Reunião Regional da SBPC em Oriximiná
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
PROGRAMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM ORIXIMINÁ/PA
Adriana Russi Tavares de Mello 1
Daniela Biason Gomes Diana 2
Fernando Cabral Morselli Guerra 3
Richard Lorenz 4
Sônia Maria Lopes Maciel 5
Gilmar Rocha 6
1. Departamento de Artes e Estudos Culturais, Polo Universitário de Rio das Ostras - UFF / RJ.
2. Departamento de Artes e Estudos Culturais, Polo Universitário de Rio das Ostras - UFF / RJ.
3. Departamento de Artes e Estudos Culturais, Polo Universitário de Rio das Ostras - UFF / RJ.
4. Departamento de Artes e Estudos Culturais, Polo Universitário de Rio das Ostras - UFF / RJ.
5. Departamento de Artes e Estudos Culturais, Polo Universitário de Rio das Ostras - UFF / RJ.
6. Prof° Dr./ Orientador - Departamento de Artes e Estudos Culturais, Polo Universitário de Rio das Ostras - UFF / RJ.
INTRODUÇÃO:
O PURO/UFF desenvolve o programa de extensão Educação Patrimonial em Oriximiná/PA na área de memória social e preservação do patrimônio cultural brasileiro neste município paraense desde 2008. Em 2011 realizamos uma pesquisa com financiamento do PROEXT 2010 – MEC/SESu, fruto de parcerias interinstitucionais. O inventário do artesanato tradicional abordou e coletou dados em comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, rurais de terra firme. Os resultados desta pesquisa serão utilizados futuramente nas ações voltadas à formação de professores-pesquisadores em que o artesanato é entendido como um fato social total com desdobramentos estéticos, simbólicos, políticos, econômicos e outros em suas dimensões material e imaterial. No que tange a participação discente, o programa envolve graduandos de Produção Cultural, Psicologia, Serviço Social e Ciências da Computação, para uma formação técnico-científica complementar à formação acadêmica. Não obstante, destacam-se como ações do programa a formação continuada de educadores voltadas para o patrimônio, bem como para a concepção de uma metodologia inovadora que articula etnografia e trabalhos por projeto na educação formal e, consequentemente, pode fomentar a preservação do patrimônio cultural material e imaterial local.
METODOLOGIA:
Para a pesquisa do artesanato realizamos em 2009 uma etapa de pesquisa de campo em Oriximiná, de caráter etnográfico, para fazer o mapeamento preliminar de áreas, comunidades e possíveis artesãos a serem visitados durante a coleta de dados do inventário propriamente. Este mapeamento considerou as localidades indicadas por membros da Secretaria Municipal de Educação de Oriximiná. O inventário foi desenvolvido por docentes e discentes da equipe em três etapas de pesquisa de campo: duas em 2010 e uma em 2011. Empregamos a Metodologia do Inventário do Patrimônio Cultural do Estado do Pará (IPC/PA), na categoria saberes e fazeres. Esta metodologia foi concebida a partir do INRC/IPHAN (Inventário Nacional de Referências Culturais do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) e do SICG (Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão). Assim, esta foi uma pesquisa de caráter etnográfico, para a qual empregamos a observação participante com registros audiovisuais, acompanhamento da coleta da matéria-prima e de seu processamento para uso na confecção dos artefatos artesanais, identificação dos usos dos artefatos, preenchimento de ficha.
RESULTADOS:
Para a análise dos dados utilizamos a taxonomia do artesanato já estabelecida e organizada por Berta G. Ribeiro (1988, 1987). No total visitamos 31 comunidades (13 quilombolas, 14 ribeirinhos, 01 rural terra firme, 03 indígenas) onde entrevistamos 125 artesãos (62 quilombolas, 38 ribeirinhos, 04 rurais de terra firme, 21 indígenas). Sobre gênero e faixa etária dos artesãos: 58% masculino e 42% feminino sendo que 51% dos entrevistados são adultos maduros, 22% adultos jovens, 22% idosos, 05 % jovens. Foram identificados 64 tipos distintos de artefatos confeccionados nas seguintes tecnologias: trançado (palha e tala), utensílios de madeira, cerâmica, adornos, cordões e tecidos. O trançado está presente em 90% das comunidades visitadas, utensílios de madeira em 58% das comunidades, cerâmica 29%, adornos em 13% delas e em apenas 3% das comunidades identificamos a produção de cordões e tecidos. A matéria-prima é predominantemente de origem vegetal o que revela grande conhecimento por parte dos artesãos do manejo das espécies utilizadas.
CONCLUSÃO:
Podemos afirmar que muitos utensílios artesanais aprendidos de geração em geração, que em nossa pesquisa consideramos como tradicionais tem sido, com o passar dos anos, substituídos por outros objetos industrializados. Como toda manifestação cultural aquelas que observamos nas comunidades de Oriximiná evidenciam mudanças e adaptações ao mundo contemporâneo o que leva também ao desuso de certos artefatos artesanais. A maioria dos artesãos é composta por adultos maduros. Este dado, como outros da pesquisa, merece análises posteriores. O resultado desta pesquisa será empregado com desdobramentos na formação de professores-pesquisadores da rede pública de Oriximiná. Entre os produtos gerados, além de trabalhos acadêmicos, podemos citar o catálogo do inventário (livro impresso colorido) e o filme documentário de curta metragem que apresenta resumidamente a abordagem metodológica para a realização do inventário.
Instituição de Fomento: MEC/Sesu Proext 2010
Palavras-chave: Patrimônio