Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
Fauna de metazoários parasitas da pescada Macrodon ancylodon (Perciformes, Sciaenidae) do litoral do estado da Bahia
Claudia Brito de Abreu 1
Washington Luiz Gomes Tavechio 2
Gislaine Guidelli 3
1. Bolsista PIBIC da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
2. Mestrando em Ciência Animal da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
3. Professora Adjunto do CCAAB, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
INTRODUÇÃO:
A ictioparasitologia é a ciência que estuda os parasitas de peixes. Essa área vem crescendo ao longo das últimas décadas, motivada pelo crescimento da piscicultura, pois as doenças parasitárias são fatores limitantes da atividade.
Segundo pesquisadores há muito por fazer nessa área do conhecimento e existem muitas espécies de parasitas ainda não registradas ou mesmo classificadas. O estudo sobre parasitas de peixes marinhos no Nordeste brasileiro, por exemplo, é considerado um campo de conhecimento relativamente novo, onde poucos trabalhos foram realizados.
Pescada é o nome comum dado a várias espécies de peixes da família Sciaenidae. São importantes para pesca devido à qualidade da carne e grande importância econômica pelo fato de ter fácil comercialização.
Macrodon ancylodon , a pescada-foguete, como outras espécies carnívoras, apresenta rica parasitofauna, conhecida para a região Sudeste do Brasil. Porém, para o litoral Nordeste, não há estudos sobre seus parasitas. É importante conhecer a diversidade de parasitas marinhos dada à carência de pesquisas na área. Além disso, parasitas são importantes componentes dos ecossistemas e devem ser computados nos inventários de biodiversidade bem como avaliados quanto aos descritores de comunidades ecológicas.
METODOLOGIA:
Os peixes foram adquiridos mensalmente de pescadores da região de Valença, no período entre agosto de 2009 e maio de 2010. Foram transportados ao laboratório de Zoologia Aplicada do CCAAB, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, onde foram feitas anotações dos dados biométricos e do sexo e onde foram realizadas as necropsias para as análises parasitológicas.
A necropsia consistiu de exames externo e interno. Para isso foram realizadas observações das nadadeiras, pele, olhos, lábios e interior da boca. As cavidades olfativas foram lavadas com soro fisiológico a 0,65% e o líquido da lavagem foi observado sob estereomicroscópio. As brânquias foram retiradas e triadas sob estereomicroscópio.
Em seguida a cavidade visceral dos peixes foi aberta por meio de uma incisão mediano-ventral e os órgãos foram retirados, separados e observados ao estereomicroscópio para a coleta de endoparasitas. Todos os parasitas foram preparados de acordo com técnicas de rotina em Ictioparasitologia.
RESULTADOS:
Foram adquiridos 54 espécimes de pescadas. Destes, 90,7 % estavam parasitados por pelo menos uma das 16 espécies parasitas encontradas.
A fauna parasitária foi composta principalmente por trematódeos, com mais de 50% das espécies pertencentes a este grupo de helmintos, e as maiores prevalências e intensidades médias observadas também foram para Trematoda. Neste trabalho registramos pela primeira vez, um Trematoda habitando túbulos renais de peixes, sendo que algumas vezes as vias renais apresentaram-se obstruídas devido às dimensões do parasita. Relatamos a primeira ocorrência de monogenéticos do gênero Enterogyrus em Sciaenidae. O único parasita com potencial zoonótico foi Hysterothylacium sp. Para estudar alguns aspectos da relação parasita-hospedeiro verificamos a influência do tamanho e do sexo dos peixes na ocorrência de parasitas. Houve correlação positiva entre o comprimento dos peixes e a intensidade de Phyllodistomum sp. 1, e de um Digenea não identificado do intestino e correlação negativa para Pachycreadium sp. Apesar de serem comuns diferenças na infecção entre machos e fêmeas, pois são microhabitats distintos, o sexo das pescadas não influenciou a abundância parasitária, já que as médias não diferiram entre os sexos.
CONCLUSÃO:
Concluímos que a parasitofauna de M. ancylodon da região do baixo sul da Bahia é rica, contém apenas uma espécie de potencial zoonótico e somente a ocorrência de três espécies é influenciada pelo tamanho do peixe. Nossos resultados representam uma contribuição ao estudo da diversidade biológica, uma vez que fizemos novos registros e pelo menos uma das espécies encontradas, ainda não está classificada.
Instituição de Fomento: PIBIC/UFRB
Palavras-chave: Parasitas, Macrodon ancylodon, Bahia.