Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DIAMÉTRICAS DA MATA DE CAZUZINHA, EM CRUZ DAS ALMAS – BA
Israel Lopes da Cunha Neto 1
Marcelo Batista Teixeira 1
Sara de Jesus Duarte 1
Reinaldo Silva Santos 1
Marcos da Cunha Teixeira 2
Alessandra Nasser Caiafa 2
1. Graduando (a) do Curso de Agronomia - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
2. Prof. (a). Dr. (a) - CCAAB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
INTRODUÇÃO:
A substituição de grandes áreas florestadas por diferentes paisagens antrópicas leva ao estabelecimento de pequenos fragmentos florestais. Isto gera um aumento de contato do fragmento florestal com a matriz não florestal circundante. Este maior contato promove modificações nas áreas mais externas do fragmento que é denominada “borda do fragmento”, sendo estas modificações conhecidas como efeito de borda. As bordas dos fragmentos são as áreas mais submetidas a perturbações externas, dentre elas a mais importante é a modificação do micro-clima florestal. Há estudos que relatam que na borda encontramos maior diversidade, dado ao contato com o não-habitat e maior densidade de indivíduos, sendo que esse fato poderia implicar numa diminuição das classes diamétricas das espécies da borda se o efeito de borda for severo.
Recentemente transformada em reserva florestal, “Cazuzinha” é uma área de aproximadamente 11,7 ha que ainda conserva características originais da sua vegetação nativa de Mata Atlântica, e que segue sobrevivendo à política expansionista de exploração, ao crescimento urbano desordenado, bem como à falta de fiscalização.
O objetivo deste trabalho foi aferir o efeito de borda nas classes de diâmetro de um fragmento de Mata Atlântica, em Cruz das Almas – BA.
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi realizado na Mata de Cazuzinha, uma área remanescente de Mata Atlântica, situada no município de Cruz das Almas, Bahia, altitude de 220 m. O clima da região é seco e sub-úmido (C1) segundo a classificação de Thornthwaite. As médias anuais da precipitação pluviométrica e temperatura são de 1.244 mm e 24° C, respectivamente. A umidade relativa do ar é de 80%.
A amostragem das espécies arbóreas foi realizada pelo método de Quadrantes Centrados. Foram estabelecidas sete linhas, orientados da borda para o centro da mata, cada uma apresentando 100 m de comprimento. Em cada linha foram amostrados 10 pontos, equidistantes 10 metros, de onde partiram quatro quadrantes. O critério para inclusão do menor indivíduo na amostra foi 20 cm de circunferência a altura do solo (CAS). Cada indivíduo mais próximo do quadrante teve sua circunferência mensurada e posteriormente transformada em diâmetro. A amostragem totalizou 280 indivíduos.
RESULTADOS:
Foram encontradas 5 classes diamétricas. A 1ª classe variou de 6,4 a 12 cm (A), apresentando 134 indivíduos. A 2ª classe variou de 12 a 24 cm (B) e obteve 63 indivíduos. A 3ª classe variou de 24 a 48 cm (C) com 60 indivíduos. A 4ª classe incluiu 19 indivíduos de 48 a 96 cm (D). A última classe compreendeu as árvores maiores que 96 cm (E) apresentando 4 indivíduos. É visto que a estrutura diamétrica de uma comunidade vegetal pode revelar eventos do passado e prever o futuro desta comunidade. Esta estrutura diamétrica apresenta um formato semelhante ao de “J” invertido. Este padrão indica que a comunidade vegetal encontra-se em fase inicial de restabelecimento.
Após os 10 m de distância da borda, houve ausência de indivíduos em uma das classes. À exceção das distâncias 30 e 50 que não apresentaram indivíduos nas classes D e E, todas as outras não apresentaram apenas a última classe. Em teoria esperava-se encontrar um maior número de indivíduos nas maiores classes de diâmetro, o que não ocorreu. Isto pode sugerir que o efeito de borda atual não se apresenta severo e o fato da presença de muitos indivíduos jovens no interior do fragmento é um indicativo de sua regeneração e a ausência de indivíduos de maior tamanho um reflexo de uma possível exploração madeireira pretérita.
CONCLUSÃO:
Foi verificado que na Mata de Cazuzinha a estrutura diamétrica da comunidade vegetal amostrada indica que este fragmento de mata não tem sido afetado consideravelmente pelo efeito de borda, ao contrário, a presença de indivíduos adultos na periferia e de muitos indivíduos jovens no seu interior, demonstra sua potencialidade de regeneração, frente às forças externas disrruptivas.
Palavras-chave: Efeito de borda, Estrutura de Tamanho, Conservação.