Reunião Regional da SBPC em Oriximiná
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PESQUISA CLÍNICA E SOROLOGIA ANTI-PGL-I EM CASOS DE HANSENÍASE, SEUS CONTATOS E ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE ORIXIMINÁ - PARÁ.
Ângela Maria dos Santos Brito 1
Maria Eliana dos Anjos do Lago 1
Denis Vieira Gomes Ferreira 2
Marco Andrey Cipriani Frade 3
Josafá Gonçalves Barreto 4
Claudio Guedes Salgado 5
1. Acadêmica do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas - UFPA, Oriximiná/PA
2. Doutorando do Curso de Neurociências e Biologia Celular – UFPA
3. Professor Adjunto, Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto
4. Professor Assistente, Campus Castanhal e Laboratório de Dermato-Imunologia, UFPA
5. Prof. Dr./Orientador, Associado 1, Laboratório de Dermato-Imunologia, Instituto de Ciências Biológicas – UFPA
INTRODUÇÃO:
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo com predileção pela pele e nervos periféricos (GROSSI, 2008). Apesar da existência de um tratamento eficaz com poliquimioterapia, a hanseníase deixa milhares de pacientes curados com sequelas como consequência de danos neurais, que são a marca da doença. Muitos aspectos dificultam o diagnóstico correto e precoce da hanseníase, bem como a classificação mais apropriada para fins terapêuticos. Há uma dificuldade em diagnosticar a hanseníase paucibacilar com lesão única, e casos iniciais da forma borderline lepromatosa passam despercebidos devido à dificuldade em detectar a perda de sensibilidade nas lesões cutâneas (SÉKULA, 2008). A maioria das micobactérias tem glicolipídeos específicos e altamente antigênicos que podem servir como ferramentas para o sorodiagnóstico de diferentes infecções. Um dos primeiros antígenos específicos do M. leprae a ser isolado e caracterizado foi o glicolipídeo fenólico-I (PGL-I) (SÉKULA, 2008). A sorologia é altamente sensível na detecção da presença de anticorpos contra M. leprae na corrente sanguínea (OLIVEIRA, 2008). A pesquisa de anticorpos IgM contra o PGL-I tem sido utilizada para detectar precocemente indivíduos infectados pelo M. leprae. (MOURA, 2008). O objetivo deste foi realizar pesquisa clínica e de anticorpos IgM anti PGL-1 em amostras de sangue periférico em casos e contatos de hanseníase e escolares da rede pública do município de Oriximiná-Pará.
METODOLOGIA:
Trinta e nove casos-índices e seus respectivos comunicantes de hanseníase notificados no período de 2004 a 2008 foram visitados por uma equipe de saúde multidisciplinar. Realizou-se exame clínico dermato-neurológico, aplicação de questionário sócio-econômico e coleta de sangue dos casos e de 126 contatos. Os mesmos procedimentos clínicos e laboratoriais foram aplicados a 138 escolares de 7 a 22 anos de idade. Com a avaliação separada de três casos novos e a exclusão de quatro casos-índices que não tiveram nenhum comunicante participante do estudo, a análise estatística foi realizada com 35 casos de hanseníase avaliados neste trabalho.
RESULTADOS:
Participaram da pesquisa 35 casos e 129 comunicantes – com o diagnóstico de três casos novos – além de 138 escolares da rede publica de ensino do município de Oriximiná-Pará. O resultado obtido através da aplicação do questionário sócio-epidemiológico mostrou que 60% dos casos de hanseníase são naturais de oriximiná, 63% possuíam menos que sete anos de estudo, 57% tem uma renda de até 2 salários mínimos, 74% residem na casa visitada há mais de cinco anos. Considerando os aspectos clínico-epidemiológicos dos casos de hanseníase, 37% conviveram intra ou extradomiciliar com pessoas que foram diagnosticados com a doença. As características sócio-clínico-epidemiológicas dos contatos de hanseníase mostram que 32% são filhos dos casos, 10,5% são pais, 21,5% são irmãos, 12% são cônjuges, 12,7% parentes consanguíneos, 7% parentes não consanguíneos e 3% não parentes. Considerando um cut off de 0,295, os resultados de ELISA anti-PGL-I demonstraram 65,5% de positividade na amostra analisada, enquanto que a análise dos contatos revelou uma positividade de 45%, e dos estudantes 42%.
CONCLUSÃO:
A avaliação clínica de 35 casos de hanseníase diagnosticados em Oriximiná entre os anos de 2004 e 2008, e seus respectivos comunicantes, permitiu o diagnóstico de três casos novos entre os 126 comunicantes avaliados em suas próprias residências. Os resultados mostram que casos de hanseníase notificados até quatro anos antes da coleta das amostras biológicas apresentam positividade para IgM anti-PGL-I e 45% da população sem sinais clínicos da hanseníase apresentam positividade para IgM anti-PGL-I. Os dados sorológicos mostram alto índice de infecção subclínica na amostra estudada, indicando necessidade de avaliação clínica periódica.
Palavras-chave: Hanseníase