Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
MACROFUNGOS LIGNOCELULOLÍTICOS (ASCOMYCETES) DA RESERVA BIOLÓGICA DO UATUMÃ, AMAZONAS, BRASIL.
kely da Silva Cruz 1
Maria Aparecida de Jesus 2
Jadergudson Pereira 3
1. PAIC/FAPEAM/CNPQ/INPA
2. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia/INPA
3. Universidade Estadual de Santa Cruz/UESC
INTRODUÇÃO:
Os Ascomycetes, principalmente da família Xylariaceae são apontados como de maior diversidade ecológica nos trópicos. Esses fungos lignocelulolíticos são de grande importância econômica, por possuírem espécies com alto potencial enzimático capaz de degradar a celulose, hemicelulose e a lignina. A grande maioria é terrestre, embora alguns possam ocorrer em águas marinhas ou continentais. Está família representa um grupo de fungos bastante diverso, sendo que sua característica principal é a presença de um asco, no qual os esporos meióticos conhecidos como ascósporos são formados. O grupo apresenta um grande número de espécies, o que torna a classificação mais difícil. No entanto, um número cada vez maior de novas espécies tem sido descrito para os trópicos (Rogers et al., 1987; Petrini et al., 1995). Dentre os gêneros mais abundantes podemos citar Xylaria, Hypoxylon e Camillea. O objetivo desse estudo foi registrar as espécies de macrofungos Ascomycetes para Reserva Biológica do Uatumã, de modo a contribuir para estimativa global da diversidade fúngica lignocelulolítica
METODOLOGIA:
A Reserva Biológica do Uatumã, está localizada entre os municípios de Presidente Figueiredo, São Sebastião do Uatumã e Urucará. A coleta dos fungos foi realizada no período entre 20 de maio a 02 de junho de 2009, em uma grade de 25 km², instalada pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidae/PPbio. Os macrofungos foram coletados em 30 parcelas permanentes, onde desenvolviam em diversos substratos lignocelulolíticos como galhos, troncos de árvores vivas ou mortas, os espécimes foram colocados em um saco de papel, onde foram anotados os dados do coletor, substrato, número da parcela e ponto de coleta (piquete). Neste trabalho adotaram-se os métodos de coleta, documentação e preservação dos Ascomycetes proposto por Teixeira (1993). A identificação das espécies foi feita, de acordo com as chaves dicotômicas descritas por Poroca (1976), Silveira e Rodrigues (1985). As exsicatas dos macrofungos estão depositadas na Coleção de Fungos Lignocelulolíticos/CPPF/INPA.
RESULTADOS:
Foram registrados 197 espécimes de Ascomycetes pertencentes aos gêneros: Annulohypoxylon, Camillea, Hypoxylon, Kretzschmaria, Phylacia, Thamnomyces e Xylaria, Cookeina. Xylaria representa o maior número de espécimes com 90, sendo que X. telfairii (Berk.) Fr. foi a de maior ocorrência nas parcelas com 30 exemplares. Provavelmente, pelo fato de apresentar o estroma robusto, com os vértices férteis arredondados a elíticos, o que favorece a liberação dos ascósporos no ambiente. Esta espécie é cosmopolita, no Brasil é relatada para os estados: Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul (Batista et al., 1966). Outra espécie de maior ocorrência foi K. clavus (Fr.) Sacc, com 21 exemplares e tem sido relatada para o estado Amazonas (Silveira e Rodrigues, 1985). Está espécie e outros táxons do gênero são degradadores de madeira, raízes, brotos mortos (Campbell e Davidson, 1940). Aparentemente, são parasitas oportunistas. Cookeina também ocorreu abundantemente nas parcelas, principalmente em galho fino. O gênero apresenta cores variantes e brilhantes, ascorcapo grandes e pêlos na superfície do apotécio. Certas espécies de Cookeina são usadas como alimento, e também como uma isca para a pesca (Iturriaga e Donald, 2006).
CONCLUSÃO:
A composição das espécies de Ascomycetes da Reserva Biológica do Uatumã, revela que Xylaria é o mais representativo não só em número de espécies como de espécimes. Todos os gêneros são citados pela primeira vez para a reserva. O conhecimento da diversidade de Ascomycetes é incipiente, principalmente devido à carência de especialistas em taxonomia neste grupo. Em vista disso, torna-se necessário a formação de taxonomistas que podem contribuir com a micoflora da Amazônia brasileira
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas/Fapeam/INPA
Palavras-chave: Taxonomia, Fungos lignocelulolíticos, Xylariaceae.