auxiliar no processo de identificação das espécies, a maioria das plantas foi fotografada. Amostras de plantas férteis foram colhidas, processadas e depositadas na coleção do Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (UFACPZ). Os dados foram anotados em fichas de campo, tabulados e avaliados no programa Microsoft Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram encontrados 121 indivíduos e identificadas oito espécies de Araceae: Anthurium oxycarpum, Anthurium sagittatum, Dieffenbachia humilis, Epipremnum pinnatum, Monstera dubia, Philodendron camposportoanum, Philodendron quinquelobum, Syngonium yurimaguense. Uma espécie de Caladium, uma de Dracontium e duas de Philodendron ainda não foram identificadas. Considerando o tamanho do fragmento florestal do PZ, a diversidade de Araceae encontrada pode ser considerada baixa.
A abundância de Araceae em todas as parcelas avaliadas foi equivalente a 403,33 ind./ha. A área com maior abundância e diversidade de Araceae foi a que apresentava densidade moderada de bambu, com 600 ind./ha e oito espécies, espectivamente. Na área com alta densidade de bambu foram encontrados 430 ind./ha e três espécies e na área sem bambu foram encontrados 180 ind./ha e identificadas três espécies de Araceae.
Sabe-se que a distribuição, diversidade e a abundância de Araceae em florestas primárias dependem de vários fatores, com destaque para a estrutura dos forófitos, complexidade da estrutura florestal e fatores microclimáticos, com destaque para os níveis de umidade e luz. No presente estudo, realizado em floresta secundária com cerca de 30 anos, é possível que os fatores descritos acima não sejam determinantes e, de alguma forma, a presença do bambu esteja desempenhando um papel mais importante.
Nesse contexto, é importante ressaltar que embora as florestas com bambu apresentem menor número de indivíduos arbóreos (forófitos potenciais), é possível que os mesmos apresentem porte e complexidade maior do que similares encontrados em florestas sem bambu de idade equivalente. A presença do bambu também permite uma maior penetração da luz, o que favorece a germinação e o desenvolvimento vegetativo de semente e plântulas do extrato inferior da floresta, onde as Araceae são mais frequentes.
CONCLUSÕES:
Áreas de florestas secundárias com moderada ou elevada densidade de bambu apresentaram maior abundância e diversidade equivalente ou superior de Araceae quando comparadas com áreas sem bambu.
É possível que a maior luminosidade que chega ao extrato inferior dessas tipologias florestais favoreçam a maior abundância de Araceae, especialmente aquelas que germinam no solo e posteriormente se instalam na parte inferior do tronco dos forófitos.
Palavras-chave: Amazônia, Inventário, Epífitas.