Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
Psicologia Sócio-Histórica e o desenvolvimento de novas perspectivas de atenção à saúde na região do recôncavo da Bahia.
Inayara Oliveira De Santana 02
Kaline Brandão Ribeiro 01
Matheus Cordeiro Silva 01
Tarsila Nery Dos Santos Amaral 01
Vanessa Sousa Lima 01
1. Graduando(a) em Psicologia - CCS - UFRB.
2. Prof.ª Ms. - CCS - UFRB - Orientadora.
INTRODUÇÃO:
Desde meados do século XX, a saúde tem sido considerada em suas dimensões psíquica e social além da biológica. Em 1948, a Organização Mundial de Saúde a definiu como sendo a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. A Psicologia Sócio-Histórica parte da visão de que o processo saúde-doença é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico. Esta concepção permite romper com o modelo de atenção e cuidado marcado, comumente, pela centralidade dos sintomas, pela medicalização e pela visão ideológica de saúde e doença como responsabilidade única e exclusiva do indivíduo. A intervenção do psicólogo a partir desse aporte teórico deve proporcionar aos indivíduos e grupos sociais a tomada de consciência dos determinantes históricos e sociais que geram as condições de saúde de uma população específica. O presente trabalho teve como principal objetivo proporcionar aos estudantes do quarto semestre do curso de Psicologia a oportunidade de conhecer uma instituição hospitalar identificando as principais características das interações sociais dentro da equipe profissional e entre a equipe e os familiares de pacientes hospitalizados como forma de analisar as concepções sobre saúde e doença presentes nessa população.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado a partir de três visitas a uma instituição hospitalar pública da cidade de Santo Antônio de Jesus-BA. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a observação não-participante das interações dentro da equipe de saúde responsável pela UTI do Hospital (composta por médico, psicóloga, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeuta) e entre a equipe e os familiares dos pacientes internados. A análise do material resultante da observação incidiu sobre os comportamentos expressos pelos profissionais e pelos familiares dos pacientes em dois momentos específicos: a) Reunião realizada pela equipe profissional no momento em que um grupo vai substituir outro nos cuidados aos pacientes internados na UTI (troca de plantão); b) Boletim Médico-Psicológico onde o médico e a psicóloga apresentam aos familiares informações sobre o estado do paciente bem como suas reações ao tratamento nas últimas 24horas.
RESULTADOS:
Através das observações notou-se que a equipe da UTI considera a saúde, conforme a perspectiva da OMS, um perfeito bem-estar físico, mental e social, portanto, para além do caráter curativo. As interações observadas durante as reuniões entre a equipe (troca de plantão) demonstraram a hierarquia existente no Sistema de Saúde com o médico assumindo o papel de chefe da equipe, visto como o principal responsável pelas decisões a serem tomadas a respeito do tratamento dos pacientes. A equipe trabalha de forma multidisciplinar sendo sempre incentivados pelo médico a discutirem o caso de cada paciente. Há uma rotina para o acompanhamento dos internos a partir do relato de cada profissional, descrevendo as intervenções feitas e as percepções sobre o estado do paciente para proporcionar uma visão totalitária do seu estado de saúde. As visitas, duas por dia, são incentivadas e a psicóloga da equipe se põe à disposição dos visitantes para responder perguntas e esclarecer a condição dos pacientes. No Boletim Médico-Psicológico se percebeu que apesar do cuidado em proporcionar informações aos familiares sobre o estado dos pacientes, a comunicação nem sempre é compreendida de modo adequado em função da utilização de termos técnicos e distanciados da realidade dos familiares.
CONCLUSÃO:
A visão de saúde como sendo ausência de doença está mudando, mas ainda está presente em serviços públicos de saúde no Brasil e nas representações do senso comum. A Psicologia Sócio-Histórica é importante nas discussões de políticas públicas, na promoção de mudanças ideológicas no que pauta as práticas de cuidado à saúde, as quais permitam aos usuários a formação de uma consciência crítica com relação aos fatores que determinam a saúde, acautelando que esta compreensão rompa com o atual modelo.
Palavras-chave: Psicologia Social, Saúde, Psicologia Sócio-Histórica.