Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
Prevalência de Hipertensão e Fatores Associados em negros e brancos no município de Santo Antônio de Jesus - BA
Djanilson Barbosa dos Santos 1
Jefferson Rodrigues Cardoso 2
Noélia Silva de Almeida 2
Ronelis Pereira Macedo 2
Thaiane Sacramento dos Santos 2
Tuane Azevedo Souza 2
1. Prof. Dr. CCS/UFRB- Orientador
2. Graduandos de Enfermagem da UFRB
INTRODUÇÃO:
Raça é definida pelo conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos são semelhantes e se transmitem por hereditariedade.Ainda que o Brasil seja um país formado por várias etnias e culturas, desconhecemos as características dos grupos em razão do propalado mito da democracia racial. Esta homogeneização da cultura causa prejuízos às pessoas, uma vez que não se evidencia nem se aborda adequadamente os problemas pertinentes a cada grupo étnico cultural.Por esse motivo é importante estudar as particularidades de cada raça principalmente no que diz respeito a saúde. Dentre os inúmeros problemas de saúde que atingem a etnia negra brasileira, destacamos a Hipertensão Arterial (HA).
A HA, considerada uma doença crônica, pode ser influenciada pelo grau de participação do indivíduo portador de tal patologia, dependendo de fatores como a aceitação da doença, controle e conhecimento da mesma e aparecimento de complicações. É definida como tendo valores de pressão arterial sistólica > 140 e diastólica > 90. A HA e os fatores de risco cardiovasculares têm um elevado índice na população, sendo prevalente em pessoas de raça negra. Por isso, buscou-se com esse estudo identificar a prevalência e os fatores associados em relação à HA na cidade de Santo Antônio de Jesus (SAJ), Recôncavo da Bahia.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo de corte transversal de base populacional em uma amostra de 637 adultos e >18 anos, residentes em Santo Antonio de Jesus, em 2009. O instrumento foi constituído por 33 questões, sendo a variável de desfecho em estudo a hipertensão e as variáveis independentes raça, sexo, escolaridade, estado civil, situação ocupacional, rendimento salarial, alcoolismo, tabagismo, diabetes, colesterol, depressão, uso de medicamentos e atividade física. Todos responderam ao questionário em domicílio. As associações foram medidas pela Razão de Prevalência (RP). Os participantes da pesquisa foram devidamente esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa.
RESULTADOS:
Observou-se que de 637 pessoas que responderam ao questionário, 68,9% são do sexo feminino, 41,9% auto-declararam ser de raça negra e 36,1% pardos. A Prevalência (Pr) total da HA foi 22,3%: 17,7% IC(12,6-23,7) em homens e 24,4% IC(20,4-28,7) em mulheres. Em negros a Pr da HA foi 22,8%: 16,3% IC(10,9-23,2) em homens e 25,7% IC(21,2-30,7) em mulheres. Em brancos foi 20,7%: 22,7% IC(11,5-37,8) nos homens e 19,8% IC(12,3-29,2) nas mulheres. A HA apresentou associação significante com escolaridade até 8 anos de estudo RP=3,31(2,31-4,75), sem ocupação RP=2,28(1,63-3,18), alcoolismo RP=1,53(1,05-2,21), tabagismo RP=1,70(1,26-2,28), diabetes RP=3,95(3,09-5,05) e atividade física RP=1,39(1,00-1,94). Na população negra a HA associou-se a escolaridade até 8 anos de estudo RP=2,39(1,63-3,51), sem ocupação RP=2,39(1,63-3,51), alcoolismo RP=1,46(1,18-2,18), diabetes RP=3,34(2,47-4,51) e depressão RP=1,81(1,03-3,18).
CONCLUSÃO:
Percebeu-se que a Hipertensão Arterial predominou em mulheres negras. Os resultados sugerem aprofundamento do estudo da HA em negros e necessidade de intervenções educacionais contínuas e de início precoce. Visto que, associados ao fator de herança da própria etnia, encontramos os fatores ambientais, tais como o fumo, álcool e baixa escolaridade, dentre outros, que irão se unir ao primeiro e potencializar os riscos para o desenvolvimento da HA.
Palavras-chave: Hipertensão Arterial, Raça, Prevalência.