66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia
SENSIBILIZAÇÃO DOS ALUNOS DO PROJETO MULTIPLICADORES AMBIENTAIS: O CASO DA LAGOA DO VIGÁRIO – CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ
Raquel da Silva Paes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
Leidiana Alonso Alves - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
Kátia Beatriz Vaz de Noronha - Fundação Municipal da Infância e Juventude de Campos dos Goytacazes
Diego de Oliveira Miro - Escola Nacional de Ciências Estatísticas
José Maria Ribeiro Miro - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense
INTRODUÇÃO:
As práticas de Educação Ambiental não-formal no Brasil, normatizadas a partir da Lei nº 9795/99, prevê que devem-se trabalhar questões ambientais que visem a maior participação das comunidades, com o objetivo de sensibilizá-las para melhoria da qualidade dos ambientes e sua conservação. Este é um desafio do Poder Público nos seus diferentes níveis, como as Universidades e as Instituições que militam com Assistência Social. Quando se reflete sobre as questões ambientais das lagoas, entende-se que elas fazem parte do imaginário das comunidades enquanto mananciais contribuindo para a qualidade ambiental local. As discussões quanto ao uso público da lagoa do Vigário se pautaram nas funções ambientais que ela desempenha na cidade de Campos, como corpo hídrico urbano, inserido na planície de inundação do rio Paraíba do Sul e de formação geomorfológica associada ao talvegue abandonado da marcha meandrante do rio em seu baixo curso. Este relato de experiência é fruto de um Projeto de Extensão, intitulado “Multiplicadores Ambientais do IFF”, contribuindo para o Programa Guardas Mirins da prefeitura de Campos e ao mesmo tempo desenvolvendo práticas de ensino aprendizagem para os cursos de licenciatura.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Entender como o conceito de Natureza é apreendido por alunos de um projeto de Educação Ambiental (EA) promovido por parceria estabelecida entre Instituto Federal Fluminense (IFF), Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e Fundação Municipal da Infância e da Juventude (FMIJ), discutido através de um Trabalho de Campo realizado na lagoa do Vigário.
MÉTODOS:
Campo-paisagem é um conjunto de categorias e conceitos embasados em diferentes métodos de pesquisas das ciências sociais, biológicas e físicas, que tornam o ambiente percebido e vivido como fonte de conhecimento empírico da realidade local. Nesta análise, considerou-se o método da Percepção Ambiental para medir as visões de mundo e vivências dos alunos no espaço. Ela orientou todo o processo educativo, pois às percepções prévias dos alunos foram consideradas, além de possibilitar discussões de práticas que podem ser utilizadas na gestão dos recursos naturais pelas sociedades; e a técnica de extrair informações de desenhos, consideradas como Mapas Mentais para Merleau-Ponty. Assim, as informações construídas ao longo da trajetória de vida dos alunos podem revelar informações fruto de suas observações particulares sobre o ambiente, para serem sistematizadas. Após a Aula Teórica e o Trabalho de Campo, os 59 alunos que participaram do projeto desenharam a lagoa do Vigário, gerando dados que foram classificados e analisados através do conceito de natureza intocada e natureza alterada; e conceitos específicos pertinentes aos temas trabalhados antes, durante e depois do Trabalho de Campo: uso da margem, canos despejando de esgoto in natura e presença de lixo na água e nas margens.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O projeto recepcionou 117 alunos no ano de 2013, dos quais 66 obtiveram certificação. Desde o início foram abordados conteúdos, que contribuem para a formação de Guardas Mirins, desenvolvendo práticas ambientais no âmbito da cidade, e subsidiando sua participação em projetos de reflorestamento; coleta seletiva de lixo; saúde coletiva; orientação de emergência; orientação e mobilidade, o que fortaleceu as parcerias estabelecidas entre a Instituição de Ensino Superior e o Poder Municipal. Na análise dos dados extraídos dos desenhos, percebeu-se que os alunos demonstraram a assimilação dos conceitos através das análises propostas por Santos (2006): Primeira e Segunda Natureza. Assim, após as dinâmicas eles foram capazes de unir a teoria (discutida na sala de aula), com sua realidade particular (mais de 60% dos participantes residem no bairro onde a lagoa está localizada), e o Trabalho de Campo (observação crítica da paisagem), integrando os conteúdos apresentados. A partir das observações dos elementos mais desenhados, verificaram-se os seguintes resultados: 55 alunos relataram a lagoa como Segunda Natureza (alterada) e apenas 4 a caracterizaram como Primeira Natureza (intocada). As referências desenhadas, que foram consideradas para a classificação, foram as que apareceram com maior frequência: esgoto (39%), lixo (32%), casas (63%), prédios (56%), e barcos (17%). Relacionando esses conceitos aos seus usos cotidianos, foi confirmada a hipótese de que os alunos os vincularam as teorias trabalhadas nas dinâmicas propostas e que isso pode gerar mudança de comportamento social.
CONCLUSÕES:
Os alunos revelaram que em seu imaginário a lagoa é um elemento que se perde no ambiente urbano, evidenciado no tamanho menor de sua representação em relação aos outros elementos que a circundam. Propõe-se discutir o conceito lagoa como elemento fundamental à qualidade ambiental local em outros projetos de EA, esse entendimento contribui para a formulação de práticas ambientais mais corretas dos cidadãos. Concluiu-se, também, que atitude é a ideia de se multiplicar práticas ambientais corretas, porque antes do indivíduo multiplicar as práticas ele deve multiplicar ideias e essa tarefa se faz a partir das atitudes; e que o conhecimento é o arcabouço teórico e prático que conduz às atitudes e ações ambientais corretas. Assim, busca-se o entendimento dinâmico da natureza, de maneira que os resultados das alterações antrópicas que se apresentam no espaço sejam mais corretas, ratificando que o uso adequado de metodologias, conceitos e técnicas são fundamentais para alcançar as metas em EA.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Percepção Ambiental, Trabalho de Campo.