Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenhar - 1. Silvicultura
FENOLOGIA DA CASTANHA-DA-AMAZÔNIA ( Bertholletia excelsa H. B. K.) EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL (SAF) NO CAMPO EXPERIMENTAL CONFIANÇA, CANTÁ, RORAIMA
Mayara Marcelle Ibiapina Lopes 1
Hélio Tonini 2
1. Acadêmica - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
2. Doutor em Engenharia Florestal, pesquisador da EMBRAPA-RR
INTRODUÇÃO:
A castanha-da-amazônia (Bertholletia excelsa H. B. K.) é uma das espécies mais importantes para o extrativismo e a exportação na região Amazônica. Por sua importância econômica e características desejáveis, como o incremento diamétrico e a boa forma do fuste, esta espécie vem sendo cultivada em plantios puros e sistemas agroflorestais (SAFs). Porém, o ambiente estabelecido por estes plantios não é idêntico ao de florestas naturais, proporcionando variações em características como o padrão fenológico dos indivíduos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o padrão fenológico da castanheira-da-amazônia em um sistema agroflorestal e compará-lo ao observado em florestas naturais, visando gerar subsídios técnicos para auxiliar estratégias de manejo mais eficientes e sustentáveis.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em um SAF implantado em 1995 no Campo Experimental Confiança da Embrapa-RR, a 90 km de Boa Vista, no município do Cantá (RR). As visitas para as observações fenológicas ocorreram quinzenalmente entre os anos de 2008 e 2009 e consistiram na coleta de dados sobre a presença ou ausência dos eventos de floração e frutificação para 71 árvores, monitoradas com relação aos seguintes caracteres fenológicos: botão floral, flor aberta, fruto verde, fruto maduro e fruto disseminando. Para estimar a sincronia dos eventos fenológicos utilizou-se o índice de sincronia da população (Z). Os dados de precipitação foram obtidos com a instalação de um pluviômetro no local e utilizados para a distribuição sazonal dos caracteres fenológicos.
RESULTADOS:
A precipitação total durante os dois anos de observação variou de 2402,1 mm em 2008, com maio, junho e julho sendo os meses mais chuvosos (57,31% da precipitação anual) e 1051,6 mm em 2009, sendo os meses mais chuvosos janeiro, julho e agosto (63,1%). A análise dos caracteres fenológicos permitiu observar a não existência de sincronia em nenhum deles, com valores médios de Z de 0,365 para botão floral, 0,325 para flor aberta, 0,405 para fruto verde, 0,205 para fruto maduro e 0,16 para fruto disseminando. A floração mostrou-se longa, com pico na estação chuvosa (julho/agosto), ocorrendo durante o ano inteiro. A frutificação também foi longa (todos os meses do ano), com pico de ocorrência em meses de transição entre as estações (setembro/outubro). A maturação dos frutos e sua disseminação prevaleceram na estação chuvosa e ocorreram durante nove meses do ano, com exceção de janeiro, março (quando apenas a maturação ocorreu) e maio. O padrão fenológico observado neste estudo corrobora apenas em partes com alguns dados observados em SAFs em diferentes regiões na Amazônia, mostrando-se diferente do observado em florestas nativas, que se caracterizam por apresentar grande sincronia de floração e frutificação, com um período de floração e dispersão mais curto, de cinco a seis meses.
CONCLUSÃO:
Portanto, o padrão fenológico de espécies florestais estabelecidas em SAFs podem ser totalmente distintos dos apresentados em florestas naturais e o seu conhecimento é fundamental para o estabelecimento de estratégias de manejo, planejamento da propriedade rural e análise econômica da atividade.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Amazônia, produto florestal não madeireiro, plantios florestais.