(Agência SBPC) – Uma  divulgação científica profícua depende de dois atores fundamentais:  cientistas e jornalistas. A dita difícil relação entre ambos tem  progredido nas últimas décadas com a melhor formação dos profissionais  da comunicação e a compreensão por parte dos especialistas de que a  divulgação de suas pesquisas pode render frutos para si próprios, para  sua instituição e para a sociedade. Nesta segunda-feira (13/07), Luisa  Massarani, diretora do Museu da Vida e jornalista, anunciou a criação  de uma agência nacional de notícias de ciência e tecnologia para  facilitar o acesso de jornalistas à pesquisa brasileira. O projeto tem  apoio do Ministério da Saúde e da Ciência e Tecnologia. “É preciso  desenvolver estratégias para tornar a ciência brasileira mais visível e  levar o melhor das pesquisas para a mídia”, afirmou.
                                    
                                    A agência, a ser lançada até o ano que vem, seguirá os moldes de  agências internacionais de fôlego, como o Eurekalert e o Alpha Galileu,  iniciativas norte-americana e britânica, respectivamente. A estratégia  é disponibilizar informações ágeis, enfatizando os comunicados e temas  mais interessantes, disponibilizar um banco de fontes, fotos, gráficos,  entrevista, além de ser um canal de discussão direto com jornalistas.
                                  A  iniciativa, há tempos requisitada por profissionais da comunicação,  exigirá que os cientistas também se coloquem mais a disposição da  mídia. Não é incomum que os jornalistas de ciência afirmem ser mais  fácil contatar cientistas estrangeiros do que os de seu País. 
                                  
                                  Depoimentos como este foram coletados por Elisa Oswaldo Cruz  Marinho, assessora de comunicação da renomada Academia Brasileira de  Ciência, que entrevistou membros da àcademia e jornalistas de ciência  para entender quais os principais ruídos dessa relação.
                                  Entre os  cientistas as críticas mais comuns foram as dificuldades dos  jornalistas em “traduzir” conceitos científicos com precisão, obstáculo  que poderia ser superado, como sugeriu um entrevistado, enviando os  textos jornalísticos para a fonte antes da publicação, prática adotada  por alguns e criticada por outros. Elisa acredita que os cientistas  mais jovens, a exemplo dos membros afiliados à ABC, estejam mais  abertos e disponíveis para lidar com a mídia, e lembra que o currículo  Lattes, plataforma nacional de currículos de pesquisadores do Conselho  Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), já  reconhece a importância da divulgação científica como atividade,  reservando espaço para um item sobre a comunicação do cientista com o  público.
                                  
                                    Para os jornalistas a relação com os cientistas pode ser  melhorada a partir do momento que se estabelece confiança entre as  partes. Uma das formas de se alcançar isso seria evitar o  sensacionalismo e cuidar para entender com maior profundidade os temas  a serem divulgados. 
                                  Ações que auxiliem a capacitação de  profissionais da mídia e da academia para que ambos entendam o trabalho  do outro tem ampliado no Brasil, o que se reflete no espaço e qualidade  da comunicação da ciência para o público. Luisa reforçou que ainda é  preciso investir em diagnósticos mais eficientes para analisar a  qualidade da divulgação científica hoje praticada. A cada dia, lembra,  crescem as pesquisas nessa área. O banco de teses e dissertações da  Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)  registra 227 documentos sobre jornalismo científico e outros 687 em  divulgação científica, dos quais 88 foram concluídos apenas em 2008. “É  preciso conectar pesquisa e prática em jornalismo científico e usar  isso para melhorar a prática que tem sido feita”, defendeu.
                                  
                                  
                                    Germana Barata, da revista ComCiência, para a Agência SBPC