Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
OS SIGNIFICADOS DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NOS DISCURSOS DE MILITANTES E LÍDERES DO MST: ASPECTOS OBSERVADOS NO CASO DO EXTREMO SUL DA BAHIA
Iolanda Carvalho de Oliveira 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
INTRODUÇÃO:
As estratégias de representação política se constituíram, desde o surgimento do MST, num ponto de tensão interna e nas relações externas do movimento. Este artigo se baseia num estudo de caso sobre os significados da representação política nos discursos de militantes e líderes do MST na região do Extremo Sul do Estado da Bahia, levantados através de entrevistas com participantes do Movimento, do trabalho de observação nos assentamentos de Itamaraju e Prado e da análise dos documentos produzidos pelos Sem-Terra em nível local e nacional, nosso objetivo foi o de levantar dados sobre as concepções acerca da representação político-parlamentar existentes no interior do MST. tendo como aporte teórico a teoria de campo político, de Pierre Bourdieu.
METODOLOGIA:
A metodologia se baseia num estudo de caso sobre a representação política de militantes e líderes do MST na região do Extremo Sul do Estado da Bahia. A coleta de dados foi feita através de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com lideranças do MST, com militantes comuns e com pessoas de fora do movimento, habitantes da região do Extremo Sul da Bahia.
RESULTADOS:
No Extremo Sul, da Bahia o movimento ampliou a luta pela via institucional e desde a sua origem se filiou à sigla do Partido dos Trabalhadores – PT, delegando a esse partido a representação dos interesses dos trabalhadores rurais sem-terra, o que não tirou do movimento a sua autonomia em contestar a prática política do partido que, na visão dos militantes do MST, privilegia o campo de atuação da democracia política sem articulá-la ao campo da democracia social. Isso pode servir para confirmar a interpretação segundo a qual o movimento, apesar de ter rompido com alguns postulados clássicos da esquerda marxista, mantém-se claramente preso a uma cultura política de acordo com a qual o poder não é visto como um objetivo e sim como um instrumento de transformação, sendo a representação política estreitamente vinculada à luta pela reforma agrária. Essa compreensão das possibilidades da via institucional vai ser determinante para o reconhecimento do campo da sociedade política como um lugar de atuação legítima e eficaz. Esse reconhecimento pode também contribuir para uma relação de apoio e fortalecimentos dos partidos de esquerda, necessário à construção de um bloco político capaz de impor as linhas de um projeto social favorável aos interesses dos trabalhadores sem-terra.
CONCLUSÃO:
A cultura política “de participação”, processada pelo MST, parece estar lidando antes de tudo com uma questão de escolha de como lidar com os diferentes níveis de poder. Escolha que confronta a própria lógica e racionalidade do campo político que o movimento parece não querer subestimar e nem mesmo confirmar sem uma crítica cuidadosa e prudente.
Palavras-chave: Representação Politica, Campo Politico, Movimentos Sociais.