Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 2. Lingüística Histórica
"Escreve-se extrahi ou extrai?": uma análise de variações grafemáticas em documentos manuscritos dos séculos XVIII e XIX.
DAIANNA QUELLE DA SILVA SANTOS DA SILVA 1
RITA DE CÁSSIA RIBEIRO DE QUEIROZ 2
1. Bolsista PIBIC/CNPq, Graduanda em Letras Vernáculas (Licenciatura) - UEFS
2. Orientadora, Professora Doutora do Departamento de Letras e Artes - UEFS
INTRODUÇÃO:
Os documentos manuscritos que constituem o corpus do projeto “Documentação de Feira de Santana: um trabalho linguístico-filológico” pertencem ao Acervo de Monsenhor Galvão, localizado na Biblioteca Setorial Monsenhor Galvão, a qual está situada no Museu Casa do Sertão – órgão da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A partir da edição semidiplomática dos seguintes documentos: duas correspondências oficiais e duas certidões, datadas do século XIX, foi feito um aparato das formas que trazem a variação grafemática de acordo com a norma ortográfica vigente. Sendo os documentos datados do século XIX, a escrita dos mesmos não seguia um padrão ortográfico, visto que oscilava tanto nos campos grafemático quanto fonético. Portanto, o presente trabalho tem por objetivo apresentar as variações grafemáticas dos documentos mencionados encontrados no Acervo de Monsenhor Galvão, com as devidas explicações e exemplificações acerca destas variações. A análise dos dados demonstrou diferentes ocorrências gráficas e para melhor explaná-las classificou-se: Grupo 1: das vogais orais; Grupo 2: das vogais nasais; Grupo 3: das consoantes simples; Grupo 4: das consoantes geminadas; Grupo 5: das variações gráficas de uma mesma palavra; Grupo 6: dos grupos consonantais gregos e latinos;.
METODOLOGIA:
A primeira etapa do trabalho filológico com os documentos notariais é a realização da edição semidiplomática, para a qual observa-se alguns critérios, a saber:a)Na descrição do documento, deve-se verificar: número de colunas; número de linhas da mancha escrita; existência de ornamentos; maiúsculas mais interessantes; existências de sinais especiais; número de abreviaturas; tipo de escrita; tipo de papel; b)Na transcrição, deve-se: respeitar fielmente o texto: grafia, linhas, fólios etc.; fazer remissão ao número do fólio no ângulo superior direito; numerar o texto linha por linha, constando a numeração de cinco em cinco; separar as palavras unidas e unir as separadas; desdobrar as abreviaturas usando itálico e negrito; utilizar colchetes para as interpolações:[ ];indicar as rasuras e os trechos ilegíveis através do uso de colchetes e reticências[...]c) Na análise lingüística: observar as variantes, separando-as em grupos conforme critérios que obedeçam à classe de vogais e consoantes.
RESULTADOS:
É sabido que as línguas não são estáticas, sendo isso mais perceptível em sua modalidade oral. Os documentos que compõem o corpus do trabalho: duas certidões – uma de São Gonçalo dos Campos e outra da Freguesia de Baixa Grande; duas correspondências oficiais da Província de Pernambuco-, nota-se no registro dos escrivães, que representavam neste caso a voz dos oficiais e dos solicitantes de Certidões, no entanto, no momento da escrita, eles poderiam grafar as palavras não de acordo com as suas próprias noções de letramento e sim de acordo com o que ouviram dos indivíduos envolvidos durante o registro dos fatos.
CONCLUSÃO:
As análises feitas neste trabalho demonstram que as variações grafemáticas são provenientes também da interferência da língua na modalidade oral, percebeu-se também a forte influência do latim na escrita dos documentos estudados, recuperando as raízes etimológicas greco-latinizantes. Portanto, entende-se que a grafia dos documentos manuscritos do Acervo de Monsenhor Galvão apresenta características fonéticas e variações etimologizantes da língua portuguesa.
Instituição de Fomento: CNPQ
Palavras-chave: Filologia, Documentos Manuscritos, Variação Grafemática.