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“Ciência em Ebulição” estreia com debate quente sobre biossegurança

Por Daniela Oliveira

A estreia da atividade “Ciência em Ebulição”, nesta segunda-feira (27/7) na Reunião Anual colocou em confronto dois especialistas em biossegurança, com posições opostas. O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edilson Paiva, e o professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Rubens Nodari  apresentaram argumentos favoráveis e contrários à liberação de alimentos transgênicos no país.

Para Edilson Paiva, primeiro a apresentar suas argumentações, o Brasil já está atrasado no que se refere à adoção de alimentos geneticamente modificados. O aumento da produtividade garantido pela tecnologia de transformação genética pode, a seu ver, garantir a segurança alimentar do país. “Estamos atrasados 10 anos em relação a outros países. Não podemos mais esperar uma situação de meio ambiente degradado e insegurança alimentar”, disse.

Já o pesquisador da UFSC Rubens Nodari deixou claro que sua posição não é contrária à tecnologia, mas sim ao modo como os produtos geneticamente modificados têm sido aprovados pela CTNBio. Segundo ele, a comissão não tem respeitado as exigências para liberação de transgênicos e não tem adotado o princípio da precaução, que na sua avaliação é a base da ciência.

Para Paiva, no entanto, a exigência de comprovação de risco zero e segurança absoluta é incompatível com a atividade científico-tecnológica. “Transformam o princípio da precaução no princípio da obstrução. Na dúvida, faça nada”, argumentou o agrônomo. Em resposta, Nodari rebateu: “Na dúvida, temos que usar a ciência para conhecer os riscos. A decisão para a dúvida deve ser mais ciência.”

Com relações aos riscos ambientais, Nodari destacou que o desenvolvimento de sementes transgênicas mais resistentes a herbicidas aumenta o risco de envenenamento alimentar e ambiental. Os cruzamentos sucessivos e as possíveis contaminações, explicou o pesquisador, podem prejudicar o desenvolvimento de inovações e melhoramentos e afetar a diversidade genética das espécies.

Além disso, na avaliação do professor da UFSC, a CTNBio se nega a considerar os possíveis danos à saúde humana causados pelo aumento da utilização do herbicida glifosato nas lavouras transgênicas. Edilson Paiva rebateu a acusação e afirmou que a tecnologia transgênica, ao contrário, diminui a necessidade de aplicações de herbicida.

Com a lavoura convencional, explicou o agrônomo, o agricultor necessita usar uma combinação de produtos e ampliar o número de aplicações. Já com a nova tecnologia, seria necessária apenas uma aplicação de glifosato. “Com essa tecnologia, demos flexibilidade e segurança. Ele [o agricultor] está adotando essa tecnologia não porque dá mais dinheiro, é porque diminui risco, custo, movimentação de máquinas. Não existe agricultor na face da terra que não vá querer usar esse tipo de tecnologia”, garantiu.

O presidente da CTNBio criticou ainda o fato de os argumentos contrários aos transgênicos sejam utilizados apenas quando se tratam de alimentos – e não no que se refere, por exemplo, a fármacos desenvolvidos com organismos geneticamente modificados.

A discussão foi mediada pelo diretor do Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa), Roberto Germano da Costa, que controlou o tempo de respostas dos participantes, de acordo com o formato previsto para o “Ciência em Ebulição”. Até sexta-feira, serão discutidas em sessões no mesmo formato mais duas temáticas: o estabelecimento de cotas nas universidades e mudanças climáticas.

 

 

 

 

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