Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 3. Serviços Urbanos e Regionais
A certificação dos patrimônios como estratégia de diferenciação e competitividade.
Sílvia Bernardo da Silva 1
Georgia Patrícia da Silva 2
Márcia Texeira Falcão 3
1. Professora de Administração - Faculdade Atual da Amazônia
2. Profa. de Gestão -Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima
3. Profa. de Gestão -Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima
INTRODUÇÃO:
O mundo do patrimônio, em vista, e para utilidade pública, é matéria em si mesma inacabável. O fato é que não é apenas o valor histórico e cultural dos bens que estão em causa. A venda do patrimônio por parte do poder público constitui uma transação econômica, visto que a cidade deve se adaptar às novas funções do domínio do capital. Sob a primazia econômica, na qual se busca maior retorno dos investimentos realizados, novas formas de produção do patrimônio foram disseminadas. Uma delas é como o patrimônio tem sido concebido, de maneira similar à mercadoria, na medida em que os gestores buscam recriá-lo, vendê-lo dentro dos mercados local e internacional. À medida que o patrimônio ganha novo uso para a sociedade, os significados que carregam se homogeneízam. E para se individualizarem, utilizam a certificação, como estratégia de diferenciação. Este trabalho teve como objetivo analisar a estratégia de diferenciação pelo certificado concedido pela UNESCO como estratégia de diferenciação da cidade São Luís - MA, lançando o olhar sobre o jogo de sentidos e vantagens. A distinção das cidades tem sido largamente discutida, por ofertar produtos culturais que, apesar de terem valor, nem sempre são vistos como tal. Assim, nem todo esforço de diferenciação é lucrativo por si só.
METODOLOGIA:

A metodologia utilizada consistiu na elaboração de um estudo de caso baseado no método de análise qualitativo, obtendo dados por meio de pesquisa documental e entrevistas com representantes de órgãos ligados ao patrimônio da cidade de São Luís.
RESULTADOS:
Em 1997, a UNESCO concedeu a uma parte do Centro Histórico de São Luís o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Nessa época, o patrimônio já estava vinculado à ideia que os bens culturais deveriam ser preservados em função do programa de revitalização outrora implementado. Com a disputa entre as cidades, o título recebido passou a dominar o cenário das imagens, utilizando-se a estratégia de diferenciação. Mais do que um simples conjunto urbanístico aprovado pela UNESCO, esta certificação implicou numa nova visão para as instituições na medida em que se tornou uma base de posicionamento do lugar pelo prestígio de ter um certificado que poucos centros do Brasil possuem. Este certificado dos resíduos do passado conquistou cada vez mais adeptos e serviu para distinguir os fragmentos do próprio Centro Histórico. Nesta perspectiva, viu-se que na obtenção do título ganhou uma importância na mídia, mas isso não implicou que pessoas e o poder público continuassem protegendo o legado cultural. Em 2008, a ausência de medidas preservacionistas efetivas fez com que a cidade de São Luís fosse ameaçada de perder o título da UNESCO. Verifica-se que o certificado dos bens culturais possui potencialidades e fragilidades na perspectiva mercadológica em que foi submetido.
CONCLUSÃO:
A forma de diferenciar a cidade de São Luís pelo certificado da UNESCO foi entendida como um esforço dos meios de comunicação, para assemelhar à mercadoria desejável, implicando, por um lado, a exaltação de aspectos que relacionavam a dominação econômica e, por outro lado, atrair turistas com a estetização da vida cotidiana. Embora haja esforço, o valor desse certificado não é tão internalizado pela comunidade, motivo pelo qual passam a ficar imparcial com o que o acontece com os bens culturais
Palavras-chave: Patrimônio, Certificação, UNESCO.