Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 7. Educaçao - 10. Educação Rural
A POSSIBILIDADE DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES NEGRAS NO CAMPO: O CASO REFAISA
Marta Andreia Pereira de Cerqueira 1
Georgia Araujo de Oliveira Costa 2
Renata da Silva Carmezin 3
Ludmila Oliveira Holanda Cavalcante 4
1. Graduanda em Pedagogia - UEFS
2. Graduanda em Pedagogia, Bolsista PIBIC/FAPESB - UEFS
3. Graduanda em Pedagogia, Bolsista PROBIC - UEFS
4. Prof.ª Dr.ª- Departamento de Educação - UEFS - Orientadora
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa é resultado do trabalho realizado junto ao projeto Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semi-Árido: possibilidades de uma educação socioambiental do campo (CONSEPE - UEFS181/2008), que visa discutir e avaliar a dinâmica pedagógica das escolas famílias agrícolas inseridas na Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semi-Árido (REFAISA). A EFA tem como missão a promoção da formação integral de agricultores/as familiares e trabalhadores/as rurais, tendo em vista o desenvolvimento sustentável local, mediante a educação por Alternância. A Pedagogia da Alternância princípio teórico metodológico utilizado pelas EFAs, é uma proposta diferenciada que percebe o universo pedagógico como resistência cultural à hegemônica proposta educacional implementada historicamente no rural brasileiro. O objetivo deste estudo é analisar a perspectiva da EFA frente à questão das relações étnico- raciais. Para tanto esse projeto tem como foco, o contexto de uma EFA da rede e sua dinâmica de trabalho no que concerne o debate étnico-racial. Para discutir a construção da identidade da criança/jovem negra rural, utilizamos autores como Stuart Hall (2000), Sodré (1999), Barcelar e Cardoso (1999) que nos possibilitou uma rica compreensão teórica em torno do tema.
METODOLOGIA:
Neste trabalho buscou-se o desenvolvimento do estudo através da abordagem qualitativa, que teve como metodologia o estudo de caso (ANDRÉ e LÜDKE, 1986) junto a EFA. Iniciamos os estudos participando de grupos de estudos, reuniões pedagógicas e um aprofundamento bibliográfico, os quais foram fundamentais para compreender melhor a temática. Simultaneamente aos estudos bibliográficos, demos inicio a viagens para ampliarmos a compreensão em torno do universo da EFA conhecendo, assim o contexto os quais estudávamos. Diante das visitas foi possível situar a temática, a partir daí elaboramos os instrumentos de coleta de dados e selecionamos a entrevista semi estruturada que serviram para análise. Utilizamos como sujeitos da pesquisa 08 monitores, perfazendo um total de 90% da categoria, no que concerne o quadro estudantil, tivemos a entrevistamos 15 estudantes da 7ª e 8ª série, perfazendo um universo de 20% da comunidade estudantil.
RESULTADOS:
Diante das narrativas dos sujeitos da pesquisa, foi possível perceber que os jovens chegam à EFA trazendo atitudes racistas, expressões de preconceitos e “desconhecimento” com relação às outras etnias. Os jovens ao chegar à EFA precisam conviver com a diferença, a qual muitas vezes foi colocada mediante categorizações ao outro, como “inferior”, “ruim”, “feio” dentre outros adjetivos, para os sujeitos da pesquisa, tais categorizações são advindas da convivência com a família e com a comunidade. O preconceito é aprendido socialmente, pois nenhum individuo nasce preconceituoso, ele aprende a sê-lo (GOMES, 2005, p.54). Os julgamentos raciais apresentados são frutos do contato com atitudes raciais negativas que influenciam os jovens e, a EFA tem como função trabalhar com este complexo cenário ao longo da formação no cotidiano da escola. De acordo com os monitores entrevistados, o currículo da EFA possibilita discussões que envolvem as etnias existentes no contexto. Os jovens entrevistados acham importante a exploração das raízes dos sujeitos para que possam respeita, definir-se e identificar-se enquanto grupo social e étnico. A pesquisa demonstrou que existe preocupação da escola com o tema, mas os estudantes se mostraram imaturos enquanto portadores deste discurso.
CONCLUSÃO:
A pesquisa realizada nos levou a pensar que é preciso conhecer a história, especialmente, o que foi subtraído para que se possa dar início à construção da identidade negra. A escola, neste caso a EFA, é o espaço de fundamental importância para viabilizar esta construção. O seu currículo é o meio que pode dar voz às diversas etnias existentes na escola, assim, viabilizando uma educação plural a todos os jovens.
Instituição de Fomento: PIBIC - FAPESB / PROBIC - UEFS
Palavras-chave: Educação do Campo, Pedagogia da Alternância, Identidade Negra.