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Pesquisadores defendem investimentos maciços na geração de etanol

Por Moacir Loth

Se não correr, o Brasil pode perder a corrida na produção de energia a partir da biomassa.  Esse é o alerta político que escapou em meio a palestras essencialmentes técnicas e científicas, apresentadas hoje (29/7), em Natal, na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na mesa redonda “Etanol de 2ª geração”.  Sob coordenação da pesquisadora Gorete Ribeiro de Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os palestrantes enfocaram temas específicos ao processo de produção de etanol utilizando bagaço e palha de cana-de-açúcar.

Esse combustível (etanol de segunda geração) deriva da celulose extraída do bagaço e da palha da cana. A biomassa é toda a matéria ou produto originário do reino vegetal. O professor Jakson de Moraes, da Escola de Engenharia de Lorena, ligada à USP, mostrou o “pré-tratamento como etapa essencial na obtenção do etanol de 2ª geração”. Elba P. S. Bon, do Instituto de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), enfocou as pesquisas realizadas há mais de 20 anos para melhorar os processos de fermentação para a produção do etanol sem gerar resíduos. Já Boris Juan Carlos Ugarte Stambuk, professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, abordou “a biodiversidade de novas espécies de leveduras” capazes de acelerar a fermentação.

Essas pesquisas estão sendo realizadas de forma interdisciplinar e mobilizando várias instituições, inclusive do exterior. O importante, alertou Elba Bon, é que tenham continuidade. “As atividades científicas não podem ser interrompidas. Quando isso acontece, agimos contra o País”, advertiu.  A favor da alternativa energética genuinamente brasileira, a pesquisadora assinalou tratar-se de uma “energia barata, fácil e abundante”. Correndo em raias paralelas ao pré-sal, Elba afirmou que “está passando da hora de o Brasil fazer a transição do petróleo para a biomassa”. Os pesquisadores defendem investimentos maciços na área. Segundo eles, a Europa e os Estados Unidos aplicarão R$ 5 bilhões até 2013. “O Brasil até hoje, somando tudo, cerca R$ 150 milhões nesse ramo estratégico do conhecimento”, lamenta Elba.

Os pesquisadores demonstraram ainda preocupação com os riscos de multinacionais tomarem à frente do processo, embora a ciência brasileira já tenha as respostas e domine o conhecimento relacionado à biomassa.

Boris Stambuk revelou que das 165 espécies de leveduras conhecidas, apenas algumas cumprem a função de incrementar o trabalho de fermentação da glicose. Mesmo produzindo 28 bilhões de álcool combustível por ano, Stambuk informou que o Brasil perdeu a liderança mundial para os EUA. “A vantagem nossa é que a indústria brasileira aprendeu a fabricar álcool a baixo custo”, acrescentou.

Com trabalhos científicos publicados em revistas indexadas e conhecimento acumulado em várias universidades, os pesquisadores brasileiros defendem uma política mais agressiva e permanente para o aproveitamento da biomassa em prol do desenvolvimento sustentável do País. “Não basta fazer a jogada, é preciso fazer o gol”, arremata a coordenadora do Instituto de Bioquímica da UFRJ.

 

 

 

 

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