66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 1. Bioquímica
Efeito do Ácido Gálico na enzima Catalase em fígado de ratos diabéticos
Lizielle Souza de Oliveira - Universidade Federal de Santa Maria
Gustavo Roberto Thomé - Universidade Federal de Santa Maria
Vera Maria Morsch - Universidade Federal de Santa Maria
Maria Rosa Chitolina Schetinge - Universidade Federal de Santa Maria
INTRODUÇÃO:
O diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica crônica que afeta cerca de 250 milhões de pessoas,sendo considerado um dos principais problemas de saúde pública. A hiperglicemia é a sua principal caracteristica e pode resultar de uma deficiência absoluta ou relativa na ação ou secreção de insulina (KIM et al., 2006). Para a indução do modelo experimental de DM em animais, a estreptozotocina (STZ) é amplamente utilizada. A STZ causa alterações semelhantes às observadas em pacientes com esta doença, como por exemplo, o aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs)(HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1985). Em condições fisiológicas o organismo combate a produção de radicais livres pelo sistema de defesa antioxidante enzimático e/ou não enzimático (VALKO et al., 2007), minimizando os danos teciduais. A Catalase, a qual é uma enzima do sistema de defesa antioxidante, degrada o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio, protegendo o tecido do estresse oxidativo. Logo, sua atividade pode estar diminuída com a progressão do DM (YAMAGISHI et al.,2005). O uso de inibidores de radicais livres tais como compostos antioxidantes. Neste contexto, podemos citar o Ácido gálico (ácido 3,4,5-trihidroxibenzóico), o qual é um composto natural, com potente capacidade antioxidante (KIM, 2007).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo tem como objetivo avaliar os efeitos do ácido gálico sobre a atividade da enzima catalase no fígado de ratos diabéticos induzidos com estreptozotocina.
MÉTODOS:
Neste experimento foram utilizados 20 ratos Wistar machos, com aproximadamente 90 dias e peso médio de 200 g. Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos (n=5): Grupo I, controle; Grupo II, AG 30 mg/kg; Grupo III, diabético induzido com estreptozotocina (DIS); Grupo IV, DIS tratado com AG 30 mg/kg. O período de tratamento foi de 21 dias e as administrações foram realizadas via gavagem. Os animais foram mantidos em um ciclo de 12 horas claro/escuro e tiveram livre acesso à comida e água. Após o período de tratamento, os ratos foram anestesiados com halotano e submetidos à eutanásia. O fígado foi e homogeneizado em Tris-HCl 50 mM pH 7,4 (1/10, m/v), centrifugado e o sobrenadante utilizado para o ensaio. A análise da atividade da catalase foi realizada segundo o método de Nelson and Kiesow (1972).
Os dados estatísticos foram submetidos à análise de variância (One-way ANOVA), seguida pelo teste de Tunkey onde P<0,05 foi considerado para representar uma diferença significativa entre os grupos. Todos os dados foram expressos como média±S.E.M.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os níveis de glicose sanguínea no início e no final do tratamento entre os grupos controles não apresentaram diferenças estatísticas (P<0,05). No final do tratamento os animais do grupo Diabético/salina tiveram um aumento significativo na glicemia quando comparado ao inicio do tratamento e com os demais grupos (P<0,05). Ao comparar o peso dos animais no inicio do tratamento, pode-se observar que não possuem diferenças estatísticas, no entanto, ao final do tratamento os animais Diabético/salina tiveram um decréscimo significativo no peso corporal quando comparado ao inicio do tratamento e aos demais grupos (P<0,05).
A atividade da enzima catalase no fígado de ratos do grupo II (0,8406±0,1029) não apresentou diferença significativa quando comparado ao grupo I (0,9487±0,06228) (P<0,05). Já a atividade da catalase no grupo III (0,3790±0,07218) teve um decréscimo significativo quando comparado ao grupo I (0,9487±0,06228) (P<0,05). Segundo YamagishI et al. (2005) uma das complicações diabéticas é o aumento na produção de espécies reativas de oxigênio, este dano é devido ao efeito diabetogênico da estreptozotocina.
A atividade da catalase no grupo IV (0,9883±0,06101) não apresentou diferença significativa quando comparado ao grupo I (0,9487±0,06228) (P<0,05). No entanto, quando o grupo IV (1,002±0,2275) foi comparado ao grupo III (0,3790±0,07218) (P<0,05), apresentou um aumento significativo. O ácido gálico possui uma potente capacidade de remover EROs como o superóxido, peróxido de hidrogênio e radicais hidroxila (HANSI E STANLEY, 2009; KIM, 2007; POLEWSKI et al., 2002). Em vista disso, o ácido gálico no tecido hepático interferiu positivamente na atividade da catalase no combate ao estresse oxidativo, aumentando a atividade da enzima e colaborando com a eliminação do peróxido de hidrogênio, diminuindo os danos teciduais.
CONCLUSÕES:
Os resultados do presente estudo demonstram que o efeito antioxidante do ácido gálico modula a atividade da catalase. Esta ação na enzima é importante, pois aumenta a capacidade de remover as espécies reativas de oxigênio no fígado, gerando maior proteção aos danos oxidativos causados pelo diabetes (induzido) nestes animais.
Palavras-chave: Ácido Gálico, Diabetes Mellitus, Catalase.