Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
ESTRESSE INFANTIL EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL: COMPARAÇÃO ENTRE ESTUDANTES BAIANOS E PAULISTAS.
Silvana Batista Gaino 1
Adriana Cristina Boulhoça Suehiro 2
Everson Meireles 3
Márcia Maria Bignotto 4
Marilda Emanuel Novaes Lipp 5
1. Professora Assistente. Curso de Psicologia. CCS/LABIAP/UFRB.
2. Professora Adjunta. Curso de Psicologia. CCS/LABIAP/UFRB.
3. Professor Assistente. Curso de Psicologia. CCS/LABIAP/UFRB.
4. Doutora em Psicologia Clínica. PUC-Campinas / IPCS
5. Professoras Titular. Curso de Psicologia. PUC-Campinas / IPCS
INTRODUÇÃO:
Durante o desenvolvimento a criança passa por mudanças que exigem habilidades de readaptação, seja do ponto de vista da transição do ambiente familiar para o ambiente escolar, seja do ponto de vista do funcionamento cognitivo. Tal tarefa desenvolvimental, por si só, pode ser vivenciada como fonte de estresse para muitas crianças. Tais transições, dentre elas, a passagem das operações concretas primitivas ao pleno uso da lógica indutiva ocorre durante os primeiros cinco anos do Ensino Fundamental, quando se adquire instrumentos vitais para a adaptação do indivíduo na sociedade como, por exemplo, leitura, escrita e matemática básica. De estudos realizados, sabe-se que o estresse pode potencializar ou mesmo dificultar o desenvolvimento das habilidades cognitivas, afetivas e sociais em crianças em idade escolar, sendo de fundamental importância a adoção de modelos avaliativos que sejam capazes de identificar a presença de estresse nos educandos, bem como precisar as suas fases e sintomatologia. O objetivo norteador do presente estudo foi o de avaliar o estresse infantil em escolares das séries iniciais do Ensino Fundamental das cidades de Santo Antônio de Jesus – BA e Santa Bárbara D’Oeste – SP.
METODOLOGIA:
Participaram 100 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 06 e 14 anos (Média = 8,32; DP = 1,53), matriculadas nas cinco primeiras séries do Ensino Fundamental em escolas públicas e particulares das cidades de Santo Antônio de Jesus-BA e Santa Bárbara D’Oeste – SP. Os participantes responderam um caderno de aplicação da Escala de Stress Infantil – ESI contendo: (1) 33 itens que descrevem as seguintes reações de estresse: reações físicas, reações psicológicas, reações psicológicas com componentes depressivos e reações psicofisiológicas; (2) Lista de variáveis sócio-demográficas. Os itens são respondidos numa escala tipo Likert de cinco pontos (0 = nunca acontece a 4 = sempre acontece). Os dados foram coletados individualmente em salas reservadas e adequadas para a aplicação de instrumentos psicológicos. A análise de dados foi realizada a partir de análises descritivas e análises de variância por meio do software Statistical Analysis System – SAS, v. 8.02.
RESULTADOS:
O índice de precisão do Fator Geral da ESI foi bastante satisfatório (Alfa de Crombach = 0,83). A análise dos dados revelou que 16,5% das crianças avaliadas apresentaram sinais significativos de estresse, sendo mais prevalente a fase inicial de alerta. O teste qui-quadrado revelou que o grupo paulista apresentou resultados significativamente superiores quanto à presença de estresse (X2 = 8,17; GL = 1; p< 0,004), bem como nas fases de alerta e de resistência (X2 = 32,06; GL = 3; p< 0,001), quando comparado ao grupo baiano. Análises feitas a partir dos testes de Mann-Whitney - Kruskal-Wallis e comparações múltiplas de Dunn com p<0,005, para avaliar a existência de diferenças quanto à presença de estresse e o tipo de sintomatologia em função da escolaridade, revelaram maior prevalência de estresse nas crianças da segunda série (p<0,024), com médias significativamente superiores para reações físicas entre as crianças das primeiras e segundas séries (p<0,001), sugerindo maior vulnerabilidade para somatizações.
CONCLUSÃO:
Os resultados do estudo foram compartilhados com os pais e professores das escolas onde a coleta foi realizada. Destaca-se a importância da realização de novos estudos para avaliar o impacto do estresse na aprendizagem e na qualidade de vida de crianças em idade escolar com vistas à elaboração de ações para o manejo do estresse no contexto escolar.
Palavras-chave: Avaliação Psicológica, Estresse Infantil, Ensino Fundamental.