Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO DA MULHER RURAL: ESPAÇO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE TRABALHO DE MULHERES DA COMUNIDADE DO BATATAN NO MUNICÍPIO DE MARAGOJIPE-BA
Isabel de Jesus Santos 1
Maria Jaqueline Lima de Oliveira 2
Juliana Rodrigues Sampaio 3
Ana Elisa Del’Arco Vinhas Costa 4
1. Engenheira Agrônoma - INCUBA/UFRB
2. Estudante de Biologia - CCAAB - UFRB
3. Estudante de Agronomia - CCAAB - UFRB
4. Professora Assistente - CCAAB - UFRB (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
O Município de Maragojipe situado no Território do Recôncavo da Bahia, possui uma população rural significativa que se caracteriza como sendo agricultores familiares devido às relações sociais, culturais e laços comunitários de trabalho. A Agricultura Familiar é caracterizada pela gestão dos meios de produção, divisão do trabalho, diversificação da produção, tamanho das propriedades e da tecnologia utilizada. De acordo com Portela, Silva e Ferreira (2004) os agricultores familiares são classificados em três subgrupos: os que apresentam as melhores condições de vida e produção, aqueles com unidades de produção mais estruturadas e capitalizadas, e outros que possuem sua unidade menos estruturada. A atuação da mulher se destaca a partir da década de 80, principalmente pelas lutas sindicalistas, pelo direito ao salário maternidade, pela segurança alimentar, pela educação do campo e pelo espaço político deliberativo. Com essa evolução mudaram-se também outros conceitos, como a mudança do termo mulher camponesa por agricultora familiar. O objetivo deste trabalho consiste em analisar as relações de trabalho na agricultura familiar entre homens e mulheres.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada foi baseada nos conceitos da pesquisa-ação, a qual surge a partir da análise do discurso e das observações feitas nas atividades formativas que foram realizadas in locu (Comunidade Batatan) buscando incentivar a participação ativa das protagonistas na relação de distribuição dos papéis e na gestão da propriedade rural. Foram analisadas as relações sociais e suas dicotomias homem e mulher, a partir dos laços comunitários e dos papéis assumidos pelos homens no meio rural, os quais assumem a posição de gestor da propriedade. Foi realizada análise dos fatos desiguais no que concerne a distribuição de remunerações e da divisão sexual do trabalho.
RESULTADOS:
A gestão da propriedade na Comunidade Batatan está associada à relação de gênero, classificando as obrigações familiares rotineiras em masculinas e femininas, sendo o cotidiano das mulheres marcado por atividades diversificadas e permanentes. No entanto, esta atuação não é socialmente reconhecida pela comunidade como trabalho e sim como desígnio próprio de mulheres, uma “ajuda” natural do processo de gestão, não fazendo parte dele.
Este fato leva à reflexão sobre gestão familiar da unidade produtiva como elemento chave para o conceito de agricultura familiar, já que as relações de poder entre as diferentes pessoas que trabalham são assimétricas com maior prejuízo para as mulheres.
As decisões sobre produção, comercialização e consumo são meramente masculinas e centralizadas no homem adulto, cabendo bem a terminologia chefe de família, pois ele realmente chefia uma unidade produtiva que é ao mesmo tempo um grupo unido por laços de afeto e/ou de parentesco.
Observou-se que as mulheres agricultoras familiares buscam uma emancipação social, cultural, econômica e política para dar continuidade aos processos de produção na gestão das propriedades familiares e neste contexto, estas possuem tripla jornada de trabalho: em casa, na roça e outras atividades paralelas para remuneração.
CONCLUSÃO:
Pode-se concluir que, apesar das condições de trabalho serem muito parecidas entre homens e mulheres da agricultura familiar, na comunidade do Batatan a relação de poder relacionada ao trabalho é discrepante havendo uma tendência clara em se concentrar com os homens.
Palavras-chave: Trabalho, Gênero, Agricultura Familiar.