Reunião Regional da SBPC em Oriximiná
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
VER O MUNDO COM AS MÃOS: O ENSINO DE CIÊNCIAS PARA CEGOS
Adriana Vanessa Ribeiro Mafra 1
Bruna Cristine Martins de Sousa 2
Carlos José de Melo Moreira 3
Iracenildo Costa da Silva 4
1. Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
2. Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
3. Prof. MSc./ Orientador - Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Oeste do Pará
4. Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
INTRODUÇÃO:
A educação no Brasil, historicamente relegada a segundo plano nas prioridades das políticas públicas nacionais, encontra-se hoje sufocadas por problemas de várias ordens. É na perspectiva de tornar o sonho da escola inclusiva em realidade que essa pesquisa foi realizada. A convivência do aluno deficiente visual com alunos videntes e com o professor em sala de aula está longe de ser algo natural e tranquila didaticamente. O ensino-aprendizagem acontece de forma satisfatória quando o professor consegue mobilizar o seu aluno ao questionamento e a produção de argumentos que favoreçam uma resposta positiva na construção de conhecimento. Quando este fato não ocorre, temos o que chamamos de dificuldades de aprendizagem. Para alunos com necessidades visuais este aspecto deve ser minuciosamente estudado e isso parte da busca por metodologias que auxiliem nesta aprendizagem inclusiva. Para o cego, a inclusão no mundo dos que vêem acontecem pela sensibilidade tátil dos dedos das mãos, pelo uso adequado de bengalas, pelos olhos dos outros etc. O cego tem a sua identidade e cultura. Neste sentido, esta pesquisa teve por objetivo, a realização de um estudo de caso focado na aprendizagem de um sujeito com deficiência visual, a fim de analisar métodos didáticos utilizado em sua rotina escolar.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada foi o estudo de caso, sendo escolhido um sujeito de 14 anos, do sexo feminino, com deficiência visual total, estudante da 5ª. Série de uma escola municipal de Santarém/Pa. Fez parte deste estudo a observação em sala de aula por mais de 30 dias, a entrevista semi-estruturada e a aplicação de questionários. Para análise dos dados coletados foi utilizado o pensamento de pesquisadores como Haydt (2006); Selbach (2010); Canau (2007); Bertolini (2011); Camargo (2006); Horton (2005); Pereira (2009); Cury (2005) dentre outros que pesquisam sobre deficiência visual, didática e inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais.
RESULTADOS:
A partir das observações e das entrevistas constatamos que: - o sujeito analisado é cego congênito; - o sujeito tem boa memória, boa audição, percepção e boa fala; - que o sujeito tem dificuldades de aprendizagem principalmente em biologia; - que o sujeito não tem domínio do código de braile; - o conteúdo das aulas não é disponibilizado pelo professor com antecedência para o sujeito; - que o professor não trabalha com textos em braile, nem com figuras, nem com gravações em cd; - ninguém em sala de aula faz leitura do que está escrito no quadro e nem lê os textos dados em sala para o sujeito estudado; - o sujeito apresentou grande motivação para a aprendizagem; - o uso de material didático palpável contribuiu com a aprendizagem de ciências; - o sujeito ouve com atenção as aulas e explicações, memoriza e consegue repetir o conteúdo, porém, sem se ter um sentido mais amplo e real do que sejam os conceitos dados. Diante dos dados apontados, verificamos que os professores deste sujeito com deficiência visual precisam levar em consideração toda sua estrutura física e intelectual diferenciada. A didática e metodologia de trabalho do ensino de ciências deve se pautar em ferramentas táteis onde o cego possa enxergar com os outros sentidos como o tato, o paladar, o olfato e a audição.
CONCLUSÃO:
Concluímos que a escola se torna inclusiva a medida que reconhece a diversidade que constitui seu alunado e a ela responde com eficiência didático-pedagógica. Para responder às necessidades educacionais de cada aluno há que se adequar os diferentes elementos curriculares, de forma a atender as peculiaridades de cada um dos alunos. Nesta perspectiva, a formação de professores nos aspectos da educação inclusiva permanece com uma necessidade urgente, sendo necessário ajudá-los a vencerem as suas resistências à mudança de modo ao ultrapassarem as limitações de sua didática e diferentes métodos utilizados em sala de aula. Para melhorar a aprendizagem do sujeito estudado torna-se necessário a utilização de material tátil enquadrando-se na conceituação de maquetes e objetivos que além de poderem ser vistos também podem ser tocados e manipulados. Estes materiais referem-se a equipamentos que estabelecem interfaces táteis e tátil visual entre o conteúdo a ser informado e o receptor da informação, estabelecendo comunicações táteis entre um determinado conteúdo e os estudantes cegos ou com baixa visão, ou comunicações tátil-visual entre um determinado conteúdo e estudantes videntes. Faz-se necessária a capacitação do professor de ciências no que diz respeito à habilidade do uso do braile.
Palavras-chave: Material Didático