Reunião Regional da SBPC em Tabatinga - Tabatinga / AM - 2009
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
AS GRANDES ENCHENTES DO AMAZONAS, NA DÉCADA DE 1970, E SUA ASSOCIAÇÃO COM A MIGRAÇÃO PARA MANAUS
Antônia Gomes Neta Pinto1
José Alberto de Lima Carvalho2
Helder Manuel da Costa Santos3
Manuel de Jesus Masulo da Cruz4
1. MSc. em Geociências - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
2. MSc. em Geogrtafia - Universidade Federal do Amazonas
3. Dr. em Geologia - Unidade Acadêmica de Coari – UFAM
4. Dr. em Geografia - Universidade Federal do Amazonas
INTRODUÇÃO:
A década de 70 destacou-se como um dos períodos de maior fluxo migratório interno no estado do Amazonas. Ao mesmo tempo, as áreas de várzea foram inundadas, principalmente nos anos 71, 73, 74 e 76, por dez grandes enchentes: sete atingiram cotas máximas entre 28 e 29m sobre o nível do mar e três foram consideradas excepcionais, pois, ultrapassaram os 29m. Esses fenômenos associados aos problemas decorrentes da desestruturação socio-econômica das populações ribeirinhas, especialmente, de pecuaristas e agricultores, contribuíram para a migração das populações das várzeas para as sedes dos municípios mais próximos. O mais atrativo foi Manaus, pois, na época, experimentava um processo de desenvolvimento econômico, representado pela Zona Franca de Manaus, hoje o \põlo \industrial de Manaus (PIM) que atraiu grande parte dessa população e daquela de outros estados. Esse processo migratório fez a população de Manaus-Amazonas crescer acentuadamente, e trouxe problemas sociais como o surgimento de moradias em locais de risco. Diante do exposto este trabalho estudou as relações entre os problemas causados pelas enchentes nas populações das várzeas e sua migração para Manaus, especialmente nos anos 70.
METODOLOGIA:
Para a execução deste trabalho obteveram-se referências que reproduziram a problemática das sucessivas enchentes do rio Amazonas para o morador da várzea, como as dificuldades para se manter nas terras, os problemas enfrentados ao procurar refúgio na capital e, ainda as perdas com a lavoura e a pecuária. Essas informações foram obtidas em relatórios técnicos de órgãos públicos e de jornais de circulação local da década de 70. Os jornais “A Critica” (AC) e “do Comércio” (JC) representaram as principais fontes de pesquisa sobre o assunto, com o intuito de ampliar em número e qualidade o material de consulta, a fim de se obter um produto final mais acurado. Foram feitas entrevistas com antigas populações ribeirinhas, moradoras do bairro do Coroado, em Manaus, que surgiu na década de 1970, com o intuito de ter uma amostra dessa parcela de migrantes.
RESULTADOS:
De acordo com a bibliografia consultada e a entrevista com os moradores do bairro do Coroado (formado na época pelos migrantes), os principais fatores de expulsão das áreas do interior foram a falta de incentivos financeiros no cultivo da juta e da pecuária; auxílio tardio do poder publico às populações atingidas pela subida rápida das águas e no transporte de animais para áreas seguras; a crise da economia extrativista que começou na década de 60, com o Código. Em contrapartida, na capital, dentre os fatores atrativos, destacaram-se emprego (68%) na Zona Franca (hoje PIM), melhores condições de vida (48%) e um local seguro às enchentes (20%). Assim, a população passou de 500 mil habitantes, em 1976, para 1480 mil, em 1980, deixando Manaus com sérios problemas sociais, em vista da falta de infraestrutura urbana e de moradia, pois os migrantes se fixaram nas margens dos igarapés e terrenos desocupados formando bairros, como o do Coroado. De acordo com depoimentos dos moradores deste bairro, não tiveram ajuda do governo no transporte da colheita. Os municípios que mais contribuíram com migrantes foram Careiro (10,4%), Parintins (6,8%) e Iacoatira (6,7%), aqueles mais atingidos pelas.
CONCLUSÃO:
As sucessivas enchentes por toda a década, a ausência de auxílio econômico e a falta de saúde e educação foram os principais fatores de expulsão das várzeas. Enquanto na capital, segurança às enchentes, oportunidade de emprego fixo e melhoria da qualidade de vida, pelo aumento da renda, serviços de saúde e educação e foram os principais fatores de atração. Ainda hoje, essa política continua a influenciar o fluxo migratório, pois, a maior parte da população se concentra nos centros urbanos.
Palavras-chave: Enchentes, várzeas, migração.