Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
A APIFAUNA (HYMENOPTERA: APOIDEA) VISITANTE DE Ipomoea spp. (CONVOLVULACEAE) EM UM FRAGMENTO URBANO DE MATA ATLÂNTICA, SALVADOR, BAHIA, BRASIL
Joicelene Regina Lima da Paz 1
Camila Magalhães Pigozzo 2
1. Graduada em Lic. em Ciências Biológicas - UNIJORGE
2. Profª. Drª. - Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE) - Orientadora
INTRODUÇÃO:
A família Convolvulaceae possui distribuição cosmopolita, incluindo aproximadamente 50 gêneros e cerca de 2.000 espécies. No Brasil ocorrem 18 gêneros e cerca de 300 espécies. São freqüentemente ervas ou subarbustos ou mais freqüentemente lianas e trepadeiras. O gênero Ipomoea é o maior, com cerca de 500 espécies. Seus representantes apresentam flores tubulosas, e geralmente oferecem pólen e néctar para os seus visitantes. Possuem flores efêmeras e são bastante atrativas a insetos, principalmente às abelhas, freqüentemente responsáveis pela polinização da maioria das espécies de Ipomoea. Com grande importância florística no país, as Convolvulaceae são bastante comuns como lianas de bordas de florestas, e muitas ocorrem freqüentemente como invasoras de culturas agrícolas, comportando-se como plantas daninhas. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo fazer o levantamento da apifauna associada a três espécies trepadeiras de Ipomoea em um fragmento urbano de Mata Atlântica, no município de Salvador (BA), bem como avaliar os recursos florais ofertados e sugerir potenciais polinizadores das espécies em questão, desta forma, subsidiar informações sobre a biologia reprodutiva e mecanismos de polinização destas plantas para a elaboração de programas de manejo, controle e conservação.
METODOLOGIA:
O presente estudo foi desenvolvido em um remanescente urbano de Mata Atlântica secundária do 19º Batalhão de Caçadores (BC), sob guarda e jurisdição do Exército Brasileiro, localizado no município de Salvador (BA). O fragmento em estudo possui uma área de aproximadamente 240 ha e possui um clima classificado como tropical quente e úmido, com temperatura anual média de 25,3° C. As espécies estudadas foram: Ipomoea asarifolia (Ders.) Roem. & Schult., I. bahiensis Willd. e I. eriocalyx (Mart. ex Choisy) Meisn. As coletas dos visitantes florais foram realizadas durante os meses de dezembro de 2007 a junho de 2008, com idas mensais pontuais, durante toda a longevidade floral de cada uma das espécies em estudo. As abelhas foram amostradas com auxílio de rede entomológica e frascos de vidros contendo acetato de etila diretamente nas flores. Os espécimes testemunhos encontram-se depositados na coleção entomológica do Laboratório de Invertebrados do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE).
RESULTADOS:
Foram coletados no total n = 68 espécimes, pertencentes a 14 espécies, provenientes de 2 famílias de abelhas: Halictidae (Augochlora sp1, Augochlora sp2 Augochlora sp3, Augochlora sp4) e Apidae: Mellitoma segmentaria, Trigona fuscipennis, Trigona spinipes. Dentre as espécies listadas, são quatro registros de novas espécies Halictidae: Augochlora sp. 5 (sp. nova) e Apidae: Ceratinula (Crewella) sp1 (sp. nova) e Ceratinula (Crewella) sp2 (sp. nova), Ceratinula (Crewella) sp3 (sp. nova). A espécie I. I. bahiensis apresentou o maior número de espécies: 13, ao passo que I. eriocalyx e I. asarifolia apresentaram, 6 e 4 espécies, respectivamente. Ceratinula (Crewella) sp3 (sp. nova) foi a espécie mais abundante (n = 18 espécimes). As espécies são compatíveis, apresentando formação de fruto mesmo na ausência do polinizador. As flores compartilhavam a guilda de visitantes florais de abelhas, e todas ofereciam aos seus visitantes néctar e pólen com recompensa floral. As espécies novas de abelhas foram consideradas as potenciais polinizadoras exercem um papel importante na polinização das espécies em estudo, pois estas contatavam as estruturas reprodutivas das flores, sujavam o tórax com vários grãos de pólen, os quais entravam em contato com a superfície estigmática.
CONCLUSÃO:
As abelhas desempenham um papel importante na polinização das espécies em estudo, entretanto, a polinização cruzada foi considerada ocasional, não necessariamente obrigatória. A autocompatibilidade das espécies e a ampla guilda de visitantes florais são indícios do caráter generalista e oportunista da polinização das espécies, o que facilita o estabelecimento dessas espécies em ambientes perturbados, sendo consideradas plantas com características pioneiras na colonização do ambiente.
Palavras-chave: Abelhas, Plantas daninhas, Polinização generalizada.