Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
EFEITO DO ALAGAMENTO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DISPERSADAS POR TAPIRUS TERRESTRIS
Flavia Pinto 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
INTRODUÇÃO:
A anta (Tapirus terrestris) é um importante dispersor de sementes a longas distâncias. Defecam preferencialmente em ambientes alagados como igarapés, lagoas e várzeas e, por isso, sua eficiência como dispersora de sementes é questionada. No entanto, se considerarmos que as espécies respondem de forma diferenciada a períodos de submersão, nem todas as espécies de plantas deverão ter sua germinabilidade afetada da mesma forma. O objetivo deste estudo foi avaliar se espécies dispersas por T. terrestris no início do período chuvoso têm a capacidade de germinação alterada após períodos de submersão de 60, 30 e 15 dias, simulando a dispersão no início, meio e final desta estação.
METODOLOGIA:
A coleta das sementes foi realizada na Estação Ecológica de Maracá entre de janeiro e maio de 2007. Três lotes de 18 a 30 sementes de sete espécies (Anacardium giganteum, Anannas sp., Brosimum lactescens, Enterolobium ciclocarpum, Pradosia surinamensis, Spondias mombim e Strichnos ramentifera) foram submetidos aos três tratamentos de submersão em recipientes com água não tratada, trocada a cada três dias para evitar a proliferação de fungos nas sementes. Após o tratamento as sementes foram plantadas em vermiculita e a germinação foi avaliada quinzenalmente pelo período de seis meses. A viabilidade aparente do embrião das sementes não germinadas foi verificada visualmente.
RESULTADOS:
Duas espécies com sementes dormentes (S. mombim e E. ciclocarpum) não foram afetadas pelos tratamentos. Exceto em S. mombim, os tratamentos de submersão resultaram em diminuição significativa nas taxas de germinação (teste Kruskal-Wallis H=24,57; p=0,00). A variabilidade nas respostas entre repetições foi grande, dificultando a avaliação de diferenças entre os tratamentos. As sementes dispersas no início das chuvas apresentaram germinabilidade mediana de 3%, equivalente a mediana obtida no meio da estação chuvosa (4%), mas significativamente menor que daquelas dispersas no final da estação chuvosa (mediana de 24%) e dos controles, que apresentaram germinabilidade mediana em torno de 67% (Mann-Whitney teste U=47,5; p<0,05). Com exceção de S. ramentifera e E. ciclocarpum, as sementes germinaram mais no controle que nos tratamentos de submersão, podendo essas espécies de testa dura ter o processo de embebição facilitado. As sementes de A. giganteum, que germinam prontamente quando em condições favoráveis, foram afetadas negativamente, apresentando taxas de mortalidade entre 100 e 90%, mesmo quando dispersas no final da estação chuvosa.
CONCLUSÃO:
O período de submersão afeta de forma diferenciada a germinabilidade das espécies, podendo aumentar ou, mais comumente, diminuir a capacidade de germinação. Testes com maior número de espécies e repetições são necessários para uma avaliação robusta do efeito da dispersão de sementes pelas antas em ambientes alagados. Testes em campo mantendo as sementes submersas na borda das lagoas podem diminuir a variabilidade nas respostas entre repetições por minimizar o ataque de fungos nas sementes.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Anta, ESEC Maracá, Roraima.