Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
Densidade populacional de Aspergillus niger em municípios da região sisaleira da Bahia
Jurema Rosa de Queiroz Silva 1
Rafael Mota da Silva 1
Ana Cristina Fermino Soares 1
1. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
INTRODUÇÃO:
O sisal (Agave sisalana) é uma planta cultivada em larga escala no Nordeste Brasileiro, sendo o Estado da Bahia o maior produtor, contribuindo com aproximadamente 94% da produção nacional. Na região semi-árida nordestina, o sisal é a principal cultura, com enorme importância sócio-econômica, principalmente no contexto da agricultura familiar, devido à sua perfeita adaptação ao clima seco. Apesar de sua rusticidade e resistência ao ataque de insetos e fitopatógenos, devido à epiderme da folha possuir uma cutícula cerosa e espessa, nos últimos anos, a produção de sisal no sertão da Bahia vem decrescendo em função da ocorrência da doença podridão vermelha do caule. O fungo Aspergillus niger tem sido identificado como o agente causal da podridão vermelha do caule do sisal nos Estados da Paraíba e Bahia. Na literatura científica brasileira e mundial, dispõe-se de pouquíssimas informações acerca das doenças que incidem sobre a cultura do sisal e nenhuma informação sobre a densidade populacional do agente causal desta doença nas áreas produtoras baianas. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a densidade populacional do A. niger em plantas doentes e sadias de sisal e no solo em áreas representativas da região sisaleira da Bahia.
METODOLOGIA:
Amostras de plantas sintomáticas e assintomáticas de sisal e de solo foram coletadas nos municípios de Conceição do Coité, Valente, São Domingos, Barrocas, Retirolândia, Mirangaba, Jacobina, Várzea Nova, Miguel Calmon e Ourolândia, na Bahia. As coletas foram realizadas em estação chuvosa (julho/2009) e seca (fevereiro/2010), em duas localidades por município, sendo quatro amostras de plantas e uma amostra composta de solo por localidade. A densidade populacional de Aspergillus niger no solo foi avaliada pela técnica de diluição seriada (1:10) e plaqueamento em meio BDA 6% NaCl. Para as amostras de plantas utilizou-se a técnica de maceração de partes da planta superficialmente desinfestadas, seguida de diluição seriada (1:10) e plaqueamento em meio BDA 6% NaCl. Após cinco dias de incubação, foi feita a determinação da população do fungo, baseada na contagem das unidades formadoras de colônias (UFC). A análise de variância foi avaliada pelo teste de Scott & Knott a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
As maiores populações de Aspergillus niger foram encontradas nas amostras de caule de sisal quando comparadas às demais partes da planta. À exceção de Retirolândia, em todos os municípios avaliados, não foi observado crescimento de colônias do fungo nas amostras de folhas coletadas. A densidade populacional de A. niger encontrada no caule foi superior no período seco para quase todos os municípios analisados, destacando o município de Valente, que apresentou uma média de 1,33 x 105 UFC g-1 de caule. Já no período chuvoso, a maior média da densidade populacional do fungo foi observada em Retirolândia (2,62 x 104 UFC g-1 de caule). Não houve diferença significativa (P<0,05) entre a média geral da população de A. niger encontrada nas amostras de raízes entre os dez municípios estudados, considerando os períodos chuvoso e seco. Os municípios de Conceição do Coité, Valente, Barrocas e Mirangaba apresentaram uma população do fungo no solo significativamente maior (P<0,05) no período seco, sendo Valente o município o que apresentou a maior média (4,87 x 103 UFC g-1 de solo). Não foi observada a presença do fungo nas plantas sadias amostradas.
CONCLUSÃO:
As amostras de caule apresentam as maiores densidades populacionais de A. niger quando comparadas às demais partes da planta de sisal. A densidade populacional de A. niger no caule de sisal é superior no período seco. No período seco, Valente é o município que apresenta maior densidade de A. niger tanto no caule quanto no solo.
Não há crescimento de colônias de A. niger em plantas sadias.
Instituição de Fomento: FAPESB
Palavras-chave: podridão vermelha, sisal, UFC.