Reunião Regional da SBPC em Oriximiná
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos
PRODUÇÃO DE ENSILADO BIOLÓGICO DE PESCADO A PARTIR DE RESÍDUOS DE FEIRAS E FRIGORÍFICOS DO MUNICÍPIO DE FONTE BOA, AMAZONAS
Reinaldo Marinho da Conceição 1
Eyner Godinho de Andrade 2
Raimundo Marcos de Souza Amorim 2
1. Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fonte Boa/AM. E-mail: renne_marinho@hotmail.com
2. Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus/AM
INTRODUÇÃO:
Os impactos ambientais causados pela atividade pesqueira tem sido motivo de grandes preocupações, entre elas destacam-se as que dizem respeito às capturas acidentais e as que geram resíduos por meio de vísceras e carcaças que são descartadas e constituem uma fonte de desperdícios durante as atividades pesqueiras. Esses resíduos produzidos são os que possuem maior potencial para o aproveitamento e poderiam ser aproveitados para elaboração do ensilado biológico que podem ser utilizados na formulação de rações sendo uma alternativa que necessita de uma tecnologia relativamente simples, de baixo custo e com alto valor nutricional. Nesse sentido, o uso de técnicas que se adéquem a qualquer realidade é de suma importância para o desenvolvimento do setor pesqueiro de forma a diminuir as perdas e mitigar os impactos causados pela atividade pesqueira prolongando o uso dos recursos de forma sustentável. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é caracterizar por meio de análises físicas e químicas o fermento e o ensilado biológico produzido de resíduos de pescado oriundos das feiras e frigoríficos do município de Fonte Boa, AM.
METODOLOGIA:
Foram coletados restos do beneficiamento do pescado na feira municipal e nos frigoríficos situados no município de Fonte Boa, AM. Nas feiras também foram coletados resíduos de frutas e verduras para a fabricação do fermento biológico. Os resíduos foram transportados até o Laboratório de Tecnologia do Pescado da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) na cidade de Manaus, AM, onde foram preparados o fermento e o ensilado biológico. Para o preparo do ensilado biológico foi utilizada a seguinte proporção: repolho (41%), frutas (31%), sal (3%) e vinagre (8%). Após o preparo, o fermento biológico, foi acondicionado em saco de polietileno preto onde permaneceu até estabilizar o pH. Para elaboração do ensilado biológico foi utilizados os seguinte percentuais de ingredientes: pescado triturado (100%), farinha de trigo (30%), sal de cozinha (3% valor acumulado), e fermento biológico (10% valor acumulado). O ensilado biológico permaneceu em um balde de 60 litros coberto com plástico transparente para evitar a putrefação em contato com o ar, até a estabilização do pH. As analises físicas e químicas dos teores de umidade, proteínas, lipídios e cinza foram também realizadas no laboratório de Tecnologia do Pescado da UFAM/Manaus, AM, de acordo com as normas do Instituto Adolph Lutz.
RESULTADOS:
O fermento biológico estabilizou o pH em 4,36 enquanto o ensilado estabilizou em 3,39. O resíduo de pescado apresentou teores de umidade 70,0%, proteína bruta 17,8%, lipídios 10,0%, cinza 1,7 e NIFEXT 0,4%. Por outro lado o ensilado biológico apresentou redução do teor protéico para 12,7%, umidade de 50,3%, lipídios teve redução para 5,0%, cinza aumentou para 6,6% por causa do sal adicionado e NIFEXT aumentou para 25,4%. Os resultados da composição do pescado e do ensilado biológico estão abaixo dos níveis ideais de proteínas brutas ideais para o bom desempenho da composição corpórea proposta na literatura. Terrazas et al (2002) retratam que níveis de proteínas brutas baixos podem ter influência para o baixo desempenho de Colossoma macropomum o tambaqui, por outro lado Merrola & Cantelmo (1987) utilizando 30,0% de proteína bruta na alimentação de peixes encontrou excelente ganho de peso no cultivo. Padilha-Pérez et al., (2001) produzindo ensilado a partir de resíduos de piramutaba Brahyplatystoma vaillantii na proporção de 36 (ração 1- R1), 24 (R2), 12 (R3) e 0 (R4), na formulação de rações tiveram uma tendência do maior ganho de peso corpóreo em C. macropomum no ensilado com que constitui a R1, entretanto estatisticamente esses resultados não foram significativos (p>0,05).
CONCLUSÃO:
Embora a silagem se constitua em um método eficaz para hidrolisar as proteínas tornando-as mais disponíveis, é necessário adicionar outros ingredientes a ração para promover o correto balanceamento entre proteínas e energia, a fim de satisfazer as necessidades diárias dos peixes e outros animais que se queira alimentar. Tais observações já foram propostas por outros pesquisadores que afirmaram que os resultados propostos em seu trabalho são encorajadores e sugerem a realização de um rearranjo em ingredientes na elaboração de rações com a finalidade de torná-los uma boa alternativa para a alimentação de peixes.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)
Palavras-chave: Ensilado biológico