Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 4. Sociolingüística
A PRODUÇÃO DO R E S EM CODA SILÁBICA POR FALANTES DO PORTUGUÊS NA CIDADE FRONTEIRIÇA DE BONFIM
Idelvânia Rodrigues 1
Jairzinho Rabelo 1
Patrícia Cunha 1
Vanéssia Noronha 1
Odileiz Cruz 1
1. UFRR, mestranda, PPGL
2. UFRR, mestrando, PPGL
3. UFRR, mestranda, PPGL
4. UFRR, monitora Curso de Letras/PET
5. UFRR, orientadora, doutora PPGL
INTRODUÇÃO:
A fronteira entre o Brasil e a Guiana tem respectivamente as cidades de Bonfim e Lethem como faixa geopolítica, sendo essa definida pelo rio Tacutu. Na cidade de Bonfim, a qual está situada na mesorregião Norte de Roraima e dentro da microrregião Nordeste desse estado, é possível perceber que várias línguas como, macuxi, wapichana, português e inglês são comumente usadas por falantes locais. Como todas as línguas potencialmente têm variações, supõe-se que elas ocorram também no inglês guianense, na fala dos indígenas - línguas wapichana e macuxi - e no próprio português brasileiro. À parte de ser ou não a segunda língua para os moradores de Bonfim, o que se quer saber é como o português se manisfesta diante da diversidade linguística em uma área de fronteiras (geopolítica). Por isso as indagações: existiriam variações dialetais no português falado pelos brasileiros que estão imersos nesse contexto de multilinguismo? Os brasileiros, ainda que no contexto multilingue, não mostram nenhuma influência das línguas locais, e o português padrão falado por eles é similar às variações encontradas no Brasil? Neste sentido, procura-se estudar à luz da teoria dialetológica como ocorrem as variações dialetais em Bonfim na produção de r e s em coda silábica.
METODOLOGIA:
Os dados foram coletados in loco, sede do município, em quatro pontos distintos: Zona periférica “Beira”; Centro como área comercial, bairro Getúlio Vargas, e no Igarapé da Vaca. Para cada ponto foram selecionados quatro sujeitos perfazendo um total de dezesseis informantes, os quais responderam um questionário de 10 perguntas. A faixa etária dos informantes está entre 40 e 88 anos, todos morando em Bonfim por mais de vinte anos.
RESULTADOS:
Predomina entre as cento e sessenta respostas a produção do r (fricativa, glotal, desvozeada) como em pohku, e do s (fricativa, palatal, desvozeada) como em maStigah; o apagamento de r e s em coda silábica final é um fenômeno linguístico bastante marcado; a maior variação lexical entre os dados aparece em fósforo como fofi, foSku, fossu, fossuru, fofu, implicando dessa forma em uma redução silábica.
CONCLUSÃO:
Portanto, todas as realizações são variáveis do tipo padrão do português comumente encontradas em outras regiões do Brasil. No Igarapé da Vaca, ao contrário dos demais pontos, onde todos os informantes são no mínimo bilíngues, os informantes entrevistados são monolíngues. Assim, o Igarapé da Vaca é geograficamente uma zona conservadora visto o português ser a língua predominante frente às demais línguas locais, isto é, o cenário de multilinguismo não afetou os falantes dessa área.
Palavras-chave: Bonfim , dialetologia, variação.