Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 7. Educaçao - 6. Educação Especial
PROJETO “LIBRAS EM MUITAS MÃOS”
Rainilda Santos Costa 01
Osana da Silva Leal dos Santos 02
Orientadora - Emmanuelle Felix dos Santos 03
1. UFRB -Graduanda do VIII semestre do curso de Pedagogia, Campus Amargosa -CFP
2. UFRB -Graduanda do VIII semestre do curso de Pedagogia, Campus Amargosa -CFP
3. UFRB - Professora Assistente do Centro de Formação de Professores
INTRODUÇÃO:
O projeto em questão visa atender a priori os Surdos do município de Amargosa e cidades circunvizinhas, que após diagnóstico identificou-se que os mesmos desconhecem a sua língua materna: Língua Brasileira de Sinais, reconhecida atualmente como sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, oriundos de comunidades surdas do Brasil. A oficialização dessa língua foi conquistada por uma comunidade surda que, desde 1855, luta pelo reconhecimento e emancipação de sua identidade, e de sua língua a qual durante décadas foi caracterizada como uma mistura de pantomima. Reconhecendo a Libras como mecanismo preponderante no desenvolvimento cognitivo e sócio–cultural dos Surdos, o projeto lida com a hipótese de que a aquisição e difusão dessa Língua favorecerá a inclusão dos Surdos no processo de comunicação e educação. Destarte, objetiva difundir a Libras possibilitando a constituição de uma comunidade surda e fortalecer grupos de estudos e pesquisas que favoreça capacitação aos profissionais da área de educação ou áreas afins, para o uso da Libras e assim, construir uma sociedade bilíngüe, que respeite as limitações dos Surdos e os ofereça oportunidades que evidencie suas potencialidades enquanto indivíduos biculturais.
METODOLOGIA:
Para concretizar os objetivos, o projeto desenvolve-se através de uma metodologia participativa com enfoque na pesquisa-ação numa abordagem qualitativa. O processo metodológico consiste no desenvolvimento das seguintes ações: levantamento de um diagnóstico sobre o uso da Libras pelos surdos de Amargosa, posteriormente da existência de uma comunidade surda; atendimento aos Surdos para o ensino da Libras como primeira língua (L1); curso de Libras para ouvintes como segunda língua (L2); composição de um grupo de estudo e pesquisa sobre a temática “Surdez” composto por docentes, discentes, bolsistas e voluntários; reuniões quinzenais de planejamento; reuniões bimestrais de pais/responsáveis dos Surdos; itinerâncias bimestrais nas escolas que possuem surdos; fóruns sobre temáticas pertinentes ao projeto. Para operacionalizar tais ações faz-se necessário um trabalho de sensibilização dos envolvidos no projeto e comunidades do entorno.
RESULTADOS:
Para construir esse projeto, tornou-se essencial diagnosticar a atual situação lingüística e educacional dos Surdos desta comuna. Para tanto, realizou-se visitas em 8 instituições escolares que possuem alunos surdos registrados no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira- INEP, por meio do educacenso (2009), dentre elas: 1 privada, 2 estaduais e 5 municipais, totalizando 12 surdos, com idade entre 3 à 23 anos. Concluiu-se com os dados que no município de Amargosa 99% dos surdos desconhecem a Libras. Também foi diagnosticado, que dos 12 professores que lecionam surdos, apenas 1 tem um conhecimento básico da língua em questão. O projeto iniciou sua atuação, há um semestre, e já pode-se perceber alguns avanços em busca do reconhecimento da Libras e na formação da comunidade Surda da região: a) Libras tornou-se conhecida e utilizada por 16 Surdos, 2 professores da rede municipal, 2 professores da rede estadual, 1 pai de surdo, 7 alunos e 4 técnicos administrativos do Centro de Formação de Professores (CFP/UFRB) e 6 pessoas da sociedade civil; b) realização de um Café com Libras onde discutiu-se “Surdez e cultura”; c) 3 reuniões de pais com depoimentos orais sobre a significância do projeto na vida dos Surdos.
CONCLUSÃO:
Em função da precariedade lingüística dos Surdos e da inexistência de uma política inclusiva, nota-se nas escolas uma inclusão marginal, pois não conseguem mediar um aprendizado significativo aos Surdos. Assim, este projeto surge como necessidade de transpor o que está se discutindo no CFP/UFRB e contribuir para a concretização dos aparatos legais inclusivos e a condição de cidadãos dos próprios Surdos, para a conquista de sua emancipação e mantenha a Libras “viva”.
Palavras-chave: Língua., Surdez., Inclusão. .