Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
Comida rua e segurança alimentar: desenvolvimento de estratégias de intervenção num projeto de extensão universitária
Marcos Pereira Santos 1
Vilmara Almeida dos Santos 1
Laiana Nascimento Lôbo 1
Vanessa de Souza Rodrigues Matos 1
Isabella de Matos Mendes da Silva 2
Fernanda Freitas 2
1. Estudante de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, UFRB
2. Docente, Centro de Ciências da Saúde, UFRB
INTRODUÇÃO:
A definição para comida de rua compreende alimentos e bebidas preparados e/ou vendidos por vendedores nas ruas e outros locais públicos para consumo imediato ou posterior, que não necessitam de etapas adicionais de preparação. A segurança alimentar e nutricional, é definida como realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. O comércio informal de alimento pode ser entendido como uma realidade de dupla face: absorve um crescente número de sujeitos, favorecendo a geração de emprego e a redução da pobreza, por outro, alimenta parcela da população, especialmente de baixa renda. Entretanto, oferecendo risco a saúde publica, pela veiculação de patógenos. Tendo em vista a presença deste tipo de comércio na cidade de Santo Antonio Antônio de Jesus, o considerável número de pessoas que utilizam esses serviços de alimentação informal e a ausência de programas que objetivem orientar os ambulantes, este trabalho de extensão visou desenvolver estratégias de intervenção no setor informal de alimentos no município.
METODOLOGIA:
Trata-se de um relato de experiência do projeto Alimento Seguro no Comércio informal de Santo Antônio de Jesus, desenvolvido entre janeiro de 2009 a julho de 2010. O estudo foi composto por etapa diagnostica, na qual 14 pontos informais que comercializam lanches foram inspecionados e realizado análise microbiológica de coliformes a 30ºC e Staphylococcus aureus em lanches de maior comercialização. Na etapa de intervenção, selecionou-se 4 pontos para educação sanitária, desenvolvida no CCS/UFRB, na residência do ambulante e nos pontos de comercialização. Após a intervenção realizou-se a avaliação das ações por meio de aplicação de lista de inspeção e análise microbiológica dos lanches.
RESULTADOS:
100% dos manipuladores apresentavam falhas quanto às condições higiênicas e 80% das amostras apresentaram valores de Staphylococcus aureus acima do permitido pela RDC nº12/2001 da ANVISA, caracterizando práticas de manipulação inadequadas. 90% das amostras apresentaram elevadas contagens de coliformes totais determinando práticas higiênicas insatisfatórias. A capacitação dos manipuladores de alimentos alcançou mudanças nas atitudes nas etapas processamento, produção, e venda. Além disso, mudanças físicas foram observadas, como, por exemplo, compra de um novo carrinho de um ponto de venda de cachorro-quente e ampliação da área de produção de um trailer de comercialização de sanduíches. A avaliação e monitoramento das ações de educação sanitária permitiram a readequação dos pontos críticos identificados, como uso de anti-séptico antes e após a etapa de manipulação, implementação de sanitização dos alimentos crus, refrigeração ingredientes perecíveis, controle de pragas nos pontos. No entanto, persistem dificuldades, como ausência de água encanada nas praças, para utilização nas atividades de manipulação de alimentos. A adoção de educação “não normatizadora, problematizadora e dialogal” foi imprescindível na ampliação e troca de saberes entre discentes, docentes e vendedores.
CONCLUSÃO:
A sensibilização de vendedores e manipuladores de alimentos de rua é uma ferramenta que permite re-posicionar os indivíduos deste cenário para execução de boas práticas e, por conseguinte, garantir a produção do alimento seguro, bem como subsidiar políticas de orientação a este setor. O trabalho revelou também a necessidade de ampliação das ações, como desenvolvimento de estratégias de sensibilização dos consumidores, no intuito de exigir condições adequadas de produção de alimentos.
Palavras-chave: Comida de rua , Intervenção , Extensão.