Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano
DÉFICITS PSICOLINGUISTICOS EM CRIANÇAS NOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES
Zelma Freitas Soares 1
Gustavo Marcelino Siquara 2
Társis Cajado Chaves da Silva 3
Valdomiro da Paixão Santos 4
Patrícia Martins de Freitas 5
1. Estudante de iniciação científica do CCS-UFRB. Bolsista PIBEX - UFRB 2010
2. Estudante de iniciação científica do CCS -UFRB. Bolsista PIBIC/CNPq
3. Estudante de iniciação científica do CCS-UFRB.Bolsista Prefeitura-Santo Antônio
4. Estudante de iniciação científica do CCS-UFRB.Bolsista Prefeitura-Santo Antônio
5. Professora adjunta do Centro de Ciências da Saúde – UFRB, orientadora
INTRODUÇÃO:
O adequado funcionamento das funções psicolingüísticas serve de base para o bom desempenho da leitura e escrita. Crianças que apresentam déficits Psicolinguisticos têm mais chances de apresentar dislexia. A dislexia não é um transtorno que possa ser claramente diagnosticada. Existe um gradiente, indo desde boa até a má leitura, e o ponto onde podemos traçar uma linha e dizer que as crianças abaixo desta são candidata ao rótulo de “disléxicas” é demasiadamente arbitrário. A avaliação da função psicolingüística possibilita identificação precoce de alterações das funções neuropsicologicas no curso do desenvolvimento podendo evitar posteriores consequências educacionais e sociais. As habilidades desenvolvidas no estágio inicial da leitura contribuem para o desenvolvimento da consciência fonológica mais complexa. O processo de alfabetização requer das crianças um desencadeamento de habilidades que só poderão ocorrer com funções neuropsicolingüísticas em estado normal. Tarefas específicas possibilitam acesso às funções Psicolinguística. O presente trabalho teve como objetivo identificar crianças com déficits psicolinguísticos da compressão e produção oral nos níveis Fonológico, Lexical e Semântico, que podem ser indícios de Transtornos de Aprendizagem, como a dislexia.
METODOLOGIA:
Participaram do estudo 255 crianças na cidade de Santo Antônio de Jesus-Ba. 61,57% de escolas públicas, 53,33% do sexo masculino com idade média de 5,87 anos (dp=1,42 anos).A avaliação ocorreu a partir da assinatura pelos pais do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As Tarefas da Produção Oral do componente Fonológico foram Discriminação de Fonemas (DF) e Detecção de Rimas (DR), do Lexical foi a de Decisão Lexical (DL) e Semântica foram Associação Semântica Palavra-Figura (ASPF) e Associação Semântica Figura-Figura (ASFF). As Tarefas da Compreensão Oral do Fonológico foi Julgamento de Rimas (JR), do Lexical foi a de Repetição de Palavras e Pseudopalavras (RPP) e do Semântico foram Nomeação de Figura (NF) e Fluência Verbal (FV). As referidas tarefas fazem parte da Bateria de Avaliação Neuropsicológica do Processo Lexical–BANPLE. Inicialmente foram identificadas crianças que ficaram abaixo do primeiro desvio padrão nas tarefas e posteriormente foi feita a correlação de Spearman.
RESULTADOS:
Os déficits em cada tarefa foram: 3,37% na tarefa de DF, 5,1% na de DR, 11,76% na de JR, 5,49% na DL, 5,49% na de RPP, 9,8% na de ASFF, 7,84% na de ASPF, 7,05% na de NF e 8,63% na de FV. Os resultados de correlação entre as tarefas foram positivos. A correlação da tarefa de RPP com ASPF (ρ=0,38, p<0,001), com FV (ρ=0,32, p<0,001), JR (ρ=0, 38, p<0,001), ASFF (ρ=0, 34, p<0,001) e com de DR (ρ=0, 38, p<0,001) foram baixas. Houve correlação moderada entre: a tarefa de RPP com a de DF (ρ=0,44, p<0,001), NF(ρ=0,41, p<0,001) e DL(ρ=0,55, p<0,001); ASPF com DF (ρ=0,59,p<0,001), FV(ρ=0,51,p<0,001), JR(ρ=0,59, p<0,001), NF ρ=0,52 , p<0,001), ASFF(ρ=0,63, p<0,001), DL(ρ=0,54, p<0,001) e DR(ρ=0,58, p<0,001) ; DF com FV(ρ=0,44, p<0,001), JR(ρ=0, 62, p<0,001), NF(ρ=0, 54, p<0,001), ASFF(ρ=0,55, p<0,001), DL(ρ=0, 59, p<0,001), e DR(ρ=0,59, p<0,001); a tarefa de FV com JR(ρ=0,46, p<0,001), NF(ρ=0,56, p<0,001), ASFF(ρ=0,54, p<0,001), DL(ρ=0,49, p<0,001), DR(ρ=0, 48, p<0,001); a de JR com NF (ρ=0,54, p<0,001) ASFF(ρ=0,61, p<0,001), e DL(ρ=0,57, p<0,001); NF com a de ASFF(ρ=0,56, p<0,001), DL(ρ=0, 52, p<0,001) e DR (ρ=0,56, p<0,001); ASFF com DL(ρ=0,47, p<0,001) e DR(ρ=0,59, p<0,001); DL com DR(ρ=0,54, p<0,001). Houve alta correlação entre a tarefa de JR e DR (ρ=0,72, p<0, 001).
CONCLUSÃO:
O processo inicial de leitura e escrita é algo complexo que exige da criança o bom desempenho das funções psicolingüísticas. Investigar o nível das funções psicolingusticas nas crianças em fase escolar inicial possibilita entender as dificuldades específicas e consequentemente facilita os caminhos a serem norteados no processo de ensino-aprendizado. A importância em investigar déficits psicolingüísticos nos primeiros anos escolares está atrelada a necessidade da intervenção precoce dos déficits.
Palavras-chave: Avaliação Neuropsicológica, Dislexia, Funções psicolinguisticas.