66ª Reunião Anual da SBPC |
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o): SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA |
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Parasitologia |
ESTUDO ICTIOPARASITOLÓGICO DE ESPÉCIES DE AMBIENTES LACUSTRES ARTIFICIAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ QUINOÁ, SENADOR GUIOMARD, ACRE. |
Nágila Barrozo Moniz - UFAC Ana Paula Cajazeira Moniz - UFAC Antônia Cristina Rocha do Nascimento - UFAC Renata Flôr Saldanha - UFAC Lisandro Juno Soares Vieira - Orientador / UFAC |
INTRODUÇÃO: |
Peixes de água doce são um recurso natural dos mais preciosos do país, e a consciência deste fato tem levado ao crescimento do interesse pelo estudo da sua taxonomia e biologia, as quais contribuem para o estabelecimento de medidas adequadas de gestão e proteção para populações naturais. Estima-se que no Brasil existam 4.035 espécies de peixes estritamente de água doce, os quais representam aproximadamente 31% das cerca de 13.000 espécies conhecidas em todo o mundo para o mesmo ambiente.Todos os peixes no ambiente natural apresentam uma fauna parasitária característica, muitas vezes sem manifestação patogênica, que, entretanto, pode aparecer em condição de piscicultura devido ao aumento da densidade populacional se ocorrer alguma variação ambiental, o equilíbrio hospedeiro/ parasito/ ambiente é quebrado, podendo culminar em enfermidades e morte dos hospedeiros. Os nematóides podem ocorrer em peixes, tanto na forma adulta como larval. O adulto, normalmente, é encontrado no trato gastrointestinal e as larvas encistadas nos músculos, fígado, superfície das vísceras, cavidade visceral e intestino. O ciclo de vida é complexo e na maioria envolve hospedeiros intermediários, paratênicos ou definitivos. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Este trabalho teve como objetivo analisar a ocorrência de parasitos em peixes em lagos artificiais na bacia hidrográfica do Igarapé Quinoá, Acre. Avaliar o grau de infestação de parasitos em espécies de peixes, variações temporais no grau de infestação parasítica e variações sazonais na diversidade e na abundância de parasitos nos peixes dos locais de estudo. |
MÉTODOS: |
As coletas foram realizadas mensalmente em dois ambientes lacustres localizados próximos às cabeceiras do igarapé Quinoá. Os ambientes encontram-se na Fazenda Experimental Catuaba situada no Município de Senador Guiomard Santos, Estado do Acre. No momento de cada coleta dos peixes, foram aferidos a condutividade com condutivímetro portátil modelo CD-4301 Lutron; o pH utilizando-se peagâmetro modelo 100 e a temperatura da água com termo-hygrômetro modelo THAL-300. Para as medidas da transparência da água e profundidade utilizou-se o disco de Secchi. Os peixes coletados com auxílio de puçá e rede-de-espera, foram transportados vivos ao laboratório onde foram fotografados, identificados, pesados, medidos e sexados. O estudo parasítico iniciou-se, com a ectoscopia, necropsia e inspeção de cada espécime. Os parasitos coletados foram fixados em álcool 70% e colocados em lâminas histológicas temporárias para análise sob microscopia estereoscópica e óptica. Para análises de dados utilzou-se Índice de diversidade de Shannon-Wiener, Equitabilidade de Pielou e índices parasitários a partir da intensidade média, abundância e prevalência. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa de computador Bio Diversity Pro e Excel 2007. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Através da médias de pH, temp. da água e cond. elétrica, no período de janeiro a julho de 2013, observou-se que o pH e cond., dos ambientes pouco variaram. A temp. apresentou valor máximo de 24 °C, ideal para os organismos aquáticos. Foram utilizados para o estudo, espécimes de Pyrrhulina sp., Apistogramma sp., Ctenobrycon hauxwellianus, Hoplias malabaricus, Australoheros sp., Acestrorhynchus falcatus eLeporinus sp. Mas apenas H. malabaricus, Leporinus sp. e A. falcatus apresentaram ocorrência de parasitismo. H. malabaricus (Traíra) e A. falcatus (Cachorra) apresentaram os maiores índices parasitários, com infestação no período seco. Espécimes de H. malabaricus apresentaram prevalência de 56% e intensidade média de 5,4, ou seja, houve maior número de parasitos. Foram encontrados 27 parasitos nematódeos do gênero Contracaecum sp. e 25 do gênero Eustrongylides sp. na musculatura, serosa do fígado e bexiga natatória. Espécimes de A. falcatus apresentaram prevalência de 100 %, ou seja, a maioria estavam infectados, a intensidade média de 3,0. Foram encontrados 13 parasitos, Eustrongylides sp., nesta espécie s parasitos não foram encontrados isolados em cistos, como foi visto em H. malabaricus. As larvas se instalam diretamente na musculatura. Espécimes de Leporinus sp. apresentaram prevalência de 15 % e intensidade média de 4,0. Foram encontrados 12 ectoparasitos monogêneos, nas brânquias. Dos 88 espécimes de peixes estudados, 14 encontravam-se parasitados por nematódeos, ocorrendo infestação em H. malabaricus e A. falcatus. A maior diversidade ocorreu no Lago Roda d’água (H’= 1, 529) (E= 0, 5567) apresentando maior número de espécies, devido ao método de coleta. E a menor diversidade foi no Lago Portela (H’= 0, 6117) (E= 0, 8534). |
CONCLUSÕES: |
As análises dos peixes provenientes de lagos artificiais na bacia hidrográfica do Igarapé Quinoá, demonstraram infestações parasitárias por helmintos, em Hoplias malabaricus e Acestrorhynchus falcatus, durante o período seco, nos meses de junho e julho, houve redução de chuvas e do volume de água do lago, culminando na alteração do ambiente dos peixes e ao estresse, comprometendo respostas as imunes e fazendo com que os índices parasitários aumentassem. Com base neste estudo pode-se dizer este é o primeiro registro de Eustrongylides sp. em Acestrorhynchus falcatus, pois não foi encontrado em outras literaturas sobre, infestações de Eustrongylides sp. em Acestrorhynchus falcatus, este parasito é comum em Hoplias malabaricus e sempre é encontrado em cistos, já em Acestrorhynchus falcatus as larvas encontradas estavam instaladas diretamente na musculatura, sem a presença da cápsula. |
Palavras-chave: Peixes, Parasitologia, Quinoá. |