Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
QUAL A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE DOS PAIS NO PROJETO DE FAZER UNIVERSIDADE DOS JOVENS DE ESCOLA PÚBLICA?
Clara Letícia Carneiro de Oliveira Almeida 1
Catielli Susuani Dias da Silva 1
Sônia Maria Rocha Sampaio 2
Josineide Vieira Alves 1
1. Estudante de Psicologia da UFRB
2. Estudante de Psicologia da UFRB
3. Profª associada II do IHAC, UFBA- Orientadora
4. Profª adjunta I do curso de Psicologia da UFRB- Co-orientadora
INTRODUÇÃO:
O debate educacional por muito tempo fez uma relação direta entre o nível de escolaridade dos pais e as escolhas profissionais dos filhos, indicando que a situação cultural e social dos familiares era reproduzida no futuro destes. Porém, análises mais recentes, apontam para a complexidade da questão, indicando que a possibilidade de sucesso dos estudantes relaciona-se com as experiências que estes têm da realidade escolar. O modo como eles significam os estudos, possibilita entender porque filhos dos mesmos pais, submetidos às mesmas condições, pensam ou trilham caminhos acadêmicos ou profissionais diferenciados (CHARLOT, 2000). Desse modo, torna-se importante realizar pesquisas que problematizem a idéia de que a trajetória escolar e profissional do estudante está previamente determinada pela trajetória de seus pais. O estudo objetivou analisar a relação da escolaridade dos pais com os planos de inserção na universidade dos jovens de uma escola pública.
METODOLOGIA:
Participaram da pesquisa 96 estudantes do segundo e terceiro anos do ensino médio de uma escola pública estadual da cidade de Santo Antônio de Jesus/BA. A coleta de dados consistiu na aplicação de questionário. Aos estudantes menores de 18 anos, solicitou-se o preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido pelos pais. O tempo de duração para responder ao questionário foi de 30 a 40 minutos. O mesmo era composto de perguntas sobre a identificação do estudante, a escolaridade dos pais e dos outros membros da família; sobre práticas variadas de educação, de cultura, de esporte, de lazer e de trabalho; habitação; dados da família e sobre as aspirações e pretensões dos jovens para o futuro profissional e para o projeto de dar continuidade aos estudos, por meio do ingresso na universidade. A análise dos dados foi por meio do SPSS em que foram cruzadas as variáveis: escolaridade dos pais, planos de futuro e a influência na escolha do curso superior que os jovens pretendem.
RESULTADOS:
Os dados demonstram que a escolaridade da maioria dos pais situa-se nas categorias: não alfabetizados e ensino fundamental incompleto. No entanto, aproximadamente 60% dos jovens responderam que pretendem fazer um curso superior e trabalhar, sendo que 50% desses, são filhos de pais que não completaram o ensino fundamental; aproximadamente 16% pensam em fazer um curso superior, sem trabalhar; 11% almejam fazer um curso técnico. Os demais deram respostas que variam entre apenas trabalhar ou não sabem ainda o que irão fazer. Ao analisar o quesito sobre a principal influência na vida dos jovens para a escolha da profissão, de 68,8% que responderam a questão, a maioria (17,7%) respondeu que são os pais, seguido de leituras realizadas (14,6%) e ninguém ou nada influencia (12,5%). Os resultados indicam que mesmo os pais desses jovens não tendo curso superior, seus filhos pretendem ingressar numa universidade, contribuindo, portanto, para colocarem em xeque as teorias que defendem a reprodução da situação social e cultural dos pais pelos filhos.
CONCLUSÃO:
O estudo sugere que a escolaridade dos pais não é determinante para os planos dos filhos de inserção na universidade e aponta a necessidade de realização de mais pesquisas que busquem compreender a pretensão dos jovens de ingressarem no ensino superior como dependente de aspectos variados, para além dos estritamente familiares, como por exemplo, o papel da escola.
Instituição de Fomento: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
Palavras-chave: escolaridade dos pais, estudantes, universidade.