Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
COMPOSIÇÃO, RIQUEZA E DIVERSIDADE DE PLANTAS DOS QUINTAIS URBANOS EM BOA VISTA, RORAIMA
Debora Lima Batista 1
Reinaldo Imbrozio Barbosa 2
1. UFRR/PRONAT (Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais)
2. INPA/Núcleo de Pesquisas de Roraima
INTRODUÇÃO:
Quintais caseiros são considerados sistemas de cultivos familiares caracterizados como uma reserva de diversidade de espécies de árvores, arbustos e ervas situadas dentro de um limite residencial. O objetivo deste estudo foi inventariar a composição, riqueza e diversidade dos recursos vegetais dos quintais urbanos em Boa Vista (RR), bem como avaliar suas relações com os fatores sócio-econômicos e culturais.
METODOLOGIA:
A amostragem foi realizada em três bairros com o tempo de formação superior a dez anos: Aparecida, Tancredo Neves e Pricumã. Foram entrevistados proprietários de 20 residências em cada bairro entre 25/04/2007 e 02/06/2007, totalizando 60 quintais. Foram utilizados os índices de diversidade (Shannon) e similaridade (SØrensen) para comparação de resultados.
RESULTADOS:
Foram registrados 4197 indivíduos pertencentes a 360 espécies, sendo 88 comuns aos três bairros. Aparecida foi o de maior riqueza, com 68,6% do total de espécies (12,3 espécies.casa-1), seguido pelo Pricumã (58,1%; 10,4 espécies.casa-1) e Tancredo Neves (43,3%; 7,8 espécies.casa-1). Foram identificadas 76 famílias botânicas, sendo Araceae (7,3%), Rubiaceae (6,8%), Euphorbiaceae (5,8%), Liliaceae (5,1%) e Arecaceae (4,9%) as de maior número de indivíduos. As categorias de uso mais comuns nas habitações foram de plantas comestíveis (96,7%), ornamentais (86,7%), medicinais (80%) e de míticas populares (68,3%). As formas de vida mais representativas foram ervas (34,3%), arbustos (31,9%) e árvores (19,3%). Usando-se o Índice de Valor de Preferência (IVP) como referencial de análise, verificou-se que existe uma preferência por espécies frutíferas em Boa Vista como coco (Cocos nucifera), acerola (M. glabra), manga (M. indica) e goiaba (P. guajava), e de não-frutíferas, como ixora (I. coccinea), chicória (E. foetidum), espada de São Jorge (S. trifasciata) e comigo-ninguém-pode (D. amoena.). A diversidade de espécies está relacionada de forma logaritímica com a riqueza dos quintais, embora não haja discrepância entre riqueza e diversidade, com padrões sócio-econômicos e tempo de moradia.
CONCLUSÃO:
Os resultados apontam que os quintais urbanos de Boa Vista possuem homogeneidade e são similares entre si, perfazendo uma média de uso preferencial das espécies equivalente entre os três bairros avaliados. As espécies frutíferas cultivadas nos quintais de Boa Vista são fonte de retinol e proteína, indicando que, mesmo de forma não-intencional, as espécies cultivadas são uma excelente fonte de vitamina A e proteína vegetal.
Instituição de Fomento: PRONAT - Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (UFRR)
Palavras-chave: Amazônia, Diversidade, Etnobotânica.