(Agência SBPC) – O  desenvolvimento sustentável da Amazônia exigirá matrizes energéticas  variadas, adaptadas às necessidades de cada região da floresta, mas não  existe política de Estado para isso no Brasil. A constatação emergiu de  mesa-redonda comandada nesta quarta-feira, dia 15, pelo pesquisador  Roberto Mendonça Faria, do Instituto de Física de São Carlos, da  Universidade de São Paulo, durante a Reunião Anual da SBPC, em Manaus.
                                                    
                                                    Faria apresentou dados sobre o potencial de uso da energia solar  para a Amazônia. Segundo ele, a energia solar é muito pouco usada e  discutida no Brasil, apesar do potencial do País. 
                                                    
                                                    As tecnologias disponíveis hoje dividem-se em dois tipos: as  plantas de concentração solar e os painéis de conversão fotovoltaica.  As plantas têm sido desenvolvidas especialmente na Alemanha, na  Austrália e nos Estados Unidos. Elas funcionam com espelhos  distribuídos em determinada área, todos direcionados para um receptor.  Por termodinâmica, o calor dos raios do sol aquece um fluido, que move  uma turbina. A partir daí, a planta funciona como qualquer usina  termelétrica.
                                                    
                                                    Já os painéis de conversão fotovoltaica são destinados a usos em  pequena escala, como o residencial. Segundo Faria, ainda persiste o  mito de que a energia solar é cara, mas a evolução da tecnologia tem  barateado os custos. “Na Alemanha, 1% do total da energia gerada é  fotovoltaica”, afirmou Faria, citando políticas como permitir que  consumidores residenciais instalem painéis em seus telhados e vendam a  energia excedente.
                                                    
                                                    No Brasil, segundo o pesquisador, faltam políticas bem estruturadas.  Embora ele tenha elogiado o programa Luz para Todos, do governo  federal, que dá subsídios para a instalação de painéis solares em  residências sem acesso à energia elétrica, a ressalva é importante. “No  Brasil, a energia solar tem sido usada como programa assistencial.  Falta um programa de desenvolvimento”, completou Faria.
                                                    
                                                    
                                                    Vinicius Neder, do Jornal da Ciência, para a Agência SBPC.