Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
Mortalidade materna no Estado da Bahia, 1997 a 2007
Moema de Souza Santana 1
Simone Andrade Barreto 2
Jerusa da Mota Santana 3
Elaine Rodrigues Costa 4
Joseane Costa Magalhães 5
Prof. Djanilson Barbosa dos Santos (orientador) 6
1. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
2. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
3. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
4. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
5. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
6. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
INTRODUÇÃO:
A Taxa de Mortalidade Materna (TMM) é um importante indicador das condições de vida das mulheres e da qualidade da assistência prestada no pré-natal, durante o parto e no pós-parto. Por outro lado, é também um indicador de iniqüidades, pois não somente é elevada em áreas subdesenvolvidas, quando comparada aos valores de áreas desenvolvidas, quanto, mesmo nestas, existem diferenças entre os diferentes estratos socioeconômicos.
A cada minuto uma mulher morre no mundo em decorrência do trabalho de parto ou complicações da gravidez. A mortalidade materna configura-se no Brasil como um problema de saúde pública, atingindo desigualmente as várias regiões brasileiras. É consenso que a mulheres acometidas pela morte materna são as de menor renda e escolaridade. Juntamente com as questões sócio-econômicas, emerge a questão racial.
Para o Brasil, em 2001, a TMM calculada com os dados do SIM/MS foi equivalente a 63,8 por 100.000 nascidos vivos. Essa mortalidade é extremamente elevada em relação aos países desenvolvidos, destacando-se que grande parte dos óbitos deve-se a causas diretas e, em sua maioria, evitáveis.
O presente estudo teve por objetivo estimar a Taxa de Mortalidade Materna por raça/cor e escolaridade em mulheres residentes no Estado da Bahia, entre 1997 e 2007.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo de série temporal descritivo para o Estado da Bahia, utilizando o banco de dados do Ministério de Saúde para a coleta dos valores absolutos disponíveis referentes ao número de óbitos maternos durante os anos de 1997 a 2007. O acesso ao SIM e ao SINASC, através do DATASUS, permite a coleta eletrônica dos dados e garante que representatividade dos valores para a população residente no estado da Bahia nos respectivos anos. A estratificação por raça/cor permitiu a categorização dos grupos de mulheres em: branca, preta, amarela, parda indígena e ignorada. O tratamento por escolaridade categorizou a grupos quanto ao tempo de estudo em: nenhuma escolaridade, de 1 a 3, de 4 a 7 , de 8 a 11, de 12 e mais,1 a 8 ,9 a 11 anos e escolaridade ignorada. Calcularam-se as taxas de mortalidade materna global e específica segundo raça/cor e escolaridade, considerando o número de nascidos vivos constante no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos para o período de estudo.
RESULTADOS:
Foram computados 1554 óbitos maternos neste período, conferindo uma taxa média de 60,7 óbitos/100.000 nascidos vivos. A taxa mais alta foi encontrada no ano de 2003 de 72,0 óbitos/100.000 nascidos vivos e a mais baixa em 1997 de 39,3/100.000, com retorno da tendência de subida nos anos seguintes
A análise quanto à escolaridade demonstra que a TMM é mais elevada entre as mulheres com nenhuma escolaridade, o ano de 1999 representa o período de maior TMM para esse grupo, porém a taxa em todos os anos é menor no grupo com escolaridade acima de 12 anos. Os grupos de escolaridade de 1 a 3 e de 4 a 7 anos se alternam na segunda posição quanto a TMM no decorrer da série histórica. Os anos de 97, 98 e 1999 não foram registrados óbitos nos grupos com escolaridade entre 1 a 11 anos.
Em relação as taxas de mortalidade materna por raça/cor, os resultados demonstram que é maior entre mulheres de raça/cor ignorada nos anos de 97, 98, 99 e entre as que se auto-declararam cor pardas a partir do ano 2000. A TMM entre as pardas é sempre maior do que as mulheres brancas e negras durante o período de estudo.
CONCLUSÃO:
Embora este trabalho tenha se baseado nas estatísticas oficiais, seus resultados são consistentes com a literatura. As TMM são maiores entre as mulheres com baixa escolaridade e podem ser justificadas, principalmente, pelo nível de acesso às informações, auto cuidado e precauções com a gravidez e/ou por eventuais diferenças de assistência a saúde. A análise da TMM por raça/cor pode ser influenciada pelo fato da categorização étnica/racial ser feita através de uma auto-declaração.
Palavras-chave: Mortalidade materna, Escolaridade, Raça/cor.