Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
CARACTERIZAÇÃO ESTOMÁTICA EM CINCO ESPÉCIES FLORESTAIS DA AMAZÔNIA.
Marina Alves de Freitas NETA 1
Ricardo MARENCO 1
Simone Verdes de JESUS 1
1. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA. Bolsista PIBIC/CNPq
2. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA. Orientador CPST/INPA
3. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA.Bolsista PCI/FAPEAM
INTRODUÇÃO:
Os estômatos são importantes na manutenção do balanço hídrico da planta, bem como para o balanço hídrico dos ecossistemas. A perda de água que ocorre principalmente via estômatos, sendo a água transpirada ecologicamente importante, sem mencionar a enorme importância dos estômatos na fixação de carbono, pois é através deles que é absorvido praticamente a totalidade de carbono assimilado pela planta. A densidade estomática é definida como o número de estômatos por unidade de área de uma face foliar. Como regra geral, folhas que se desenvolvem em ambientes ensolarados apresentam maior densidade de estômatos do que aquelas produzidas em ambientes sombreados. Dependendo da espécie e condições ambientais, os estômatos podem variar entre 10 e 80 µm de comprimento e ocorrer densidade entre 5 e 1000 mm-2. Entretanto, o aumento da densidade estomática nem sempre causa uma redução no tamanho dos estômatos. Assim sendo, este estudo visou caracterizar a densidade estomática em ambientes de sol e sombra em cinco espécies florestais da Amazônia, que são: Jatobá (Hymeneae courbaril); Seringueira (Hevea brasiliensis); Abiurana (Pouteria macrophylla); Pau-pretinho (Cenostigma tocantinum) e Mogno (Switenia macrophilla).
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Campus V8 do INPA, em Manaus. Foram utilizadas cinco mudas de jatobá, seringueira, abiurana, pau-pretinho e mogno, cultivadas em ambiente de sol e sombra. Para a determinação das características estomáticas foram coletadas cinco amostras foliares de cada espécie. A identificação do tipo e determinação da densidade de estômatos foi feita utilizando-se impressões da superfície da folha, sendo retiradas utilizando esmalte incolor e coletadas próximo à nervura principal de ambas as superfícies da folha. Observaram-se os estômatos localizados em dez campos, escolhidos ao acaso, de um microscópio com aumento de 400x, sendo em seguida fotografados utilizando câmera digital. O tipo estomático foi descrito levando em consideração a posição das células guardas com relação às da epiderme. Determinou-se o comprimento das células-guarda (20 estômatos por folha.) em aumento de 1000x utilizando-se régua especial, graduada em micrômetros.
RESULTADOS:
Podemos constatar que as espécies estudadas apresentam estômatos de formato reniforme na face abaxial da folha, sendo assim chamados de hipoestomáticas. A densidade e distribuição dos estômatos na superfície foliar variaram em função do ambiente, sol/sombra, e função da espécie, sendo a diferença entre espécies significativa estatisticamente (p<0,01). Observou-se, também, diferença estatística (p<0,05) entre os ambientes sol e sombra. Em ambiente sombreado a freqüência de estômatos e comprimento foi basicamente semelhante em todas as espécies, com exceção do mogno. Esta espécie apresentou maior densidade estomática (mm-2), porém, o comprimento dos estômatos foi menor. Já em ambiente ensolarado, o aumento da densidade estomática foi acompanhado de uma diminuição do comprimento dos estômatos nas espécies estudadas. A densidade estomática, tendendo a ser menor em folhas desenvolvidas em condições sombreadas, facilita no processo fisiológico da planta, pois estômatos menores, respondem com maior rapidez as condições ambientais adversas. Estes resultados concordam com pesquisas realizadas com espécies de floresta tropical da Amazônia, que afirmam que o aumento na quantidade de estômatos por área foliar resulta em comprimento estomático menor.
CONCLUSÃO:
Apesar das espécies estudadas serem todas do tipo arbóreo, existe diferença na densidade estomática. O aumento da densidade estomática na superfície foliar foi compensado pela diminuição do tamanho do poro, proporcionando um controle estomático para perda de água. Portanto, pode-se concluir, também, a importância da variação no tamanho das células-guardas, pois mostra o alto poder adaptativo que os estômatos conferem às plantas na dinâmica de uma floresta tropical.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: folhas, estômatos, irradiação.