Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
Avaliação do desenvolvimento biológico e taxa de oviposição do Mononychellus tanajoa em espécies silvestres de Manihot
Verônica de Jesus Boaventura 1
Aloyséia Cristina da Silva Noronha 2
Alfredo Augusto Cunha Alves 3
1. Bolsista da Embrapa - CNPMF
2. Pesquisadora Dra. em Acarologia da Embrapa Amazônia Oriental
3. Pesquisador PhD em Fisiologia vegetal da Embrapa/LABEX-USA, NCGRP/ARS/USDA
INTRODUÇÃO:
Os ácaros são considerados uma das principais pragas que afetam o cultivo da mandioca no Nordeste, principalmente no semi-árido (Fukuda et al., 1996). Existem várias formas de controle desta praga, sendo a resistência varietal uma das maneiras mais simples e econômicas. No Brasil, dos 1196 acessos de mandioca avaliados em quatro ecossistemas do semi-árido nordestino, foram identificados alguns genótipos com tolerância ao ácaro verde (Mononychellus tanajoa Bndar), cujo comportamento variou de acordo com o local de avaliação (Fukuda et al., 1996). Altos níveis de resistência foram encontrados no banco de germoplasma de mandioca do Nordeste (Noronha e Fukuda, 1989). Entretanto, a produtividade da mandioca é afetada durante os períodos de seca prolongada comuns nessa região do Brasil, em parte pela ocorrência de M. tanajoa, considerando-se importante a seleção de genótipos de mandioca resistentes ao ácaro verde para uso em programas de controle integrado (Argolo et al.,2005). Este trabalho relata resultados de aspectos biológicos de M. tanajoa em genótipos silvestres e domesticados de Manihot como parte de um estudo para utilização de espécies silvestres de mandioca como fonte de resistência a estresses bióticos.
METODOLOGIA:
O estudo foi conduzido no laboratório de Entomologia da Embrapa/CNPMF, a 25±1°C, 70±10% de UR e 12h de fotofase. Fêmeas de M. tanajoa ovipositaram em folhas novas, de acessos de sete espécies silvestres da área experimental da Embrapa/CNPMF: M. peruviana, M. glaziovii, M. dichotoma, M. caerulescens, M. irwinii, M. compositifolia, Manihot spp. Após 24 horas, as fêmeas foram retiradas do substrato. As larvas, após a eclosão, foram individualizadas em discos de folhas das espécies de Manihot, depositados sobre espuma umedecida com água destilada em placas de Petri. A cada dois dias os ácaros foram transferidos para novos discos. Após a emergência dos adultos, as fêmeas foram mantidas individualizadas para avaliação da taxa de oviposição pelo período de 10 dias. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com 50 repetições por genótipo. Cada parcela foi constituída por um ácaro. Os dados foram submetidos à análise de variância e os genótipos agrupados pelo teste de Scott-Knott.
RESULTADOS:
O período de ovo a adulto de M. tanajoa foi de 12,85±7,93 dias, variando de 11,39 a 14,87 dias, com discriminação somente de um agrupamento, não havendo diferença estatística significativa entre os genótipos (Figura 1). A taxa de oviposição foi de 2,07±1,61 ovos por fêmea por dia variando de 0,37 a 3,25 ovos/fêmea/dia, com discriminação de quatro agrupamentos. Os genótipos PER-002V com 3,25 ovos/fêmea/dia e DIC-472 com 3,13 ovos/fêmea/dia proporcionaram maiores taxas formando um agrupamento, enquanto que as menores taxas de oviposição ocorreram nos genótipos GLA-590-12 e COM-DF-04, com 0,37 e 0,48 ovos/fêmea/dia, respectivamente (Figura 2). Os períodos de desenvolvimento de ovo a adulto de M. tanajoa obtidos neste trabalho foram semelhantes aos verificados por Argolo et al. (2005) para variedades de M. esculenta provenientes de casa de vegetação e por Noronha et al. (2007) em genótipos silvestres de Manihot cultivados em campo. Apesar do desenvolvimento de M. tanajoa não ter sido afetado nos diferentes genótipos, verifica-se que a taxa de oviposição pelo período de dez dias discriminou quatro agrupamentos. Isso sugere que esse parâmetro pode ser utilizado para a separação de genótipos em estudos sobre fontes de resistência ao M. tanajoa.
CONCLUSÃO:
Os genótipos silvestres proporcionaram menor fecundidade de M. tanajoa em relação a genótipos de M. esculenta (espécie cultivada), o que indica a existência de fontes de resistência em níveis mais elevados nos genótipos silvestres.
Palavras-chave: Manihot silvetsre