Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
FUNGOS QUERATINOFÍLICOS NA AREIA DE BOA VISTA, RORAIMA.
Suena Márcia Barbosa dos Santos 1
Daniele Rocha Silva 1
Ângela Cristine Scaramuzza dos Santos 1
Kellen Souza Rodrigues 2
Eliane dos Santos Simas 3
Silvana Tulio Fortes 4
1. Acadêmica de Licenciatura em Ciências Biológicas-UFRR / Bolsista PIBIC UFRR
2. Acadêmica de Bacharelado em Ciências Biológicas-UFRR / Bolsista PIBIC CNPq
3. Acadêmica de Licenciatura em Ciências Biológicas-UFRR / voluntária
4. Centro de Estudos da Biodiversidade-Laboratório de Micologia-UFRR / orientadora
INTRODUÇÃO:
Micoses são infecções fúngicas classificadas em superficiais, cutâneas e sistêmicas conforme a resposta imunológica do hospedeiro. Os agentes etiológicos são habitantes naturais do solo e atuam como decompositores de matéria orgânica morta. Os fungos queratinifílicos possuem enzimas capazes de degradar queratina e são encontrados em natureza nos estágios finais da decomposição de carapaças, pele, pêlos e unhas. Os dermatófitos têm habilidade de invadir os tecidos mais superficiais queratinizados do homem e outros animais podendo causar diversos quadros clínicos de infecção cutânea e eventualmente subcutânea. O tratamento das micoses reside no conhecimento das fontes de contaminação ou dos reservatórios dos fungos patogênicos, sendo que estudos visando à identificação destes reservatórios podem levar à obtenção informações para o combate a tais infecções. Neste sentido, estudos vêm sendo conduzidos em Boa Vista/RR desde 2003 tendo sido verificada a presença do dermatófito Trichophyton em amostras de areia provenientes de parques, praças públicas e praias dos rios Branco e Cauamé. Visando ampliar o conhecimento da areia como fonte de contaminação por fungos patogênicos novas amostras de areia provenientes de parques, praças públicas e praias do rio Cauamé foram analisadas.
METODOLOGIA:
O estudo abrangeu o Parque Germano Augusto Sampaio, as praças Mané Garrincha e Ayrton Senna e as praias do Curupira e Caçari, em Boa Vista/RR. Amostras de areia foram coletadas em setembro/2009 e março/ 2010. Cerca de 15g de areia de cada local foram colocadas em placa de Petri esterilizada, sendo utilizado fragmentos de cabelo e unha humanos como isca para o isolamento dos fungos. As placas foram umedecidas com água destilada esterilizada e mantidas a temperatura ambiente por até 30 dias. As iscas que apresentaram desenvolvimento de estrutura fúngica foram transferidos para placas de Petri com meio Mycosel. Colônias fúngicas foram purificadas em meio Sabouraud e foi preparado o cultivo em lâmina. Os espécimes isolados foram identificados taxonomicamente pelas características macromorfológicas da colônia e micromorfológias do cultivo em lâmina. As colônias fúngicas, após identificação, foram depositados no acervo de cultura de fungos filamentosos do Laboratório de Micologia-CBio/UFRR.
RESULTADOS:
A análise dos resultados revelou o isolamento de 45 espécimes de fungos filamentosos classificados em 17 taxa, sendo a maioria fungos mitospóricos (Deuteromycete) da família Moniliaceae: Acremonium cf, Aspergillus grupo flavus, Aspergillus grupo niger, Aspergillus grupo wenti, Fusarium, Paecilomyces e Penicillium, além do Filo Ascomycete, ordem Eurotiales, família Trichocomaceae, gênero Byssochlamys, teleomorfo de Paecilomyces. Com relação a distribuição, a maioria dos taxa foi referida como abundante, sendo apenas Acremonium cf de distribuição comum, não havendo nenhum taxa ocasional ou raro. Ressalta-se que o gênero Paecilomyces ocorreu com maior freqüência, representando mais de 60% dos isolados, seguido dos gêneros Aspergillus e Penicillium com 13,33% cada. Com relação ao tipo de isca utilizado para isolar diferentes espécies de fungos queratinofílicos, observou-se que a maioria dos gêneros não apresentou preferência pelo tipo de isca, visto quer cresceram tanto no cabelo quanto na unha, destacando-se Acremonium cf com crescimento nos fragmentos de cabelo e Fusarium com desenvolvimento nos fragmentos de unha.
CONCLUSÃO:
Considerando o uso da areia como importante recurso de lazer, o presente trabalho complementa os estudos anteriores, embora não tenha sido verificado nenhum patógeno importante; contudo, os fungos isolados atuam como oportunistas, sobretudo em indivíduos imunocomprometidos.
Instituição de Fomento: PIBIC/UFRR; PIBIC/CNPq
Palavras-chave: micose, fungo patogênico, fonte ambiental.