(Agência SBPC) - O Brasil tem condições de se tornar a primeira e, por um longo tempo,  a única potência ambiental do mundo, devido a sua grande biodiversidade  e por já possuir um sistema de ciência e tecnologia maduro. Para tanto,  é preciso aplicar esse conhecimento científico adquirido para utilizar  os recursos naturais do País com vistas à geração de trabalho e  riqueza, na intensidade correta e sem permitir que eles se esgotem. A  avaliação foi feita pelo presidente da Sociedade Brasileira para o  Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antônio Raupp, na abertura da 61ª  Reunião Anual da Sociedade, ontem, (12/07), em Manaus (AM).
                      
                      “Com essa condição de potência ambiental, resolveríamos, ao  mesmo tempo, duas importantes questões. A primeira diz respeito às  populações da Amazônia, que é sua independência econômica. E também  poderíamos responder ao mundo que conhecemos, convivemos e cuidamos da  Amazônia”, indicou Raupp. Ele afirmou que a SBPC propõe a conservação  da Amazônia, possibilitando uma interação dinâmica e sustentada com os  diversos biomas da floresta. “No nosso entendimento e da comunidade  científica brasileira, o modelo de desenvolvimento para a Amazônia terá  de ser construído com base no conhecimento científico e tecnológico, de  preferência, produzido na região”, ressaltou. Há três semanas, Raupp  entregou ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, um  documento elaborado com a participação de 25 sociedades científicas  associadas à SBPC, com sugestões para desatravancar a ciência no  Brasil. Uma delas é permitir o acesso à pesquisa e ao uso da  biodiversidade brasileira. 
                      
                      Presente na sessão de abertura do evento, o ministro da Ciência  e Tecnologia afirmou que o documento já foi apresentado ao presidente  da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou que as ações  propostas sejam executadas. “Estamos fazendo avanços e vamos mostrar  alguns deles nas próximas semanas. Alguns são mais complicados e  envolvem até mudanças na Constituição. Mas vamos resolver essa questão  do acesso à biodiversidade, que é fundamental para o País como um todo  e muito importante para a Amazônia”, antecipou Rezende.
                      
                      O ministro foi homenageado com uma placa pelo governador do  Amazonas, Eduardo Braga, pela contribuição do ministério para a criação  do atual sistema de ciência e tecnologia do estado. Desde 2003, Braga  vem implementando uma nova política científica e tecnológica no  Amazonas, que já destinou R$ 1,2 bilhão para essa finalidade – um  volume de investimentos atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e  Minas Gerais. Por esse trabalho, o governador foi agraciado pela SBPC  com a medalha “Governador amigo da ciência”, instituída e concedida  pela primeira vez pela Sociedade para homenagear governos estaduais que  se destaquem por seus esforços em prol do desenvolvimento da ciência,  tecnologia e inovação. 
                      
                      “Quando começamos a montar um sistema de ciência e tecnologia no  Amazonas, em 2003, pensávamos em preparar o estado para o futuro e o  conhecimento. Entendíamos que o Amazonas não poderia ficar mais na  situação do coitado, com um pires na mão, pedindo migalhas para o sul e  sudeste do Brasil. Queremos o direito de sermos o dono do nosso  destino, da nossa cultura e do nosso conhecimento científico”, disse  Braga em seu discurso de agradecimento. 
                      
                      Outro grande homenageado da noite foi o pesquisador e presidente  de honra da SBPC Warwick Estevam Kerr. Pioneiro na genética brasileira  e um dos maiores especialistas em genética de abelhas do mundo, Kerr  foi diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)  em duas ocasiões, quando morou, ao todo, oito anos em Manaus. “Manaus  talvez seja a região do Brasil em que eu vivi que ficou impregnada em  mim. Foi na Amazônia onde eu pude conhecer melhor a interação das  espécies. E a Reunião Anual da SBPC muitas vezes me parece um encontro  de espécies diferentes, tal a grande diferença de conhecimentos que ela  apresenta”, disse o pesquisador em um vídeo transmitido durante a  cerimônia, devido a sua impossibilidade de comparecer à homenagem por  motivos de saúde.
                      
                    Realizada em plena uma praça pública, ao lado do centenário Teatro  Amazonas, que estava todo iluminado por ocasião da solenidade, a sessão  de abertura reuniu um público estimado em 1,5 mil pessoas. Um grupo de  dança do Amazonas encerrou a solenidade, com a apresentação de trechos  de um espetáculo que mostraram em Paris, durante as comemorações do Ano  do Brasil na França.  
                    
                    
                    Elton Alisson, da Agência SBPC