Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES INTERÉTNICAS NA FRONTEIRA BRASIL-VENEZUELA
Alessandra Rufino Santos UFRR
Francilene dos Santos Rodrigues (Orientadora) UFRR
1. Universidade Federal de Roraima - Acadêmica do curso de Ciências Sociais
2. Universiade Federal de Roraima - Profª. Drª do Departamento de Ciências Sociais
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem como objeto as construções sociais do migrante e da fronteira nos imaginários das populações das cidades fronteiriças de Pacaraima (Brasil) e Santa Elena do Uairén (Venezuela). Para isso, partiu-se da análise dos deslocamentos populacionais que ocorrem nessa região e, posteriormente, direcionou seu foco para o processo de constituição identitária a partir das narrativas das populações, sobretudo, dos migrantes. Uma das preocupações desta pesquisa é a recuperação das memórias das experiências migratórias, uma vez que o processo migratório é um elemento que impacta a (re) construção identitária, uma vez que a mesma ocorre a partir da reflexão a respeito de si e da compreensão do outro. A identificação/diferenciação de brasileiros e venezuelanos implica em conflitos que permeiam todo o processo migratório.
METODOLOGIA:
Para entender esse processo utilizou-se as metodologias qualitativas, com ênfase nas narrativas das trajetórias de vida e nas entrevistas abertas e semidirigidas. Os interlocutores da pesquisa são homens e mulheres, de diferentes nacionalidades, entre 35 e 82 anos, que se deslocaram em períodos diversos, precisamente entre os anos de 1981 a 2005, e que exercem distintas atividades profissionais, como comerciantes, universitários, funcionários públicos, entre outros. A luz das teorias das migrações e das representações sociais foi possível identificar nas narrativas dos interlocutores entrevistados elementos de afirmação e negação tanto das identidades nacionais como de gênero e étnicas.
RESULTADOS:
Nos aspectos da construção identitária dos brasileiros os mesmo se vêem como alguém que tem “facilidade de se adaptar e se relacionar com os outros”. Já os venezuelanos se reconhecem como sendo pessoas “tranqüilas” e de “comportamento mais modesto”, ou seja, discretos. No entanto, possuem uma visão crítica ao se referirem aos próprios venezuelanos como sendo “egoístas”, pessoas que “gostam de humilhar os outros”, principalmente aqueles de outras nacionalidades. Outros elementos diacríticos do processo de distinção entre os brasileiros e venezuelanos ficam evidenciados nas narrativas sobre o gênero feminino. Tanto brasileiros quanto venezuelanos afirmam que as mulheres brasileiras são “muito liberais”, diferentemente das venezuelanas, que são “reservadas”, ou seja, mais discretas. Os conflitos mais evidentes referem-se àqueles relacionados ao papel do Estado representado pela Polícia Federal e Guarda Nacional e ao tratamento dado aos brasileiros pelos comerciantes locais. Em outros aspectos, brasileiros e venezuelanos crêem que “são as mesmas gentes” por viverem no espaço fronteiriço.
CONCLUSÃO:
Cumprindo, enfim, os objetivos propostos, este trabalho verificou que as construções sociais do migrante e da fronteira impactam os aspectos identitários que são constituídos a partir das relações sociais e culturais, possibilitando que a fronteira seja compreendida como um lugar no qual convive uma pluralidade de culturas e identidades.
Instituição de Fomento: Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq
Palavras-chave: Brasil, Fronteira, Venezuela.