Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 7. Educaçao - 15. Formaçao de Professores (Inicial e Contínua)
A formação emergencial de professores de Biologia: os desafios para o sistema educacional do Timor Leste
Umberto Euzebio 1
André Luiz da Costa Moreira 2
Wagner Pereira da Silva 3
1. Professor Dr. Universidade de Brasília, bolsista da CAPES (PQLP/Timor Leste)
2. Graduado em Ciências Biológicas, bolsista da CAPES (PQLP/Timor Leste)
3. Mestrando em Zoologia - Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
INTRODUÇÃO:
O Timor Leste conquistou a sua independência em 2002, optando como línguas oficiais pelo português, a língua de instrução e o tétum a língua nacional. Desde então, estimula a expansão do português e todos os sistemas de organização administrativa passam a ser implantados e, no sistema bilíngüe. Na educação, devido à carência de professores habilitados foram criados os bacharelatos de formação emergencial de professores para aqueles que estão em exercício. Esses cursos têm duração de 1800 horas, divididos em blocos de disciplinas: básicas gerais, básicas da especialidade e específicas, em três semestres com 600 horas cada. Os dois primeiros blocos são comuns a todos os cursos enquanto que o terceiro é constituído por um conjunto disciplinas de cada área do conhecimento de acordo com o curso em questão. O curso de Biologia é constituído de por um conjunto de 12 disciplinas que, apesar de incluir atividades práticas, não apresenta quase que nenhuma estrutura para esse tipo de atividade. As condições de infraestrutura física para o funcionamento também são comprometedores desde as salas de aula até o fornecimento de energia elétrica e material didático. O objetivo desse trabalho é analisar dentro dessas condições, o processo de formação de professores de Biologia em Timor Leste.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2010 com alunos -professores em Timor Leste caracterizada pela forma descritiva e exploratória combinada com estudo de caso. A abordagem da pesquisa foi qualitativa e os dados obtidos com a aplicação de dois questionários, inicial e final, entrevistas informais e, por observações do ambiente de ensino, com anotações de todas as informações e das impressões nos diálogos informais individuais ou em grupos. Foram feitas observações em salas de aula, aulas de campo e nos intervalos de aulas e, entrevistas nas aulas de campo e nos tempos livres, exclusivamente no ambiente escolar. Além dos alunos, foram feitas observações e entrevistas informais, com menor freqüência, dos professores e da direção da Instituição. A análise dos resultados foi feita comparando-se com dados bibliográficos de livros, periódicos e documentos oficiais. Os dados foram analisados a partir da seleção das informações em categorias de acordo com o objetivo proposto.
RESULTADOS:
A faixa etária dos alunos de formação emergencial de professores varia entre 37 e 59 anos, o que está de acordo com a proposta do curso que visa atender professores em exercício e sem formação. A pesquisa mostra que os alunos professores tem relativamente domínio da língua portuguesa, a língua de instrução, o que está de acordo com os dados bibliográficas dessa faixa etária. Os professores estão satisfeitos com o curso escolhido, mas se queixam pela falta de material bibliográfico em língua portuguesa, que também foi constatado nas bibliotecas visitadas. A infraestrutura do ambiente escolar inadequada compromete consideravelmente o conforto e o desenvolvimento da aprendizagem. Apesar da boa interação entre os professores e os cursistas, o sistema é ineficiente devido à carga horária elevada e a falta de recursos para as atividades. O envolvimento dos alunos nas aulas de campo maior quando comparado às teóricas em sala, mas também foi observada a capacidade de interrelacionarem a teoria com a prática. Com essas práticas pode ser constatado que houve melhora no processo ensino aprendizagem do início para o final do curso. O resultado final mostrou que alunos e professores tem comprometimento, e persistência em todo o processo de formação mesmo com todos os problemas levantados.
CONCLUSÃO:
A formação professores de em Timor Leste pode ser melhorada com maior comprometimento e melhoria da infraestrutura. A curta duração e a carga horária elevada comprometem o aproveitamento e a integração entre alunos e professores. A falta de material didático em língua portuguesa compromete o funcionamento, pois os professores-alunos sempre estão preocupados com o uso do português como língua de instrução. Pelos resultados os professores não se sentem seguros para ministrarem aulas de Biologia.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Palavras-chave: educação , educador , ensino.