Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 4. Sociolingüística
Um breve olhar sobre os tabus linguístico no Atlas Linguístico da Bahia e de Sergipe
Laura de Almeida 1
1. Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
INTRODUÇÃO:
Trabalhamos com o campo semântico “ciclos da vida” presente no Questionário Semântico-Lexical (QSL), abordamos o termo “entrar na menopausa”. A análise utiliza apenas das respostas dadas ao QSL, versão 2001 do questionário do AliB, cuja pergunta 122 do QSL é: “Numa certa idade acaba a/ o __________ .Quando isso acontece se diz que a mulher ____?”
Para levantamento e análise dos dados foram considerados como parâmetro os modelos de estrutura dos tabus linguísticos encontrados, a tipologia desses tabus, a estrutura lexical e gramatical e os universos de discurso, tudo sob a luz dos estudos lexicológicos e terminológicos. Apresentamos uma taxionomia dos processos dos tabus linguísticos, bem como dos graus de integração e aceitabilidade pelos informantes nos atlas linguísticos pesquisados.
O corpus constitui-se dos dados constantes das cartas geolinguísticas dos seguintes atlas linguísticos estaduais: Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB) e Atlas Linguístico de Sergipe (ALS I). No final da análise do termo pesquisado, fizemos uma análise comparativa entre os dois Atlas Linguísticos mencionados a fim de verificarmos qual foi a tipologia do tabu linguístico que predominou nessa análise e qual termo teve maior incidência de variantes linguísticas classificadas como tabus linguísticos
METODOLOGIA:
O corpus é constituído pelas respostas dadas nas entrevistas realizadas em dois atlas linguísticos estaduais: o Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB) e o Atlas linguístico de Sergipe I (ALS I). Fizemos dois tipos de análises:, uma análise quantitativa, elaborada com base em tabelas que demonstrem as variantes linguísticas, suas ocorrências e frequências a fim de constatarmos quais os termos de maior incidência em cada atlas linguístico, e uma análise qualitativa, onde propomos uma tipologia dos tabus linguísticos com base na tipologia de GUÉRIOS (1979, p.12), excluindo as modificações fonéticas, pois muitas delas demonstravam o falar rural típico da região. Guérios ressalta que o recurso empregado são meios indiretos e meios diretos dissimulados, i.e., substitutos que velem de qualquer modo o ser sagrado-proibido.
RESULTADOS:
Na análise quantitativa do APFB destacamos: “amarrar o facão” (41), “cair o facão” (1) e “quebrar o facão” (1), totalizando 43 ocorrências. O ALSI mostra quatro variantes linguísticas, sendo que a de maior ocorrência, “amarrar o facão” (17), coincide no APFB. Enquanto “tirar o facão”, “vai amarrar” e “se amarrou” têm uma ocorrência apenas.
Qualitativamente observamos que a palavra “facão” reincide nos dois atlas lingüísticos: “amarrar o facão”, “cair o facão”, “quebrar o facão” e “tirar o facão”. Consideramos as expressões elencadas metáforas devido a uma comparação implícita com “facão” e “amarrar”, simbolizando o fim da atividade sexual da mulher. Rossi (1965) classificou a expressão como metáfora, nos pontos em São José das Itapororocas e Tanquinho.
As semelhanças nas ocorrências encontradas podem ser explicadas devido a dados extralingüísticos: a história política dos Estados da Bahia e de Sergipe, a sua formação populacional, a semelhança de colonização, a vizinhança geográfica e a atividade de pequena lavoura predominante na área rural. Antenor Nascentes (1958) justifica com a explicação de um único falar, o “falar baiano”, a realidade linguística dos dois Estados, evidenciada pelas cartas dos atlas linguísticos da Bahia (APFB) e de Sergipe (ALS I).
CONCLUSÃO:
Embora existam peculiaridades na constituição dos diferentes atlas linguísticos publicados no Brasil, é possível que façamos estudos acerca de semelhanças e diferenças presentes neles. Tivemos por objetivo descrever os aspectos semântico-lexicais no que tange à língua portuguesa, com enfoque na identificação dos tabus linguísticos manifestados no Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB), no Atlas Linguístico de Sergipe I (ALS I).
Palavras-chave: tabu linguístico, interdito, atlas linguístico.