Reunião Regional da SBPC em Oriximiná
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
LEVANTAMENTO DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS NO IGARAPÉ MELGAÇO, MUNICÍPIO DE ORIXIMINÁ, PARÁ
Andréa Pimentel Barreto 1
Marcelo Alves de Souza 1
Tamara Natália de Azevedo silva 1
Alcieila Farias Figueiredo 1
Erilane dos Santos Almeida 1
Ulisses Gaspar Neiss 2
1. Instituto de Ciências Biológicas, UFPA, Oriximiná/PA
2. Prof. Dr./Orientador - INPA, Departamento de Entomologia, Laboratório de Citotaxonomia e Ecologia de Insetos Aquáticos. Manaus/AM
INTRODUÇÃO:
Os macroinvertebrados bentônicos de água doce são compostos por organismos de tamanho superior a 0,5 mm (PEREZ, 1996), representando um elemento importante na estrutura e funcionamento dos ecossistemas aquáticos, onde a distribuição e abundância são influenciadas pelas características do sedimento, morfologia das margens, profundidade, natureza química do substrato, vegetação ciliar, competição intra-específica e disponibilidade de recursos (QUEIROZ; TRIVINHO - STRIXINO; NASCIMENTO, 2000).
Os igarapés de floresta abrigam uma fauna diversa, que se mantêm devido à matéria orgânica fornecida pela vegetação ripária (Vannote et al. 1980). O crescimento populacional desordenado às margens de cursos de água resulta em perturbações ambientais, como a retirada da floresta ripária e o excessivo aporte de nutrientes orgânicos (esgoto não tratado), ocasionando alterações na qualidade da água. Todo esse impacto é diretamente refletido nos macroinvertebrados, podendo reduzir a biodiversidade aquática, em função da fragmentação e desestruturação dos habitats.
O objetivo do trabalho foi analisar a diversidade de macroinvertebrados bentônicos em cinco pontos do Igarapé Melgaço, que atualmente vem sofrendo perturbações antrópicas ocasionadas pelo aumento populacional desordenado.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no igarapé Melgaço que deságua no lago Iripixi localizado no município de Oriximiná–Pará. O crescimento desordenado nas últimas décadas vem ocasionando impactos ambientais para este igarapé como assoreamento devido ao desmatamento e contaminação da água pelos esgotos que são despejados ao longo do seu percurso. Sua nascente, no entanto encontra-se protegida por vegetação secundária, mas sofre influencia de esgoto doméstico a montante.
Foram realizadas duas coletas, em Dezembro de 2011 (período seco) e Março de 2012 (período chuvoso). Em cada período amostral realizou-se cinco subamostras às margens do igarapé, com auxílio de rede entomológica aquática (rapiché) com abertura de malha de 1mm e abertura linear de 50cm. O material coletado foi armazenando em sacos plásticos transparentes, para triagem em laboratório. No laboratório, as amostras foram analisadas in vivo, sendo realizada a triagem com auxílio de microscópio estereoscópio. Os macroinvertebrados foram fotografados e identificados taxonomicamente ao nível de Ordem e Família de acordo com Bis & Kosmala (2005) e chaves de identificação (insetos aquáticos Adolfo Ducke-2010). Os dados físico-químicos: pH, temperatura e oxigênio dissolvido, foram estimados in situ com o auxílio de aparelhos eletrônicos.
RESULTADOS:
Foram coletados 884 organismos, distribuídos em 23 taxa, como segue: Diptera(472): Chironomidae (98,94%), Ceratopogonidae(0,84%), Culicidae(0,21%); Coleoptera(226): Hydraenidae(60,17%), Dystiscidae(23%), Hydrophilidae(8,4%), Noteridae(8,4%); Hemiptera(74): Belostomatidae (48,64%), Gerridae (20,27%), Veliidae (4,05%), Hydrometridae (14,86%), Notonectidae (10,81%) e Plaeidae (1,35%); Odonata(56): Libellulidae (87,5%),Coenagrionidae(3,57%), Aeshnidae(8,92%); Hirudinea(08): Glossiphoniidae (62,5%), Erpobdellidae(37,5%); Ephemeroptera: Polymitacyidae(01); Decapoda: Palaemonidae(01); Sobeoconcha: Hydrobiidae(01); Basommatophora: Planorbidae (01).
Chironomidae ocorreu em todos os pontos amostrados. O ponto 02 apresentou maior abundância de organismos (350), com predominância para a os representantes de Chironomidae (87,4%). Enquanto no ponto 03 foram coletados 167 indivíduos, apresentando um exemplar de Polymitacyidae (Ephemeroptera), grupo considerado indicador de águas limpas. Além disso, foram estimados os seguintes valores de oxigênio dissolvido na água (mg/L): Ponto 01 (3,3-3,5), Ponto 02 (1,4-2,7), Ponto 03 (5,8-6,4), Ponto 4 (5,5-6,8) e Ponto 5 (5,5-6).
CONCLUSÃO:
A alta abundância de larvas de Chironomidae no Ponto 02, pode ser explicado pelo menor índice de oxigênio dissolvido (1,4 mg/L) e, pela alta carga de efluentes domésticos no local, visto que as larvas desses insetos são tolerantes às condições de anoxia, além de serem organismos detritívoros, que se alimentam de matéria orgânica depositada no sedimento, favorecendo sua adaptação aos diversos tipos de ambientes degradados (Goulart & Callisto, 2003). A presença de um representante de Polymitarcyidae (Ephemeroptera) reflete as melhores condições do igarapé no Ponto 03, com vegetação marginal e maiores níveis de oxigênio dissolvido (6,4 mg/L).
De uma maneira geral as águas do igarapé Melgaço apresentaram baixa diversidade de macroinvertebrados bentônicos, apresentando alta abundância e dominância de dípteros da família Chironomidae - grupo conhecido e particularmente abundante em igarapés alterados por impacto antrópico, principalmente, despejo de esgoto sem tratamento.
Pode-se observar que a degradação deste igarapé está estritamente vinculada às atividades antrópicas presentes ao longo do seu curso, como: despejo de lixo doméstico, esgoto e atividades agrícolas, contribuindo diretamente para a diminuição da biodiversidade dos macroinvertebrados aquáticos do manancial.
Palavras-chave: Insetos aquáticos