Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
FIBRAS DO SERTÃO: A ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES NO TERRITÓRIO DO SISAL DA BAHIA
Tatiana Ribeiro Velloso 1
Paula Roseane Marques Vilela 2
Suzethe de Araújo Silva 3
1. Professora Assistente - CCAAB/UFRB (Orientadora)
2. Estudante de Graduação - Gestão de Cooperativas - CCAAB/UFRB
3. Mestre em Educação - UNEB
INTRODUÇÃO:
Este estudo foi realizado no Território do Sisal, situado no semi-árido da Bahia, que registra índices elevados de concentração de renda. As principais fontes de recurso que movimentam a economia da região advêm da transferência de recursos governamentais, principalmente através da previdência social e programas sociais de assistência à família de baixa renda e da agricultura familiar local. São bastante restritas as possibilidades de geração de trabalho e renda na totalidade dos seus municípios. Por outro lado, é possível destacar a existência de organizações solidárias que visam contribuir para o processo de fortalecimento da agricultura familiar, a partir do desenvolvimento de princípios e técnicas de convivência com o semi-árido. Entre essas experiências está a COOPERAFIS – Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão, uma organização de mulheres dos municípios de Valente, Araci e São Domingos – Bahia - Brasil, formalizada em 2002, com o objetivo de gerar renda a partir do artesanato tradicional de fibras naturais. O trabalho consistiu em analisar a trajetória da COOPERAFIS enquanto instrumento de organização das mulheres da agricultura familiar.
METODOLOGIA:
Os dados referentes à trajetória da COOPERAFIS foram coletados em fontes documentais, relatórios de atividades e entrevistas semi-estruturadas com algumas artesãs e diretoras da cooperativa. Foi utilizada a metodologia de pesquisa social de base empírica que prevê a participação dos pesquisadores no equacionamento do problema, no acompanhamento e na avaliação. Exige uma estrutura de relação com as pessoas envolvidas, em ações planejadas, com uma postura de escuta, sem exposição unilateral de suas concepções dos pesquisadores e com a postura de sujeitos ativos na relação conhecimento e ação das artesãs. Inicialmente procurou-se contextualizar a história da COOPERAFIS, compreendendo e caracterizando o negócio, sua forma de operar, suas estratégias, seus planos e projeção financeira, buscando sistematizar a experiência em curso.
RESULTADOS:
O trabalho artesanal com o sisal (Agave sisalana) e o caroá (Neoglaziovia variegata) são desenvolvidos na região com uma visão de atividade estritamente feminina. A COOPERAFIS originou-se a partir da necessidade de discutir os problemas comuns e de união inicial entre as 54 artesãs, distribuídas em 5 núcleos de produção, que conduziram à formalização em março de 2002. A partir de 2005, o número de associadas ampliou para 122 mulheres em 9 núcleos de produção, em Valente, Araci e São Domingos. A integração dos núcleos foi considerada como um período de grande aprendizagem, não só em relação às técnicas artesanais, através de cursos de capacitação e reuniões para troca de experiências, mas também quanto à própria gestão da cooperativa. Os princípios no desenvolvimento dos seus trabalhos basearam nos princípios de promoção da gestão democrática e participativa, fortalecendo a formação das artesãs no processo de decisão, trabalhando a eficiência na relação com o mercado. Foi uma necessidade para consolidação do trabalho de cooperação e de intercooperação, principalmente visando à gestão democrática e participativa, às trocas de experiências e o desenvolvimento de novos produtos, o planejamento e a avaliação das atividades e a viabilidade econômica da cooperativa.
CONCLUSÃO:
A COOPERAFIS apresenta referenciais no desenvolvimento da atividade de artesanato da agricultura familiar para a construção de políticas voltadas para a participação e inserção produtiva das mulheres no contexto de desenvolvimento territorial sustentável no semi-árido brasileiro. É uma experiência de aprendizado do cooperativismo, porque além de incentivar e qualificar as habilidades das mulheres sertanejas preocupa-se com a valorização das artesãs e suas comunidades, reafirmando a cultura sisal
Instituição de Fomento: PETROBRAS
Palavras-chave: Artesanato, Gênero, Organização.