Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
SINTOMAS MUSCULOESQUELÉTICOS EM TRABALHADORES: AVALIAÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
Paulo da Fonseca Valença Neto 1 2
Jefferson Paixão Cardoso 1 2
Saulo Vasconcelos Rocha 1 2
Alba Benemérita Alves Vilela 1 2
Camila Rego Amorim 1 2
1. Núcleo de Estudos em Saúde da População (NESP)
2. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
INTRODUÇÃO:
O trabalho representa atividade humana que pode ser fonte geradora de prazer e sofrimento; é sobrevivência para o homem e sustentáculo do processo de produção social. As transformações na humanidade influenciaram profundamente os modos de viver e conviver das pessoas, os modos de produção, de definição das profissões e das relações de trabalho.
Características oriundas da forma como se organiza o trabalho e se estabelecem as suas relações nesse ambiente, podem contribuir como fatores potenciais aos processos de adoecimento de trabalhadores.
Entre os agravos à saúde dos trabalhadores, as desordens musculoesqueléticas são consideradas um dos grandes motivos para a queda de desempenho e afastamento do trabalho. Elas são caracterizadas como qualquer acometimento na estrutura osteomuscular humana (músculos, tendões, nervos, fascias, aponeuroses e ossos). Podem produzir sinais e sintomas específicos. Quando o sintoma se prolonga, torna-se um problema, motivo de redução da atividade laboral, licenças e afastamento do trabalho, além da possibilidade de desenvolvimento de quadros de depressão, ansiedade e nervosismo. Este estudo objetivo descrever a distribuição entre aspectos psicossociais do trabalho e sintomas musculoesqueléticos em funcionários de uma instituição de ensino superior.
METODOLOGIA:
Estudo de corte transversal, de caráter descritivo, realizado entre março a novembro de 2009, entre funcionários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié.
Utilizou-se instrumento de coleta de dados padronizado compostos por 9 blocos de questões. Para este estudo foram analisados apenas os blocos referentes a Características sociodemográficas; Características do trabalho; Sintomatologia musculoesquelética através do “Nordic musculoskeletal questionnaire.
A coleta de dados foi realizada por entrevista individual. Para análise dos dados procedeu-se a estatística descritiva incluindo média e desvio-padrão das variáveis contínuas. As variáveis categóricas foram analisadas através da estimativa de frequência (proporções e percentuais).Os dados foram tabulados com auxilio do software EpiData e analisados com o programa estatístico R 2.10.0. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (CEP/UESB), protocolo 008/2009.
RESULTADOS:
Foram entrevistados 83 funcionários (taxa resposta= 81,37%). Observou-se que 50,6% ao sexo masculino. A média de idade foi de 37,96±11,86 anos, variando de 18 a 65 anos. O tempo de trabalho com média de 9,70±9,24 anos, variando de menor que 1 a 32 anos. A maioria dos funcionários (61,3%) trabalhava 9,7 anos ou menos em turno diurno fixo (79,2%) e 51,3% já trabalharam em outro setor. A maioria possuía vínculo efetivo (70,1%) e 76,9% possuíam outro vínculo além da universidade. A carga horária semanal total acima de 40 horas correspondeu a 75,0% dos entrevistados.
A prevalência global de SME nos últimos 12 e 7 dias meses foram 51,9% e 39,0%, respectivamente. A quantidade de segmentos corporais com SME nos últimos 12 meses foram até 4 segmentos, estes com maiores prevalências de SME (48,1%). Quando analisados nos últimos 7 dias, até 3 segmentos foram investigados, porém 54,0% dos participantes referiram SME em apenas 1 segmento corporal e 33,3% em 2 segmentos.
Quando analisado a associação entre as variáveis sociodemográficas e sintomas musculoesqueléticos (pescoço, parte superior do dorso e região lombar), observou-se associação estatisticamente significante entre sexo e SME na parte superior das costas e entre cor da pele e SME no pescoço, ambos para os últimos 7 dias.
CONCLUSÃO:
Este estudo possibilitou explorar a prevalência de sintomas musculoesqueléticos em funcionários de uma Instituição de ensino superior, demonstrando características sociodemográficas e ocupacionais específicas como possíveis fatores para surgimento, desenvolvimento e manutenção de SME. Estudos longitudinais são importantes para averiguar as condições de trabalho relacionadas aos sintomas musculoesqueléticos.
Palavras-chave: Sistema musculosquelético, Condições de trabalho, Carga de trabalho.