(Agência SBPC) –  Um dos maiores especialistas em monitoramento florestal por imagens de  satélite e análises de dados de retiradas vegetais do Brasil, Dalton  Valeriano, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),  ressaltou na manhã desta quinta-feira, 16, que mesmo o País sendo  referência mundial no assunto existe o risco de "apagão" nos sistemas  nacionais por conta do tempo de uso dos satélites que fazem essa  "varredura" dos desmates e queimadas.
                                                      
                                                      Valeriano fez o alerta durante uma palestra na 61ª Reunião Anual  da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que  acontece até  esta sexta-feira em Manaus, AM. Segundo ele, os dois  satélites que hoje são usados pelo Inpe para as atividades de detecção  de degradação florestal, o LandSat e o CBers, estão com suas datas de  validade vencidas e podem parar a qualquer momento.
                                                      
                                                      O LandSat, um satélite estadunidense cujas imagens são fornecidas  para o Inpe via pagamento de taxa mensal, que estava programado para  uma vida útil de cinco anos, já está em operação há 25 anos. O Cbers,  satélite construído a partir de parceria entre Brasil e China e  programado para ter vida útil de dois anos e meio, completou três anos  de atividades neste ano e pode parar a qualquer momento, da mesma forma  que o LanSat.
                                                      
                                                      "Temos o melhor sistema de detecção de queimadas e desmatamentos do  mundo. Saiu em 2007 um comunicado da revista Science que indicou isso,  mas a realidade é que eu posso receber um telefonema em agosto ou  setembro deste ano me informando que os dois satélites pararam e aí a  situação ficará complicada", avaliou Valeriano, cujo tema da palestra  foi "Sistemas de Monitoramento Remoto da Amazônia Legal".
                                                      
                                                      De acordo com Valeriano, atualmente todos os países que têm  interesse em monitorar florestas por satélite tomam como exemplo o  Brasil. Todavia, destaca ele, é preciso que se planeje como será esse  monitoramento brasileiro nas próximas décadas. "Usamos um modelo de  análise, com contraste de imagens para identificarmos os desmates, mas  os equipamentos estão saturados", afirmou.
                                                      
                                                      Dois sistemas, o de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e  o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal  (Prodes), são utilizados pelo Inpe para o cálculo das retiradas  florestais. A proposta é que novos processos sejam viabilizados em  breve.
                                                      
                                                      O Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter)  consegue identificar apenas desmatamentos de pelo menos 0,25 km2 (25  ha), os mais significativos. Mas faz esta detecção rapidamente, ainda  durante a derrubada das árvores, auxiliando assim ações eficazes de  fiscalização do desmatamento ilegal. O Deter é a peça central de um  sistema de monitoramento de florestas, pioneiro no mundo, cuja  reputação internacional de excelência tem projetado o País em fóruns  como a Convenção do Clima e nos debates sobre pagamentos por serviços  ambientais de florestas.
                                                      
                                                      Anual, o Prodes é o sistema mais detalhado de monitoramento de  desmatamento. A área medida se refere somente ao desmatamento por corte  raso, ou seja, o estágio final de devastação em que o solo já foi  tomado por vegetação de pastagem.
                                                      
                                                      
                                                      Renan Albuquerque, da Fapeam, para a Agência SBPC